Vitto olhou pra mim franzindo o cenho.
- É por causa da perda da nossa filha? - sua tristeza fez formar um nó em meu estômago.
- É por tudo.
Ele se aproximou de mim e me fez sentar na cama. Logo depois se ajoelhou aos meus pés e pôs-se a acariciar meu ventre como se o bebê ainda estivesse ali. Definitivamente eu não esperava por isso.
- Nossa filha. - sussurrou triste.
- O que está fazendo? - pergunto, trêmula e sem forças para afastá-lo.
- Minha pipoquinha. - eu sabia que ele estava arrasado também, seu lamento era angustiante.
Vitto pregou o rosto em meu ventre como sempre fazia, mas daquela vez a minha alma não aguentou.
- Minha pipoquinha. - repetia.
- Ela já não está aí. - disse com a voz baixa e entrecortada.
- Me perdoa, meu bebê.
- Nossa filha não tem o que te perdoar, Vitto. Não foi culpa sua. Não foi culpa de ninguém.
Ele me encara com os olhos cheios de lágrimas.
- Se não me culpa, por que quer se separar de mim?
Levanto-me da cama e o deixo lá, ainda de joelhos. Afasto-me dele.
- Se levante, Vitto, por favor.
Vitto se levantou relutante. Com um gesto atormentado me pegou pelos braços e esmagou-me na parede mais próxima. Imobilizou-me com seu corpo enorme e monopolizou minha boca. Esse gesto me pegou totalmente desprevenida. Neguei-lhe a boca virando meu rosto, mas ele capturou-me a mandíbula, depois meu pescoço.
- Solte-me, Vitto.
Mas ele voltou a insistir em meus lábios sem nem se mexer com os movimentos que eu fazia pra me livrar dele. Beijava-me como um louco. Vitto exigia com lábios e dentes que eu abrisse a boca, mas estava irredutível. Eu não iria cair no mesmo erro de tantas vezes. Quando me rendia totalmente a ele quando me beijava, mesmo quando não éramos nada um do outro.
Eu lutei e tratei de me soltar, mas ele me impedia.
- Diga que me deseja. - sussurrava em meus lábios. - Diga que me ama e que isso é uma brincadeira.
Eu não queria beijá-lo. Pois sempre quando isso acontecia perdia a capacidade de respirar, de falar, de raciocinar.
- Pare, Vitto. Por favor, pare. - digo com a voz entrecortada, com a respiração ofegante.
- Eu te amo, Pipoca. Você é minha, meu amor. Minha... - beija meu pescoço. - Minha...
- Não sou sua e quero que me solte agora. - minha voz sai firme, áspera.
Ele me encara e, enfim, me solta. Ele anda pelo quarto como se fosse uma fera enjaulada. Logo se aproxima, mas não me toca.
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Casamento por amor? - FINALIZADO
RomanceDois casamentos Marcella e Theo Martina e Vitto