53. Martina

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Vitto olhou pra mim franzindo o cenho.  

- É por causa da perda da nossa filha? - sua tristeza fez formar um nó em meu estômago.

- É por tudo.

Ele se aproximou de mim e me fez sentar na cama. Logo depois se ajoelhou aos meus pés e pôs-se a acariciar meu ventre como se o bebê ainda estivesse ali. Definitivamente eu não esperava por isso.

- Nossa filha. - sussurrou triste.

- O que está fazendo? - pergunto, trêmula e sem forças para afastá-lo.

- Minha pipoquinha. - eu sabia que ele estava arrasado também, seu lamento era angustiante.

Vitto pregou o rosto em meu ventre como sempre fazia, mas daquela vez a minha alma não aguentou.

- Minha pipoquinha. - repetia.

- Ela já não está  aí. - disse com a voz baixa e entrecortada.

- Me perdoa, meu bebê.

- Nossa filha não tem o que te perdoar, Vitto. Não foi culpa sua. Não foi culpa de ninguém.

Ele me encara com os olhos cheios de lágrimas.

- Se não me culpa, por que quer se separar de mim?

Levanto-me da cama e o deixo lá, ainda de joelhos. Afasto-me dele.

- Se levante, Vitto, por favor.

Vitto se levantou relutante. Com um gesto atormentado me pegou pelos braços e esmagou-me na parede mais próxima. Imobilizou-me com seu corpo enorme e monopolizou minha boca. Esse gesto me pegou totalmente desprevenida. Neguei-lhe a boca virando meu rosto, mas ele capturou-me a mandíbula, depois meu pescoço.

- Solte-me, Vitto.

Mas ele voltou a insistir em meus lábios sem nem se mexer com os movimentos que eu fazia pra me livrar dele. Beijava-me como um louco. Vitto exigia com lábios e dentes que eu abrisse a boca, mas estava irredutível. Eu não iria cair no mesmo erro de tantas vezes. Quando me rendia totalmente a ele quando me beijava, mesmo quando não éramos nada um do outro.

Eu lutei e tratei de me soltar, mas ele me impedia.

- Diga que me deseja. - sussurrava em meus lábios. - Diga que me ama e que isso é uma brincadeira.

Eu não queria beijá-lo. Pois sempre quando isso acontecia perdia a capacidade de respirar, de falar, de raciocinar.

- Pare, Vitto. Por favor, pare. - digo com a voz entrecortada, com a respiração ofegante.

- Eu te amo, Pipoca. Você é minha, meu amor. Minha... - beija meu pescoço. - Minha...

- Não sou sua e quero que me solte agora. - minha voz sai firme, áspera.

Ele me encara e, enfim, me solta. Ele anda pelo quarto como se fosse uma fera enjaulada. Logo se aproxima, mas não me toca.

Casamento por amor? - FINALIZADOOnde histórias criam vida. Descubra agora