Casamento por amor? - FINALIZADO

17. Theo

Marcella não fala nada. Apenas me abraça.

- Minha menina, estou começando a ficar preocupado. - falo com certa angústia.

Então ela me olha com os olhos brilhando em lágrimas e sorri.

- Acho que estou com saudade da Itália.

Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, Marcella cobre minha boca e começa a dar pequenos beijos até que eu a abro pra ela. Sua língua deliciosa invade minha boca buscando a minha e quando elas se conectam, um beijo quente e apaixonado inicia. Passo uma mão em sua nuca e a outra por sua cintura puxando-a pra mim. Aproximo-nos ao máximo que posso apesar de estarmos na cadeira do avião. Quando o fôlego nos falta, encostamos nossas testas. Olho pra ela e sorrio.

- O que você está fazendo comigo, menina?- ela sorri com aquele jeitinho doce.

- Acho que o mesmo que você faz comigo. - ela beija minha boca e se afasta. Como se me analisasse. Marcella passa o dedo indicador pelos meus lábios. - Eu adoro a sua boca. - dou uma gargalhada.

- A minha boca? - indago divertido.

- É... A sua boca. - repete. - Ela é linda. - continuo sorrindo, então beija novamente. - Além dela me proporcionar beijos incríveis... - gargalho mais uma vez. - Dela só sai coisa boa.- Marcella fica séria e seu olhar se torna profundo. - Nunca ouvi você ofender ou humilhar ninguém enquanto trabalhava pra você. Você nunca usou seu cargo pra diminuir quem está abaixo de você.

- Porque ninguém está abaixo de ninguém, Marcella. - falo sinceramente. - Somos todos iguais. Pra mim não importa se o cara é o presidente do país, ou o embaixador, ou o motorista, ou a copoeira.

- Ou a secretária. - ela fala e sorri.

- Ou a secretária. - repito também sorrindo. - Todos merecem o mesmo respeito. Não me acho melhor que ninguém porque no momento estou sendo o embaixador. Títulos, riquezas passam. A essência é que fica. Sou feito de carne e osso como qualquer pessoa. Eu sofro, luto, sorrio, amo como qualquer pessoa. - pego a mão dela e coloco em meu coração. - O que está aqui é o que importa.

- Eu sei. É por isso que tenho tanto orgulho de você. Do homem maravilhoso que você é. - Marcella acaracia meu rosto. Fecho os olhos desfrutando seu carinho. - Assim que te conheci, admirei sua postura como embaixador. Mas quando comecei a trabalhar com você, passei a admirar o homem que você é. E eu quero que você saiba, Theo, que eu me sinto muito feliz em ser sua esposa. - aquelas palavras tocam mais a minha alma do que Marcella possa supor. - E muito orgulhosa por dividir a minha vida com alguém tão especial como você.

- Eu é que sou o sortudo aqui, Marcella, por ter me casado com uma mulher maravilhosa como você. - ela sorri sem graça. - Você é tão linda. - passo o nariz por seu rosto e aproveito pra inalar seu cheiro. - Tão doce. Você é luz, minha menina. Perfeita aos meus olhos. - beijo seus lábios com suavidade. - Eu não te mereço, mas não te largo mais.

Nos encaramos e como se estivéssemos conectados, nossos lábios se procuraram. Nosso beijo foi suave, cheio de muito carinho. Aquela simples conversa abalou com meus alicerces. Eu queria gritar que a amo, mas me obriguei a resguardar esse sentimento pra não assustá-la.

Nosso beijo acaba e nos olhamos com ainda mais carinho. Ficamos assim um tempo. Apenas transmitindo pelo olhar e com leves carícias, e eu pedia a Deus que Marcella sentisse meu amor por ela, mesmo que não entendesse o que de fato era.

- Você tem os olhos mais lindos do mundo. - digo e ela gargalha. - Ei, o que foi? - indago, sorrindo.

- Os meus olhos são os mais bonitos do mundo? - pergunta incrédula com aquele sorriso lindo. - Conta outra, Theo, eu sei que você é um cavalheiro, mas não precisa exagerar. Eu tenho os olhos mais comuns do mundo isso sim. Seus olhos que são lindos. Os azuis mais lindos do mundo. Só meu irmão puxou os olhos azuis da família de papà e eu não. Isso é muito injusto. - fala com falsa irritação.

Eu sorrio achando-a ainda mais linda.

- Sabe no que eu pensei quando olhei no fundo dos seus olhos pela primeira vez? - ela nega com a cabeça. - Pensei em brigadeiro. - ela me olha desconfiada e logo gargalha. Beijo o rosto dela. - Meus lindos olhos de brigadeiro. - beijo cada pálpebra. - Lindos e doces.

O sorriso dela se expandiu. Marcella aperta minhas bochechas fazendo minha boca parecer a de um peixe.

- Tá vendo que eu tenho razão em achar essa boca linda. - ela me dá um beijo estalado na boca depois solta minhas bochechas. - Ela só diz coisas lindas. - fala aos risos.

Tão gostoso sentir essa interação entre nós. Esse carinho pairando no ar.

- Em comemoração ao meus olhos de brigadeiro... - sorrio. - Vou fazer brigadeiro pra você quando chegarmos em Buenos Aires.

Então o passado volta com tudo. E meu coração se aperta. Queria que minha mãe tivesse conhecido a minha esposa, a mulher que eu amo. Queria tanto que os meus pais estivem compartilhando comigo a minha felicidade. E pela primeira vez eu pensei em meus pais não com dor, mas com uma saudade boa. Tenho certeza que meus pais a aprovariam, amarriam essa linda e doce mulher que eu tenho em meus braços nesse exato momento. Eles a amariam porque nunca estive tão feliz. E isso era por causa de Marcella. Minha felicidade tem nome e agora o meu sobrenome: Marcella Resende.

- O que foi, Theo? - olhei pra ela, nem tinha percebido que meu olhar tinha se tornado distante. Marcella parecia preocupada.

Sorri ainda saudoso.

- Minha mãe fazia brigadeiro pra mim.

- Me desculpe, Theo, eu não sabia. - fala visivelmente constrangida. - Me desculpa mesmo. Eu não tive a intenção de te deixar triste.

- Ei, pequena. - acariciei o seu rosto. - Não fiquei triste. - seguro o rosto dela com as mãos em concha. - Pela primeira vez pensei em meus pais não com dor, mas com uma doce saudade. Queria que eles estivessem aqui pra poderem ver a felicidade que eu estou vivendo. Pra poderem conhecer a mulher linda que é a minha esposa. - dou um longo suspiro. - Obrigado, Marcella. - seus olhos marejam.

-Obrigada por me fazer tão feliz também. - ela diz com a voz embargada.

Beijo levemente seus lábios. Eu preciso dizer que a amo. Estou louco pra dizer isso a ela.