54. Vitto

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- Eu te amo, Vitto. - ela diz novamente. 

Eu ouvi aquela declaração tantas vezes, mas aquela fora diferente de todas as outras. Quando Martina dizia que me amava geralmente era depois de pular em cima de mim, me dar um beijo de arrancar meu fôlego e sorrir como se fosse a menina mais sapeca do mundo. Aquilo me dava uma euforia fora do normal. Depois que nos casamos, ouvir eu te amo dela era como se uma luz tivesse iluminando a minha vida e aquecendo a minha alma. Mas agora, ouvir essas palavras encheu de dor a minha alma, pois tinha sabor de adeus.

- Martina... - digo ainda agarrado a ela como se a minha vida dependesse disso e de fato dependia.

- Eu amei você desde sempre. - ela fala com os olhos marejados. - Eu amei quando nem mesma sabia do meu sentimento. - ela funga. - Eu amei quando cresci e entendi que era você que eu queria pra minha vida toda. E olha que eu descobri isso muito cedo. - ela ri sem humor. - Eu amei quando você chegava com as suas namoradas e na minha inocência eu afugentava todas elas. Você odiava. - ela ri de novo, mas isso não chegava aos olhos. - Eu amei quando me descobri mulher. Eu amei tanto você, Vitto. Eu amo. Amo tanto. E... - ela enxuga as lágrimas que caem e sem perceber estou chorando também. - E a verdade é que eu sempre fiz todos os planos da minha vida baseados em você. Em cima de uma ilusão que eu mesma criei. Quando o Vitto me amar. Quando o Vitto me namorar. Quando o Vitto se der conta de que eu sou a mulher da vida dele. Quando o Vitto se casar comigo. A minha vida todinha sempre foi você. Parece que eu esqueci de mim. E eu não quero mais esquecer de mim.

- Meu amor... - começo, mas ela continua.

- Eu preciso viver por mim mesma, entende?

- Martina, eu te amo.

- Me desculpa, Vitto, mas eu não acredito nisso.

- Como você pode não acreditar no meu amor, Martina? - afasto-me dela.

Ando de um lado para o outro dentro daquele quarto. Estou com raiva. Estou indignado. 

- O nosso casamento foi uma pressão muito grande pra você. Eu engravidei e você se viu na obrigação de reparar. Seja pela gravidez ou por pensar que seu pai estava doente.

Paro e me aproximo novamente.

- Pelo amor de Deus, pode ter começado assim, mas mudou, Martina. Eu entendi que todas as vezes que repelia você não era porque te via como uma irmãzinha. mas porque eu tinha medo. Medo de te magoar, de te decepcionar. Eu podia fazer isso com qualquer mulher, mas com você não. Eu ficava puto da vida quando via você com algum garoto da sua idade. Só de pensar nele te abraçando ou beijando. - seguro-a e cheiro o seu pescoço. - Eu ficava louco. Eu sentia uma falta do caralho quando você não me beijava mesmo que eu reclamasse que você o fizesse.

- Você estava disposto a casar com a Antonela, Vitto.

- Estava. Porque queria mostrar ao meu pai que assumiria a Cantina. Ele não estava muito confiante da minha decisão e achei que casando, criando laços aqui ele daria mais crédito e não se preocuparia.

Ela dá um longo suspiro.

- Acredite no meu amor, por favor. Eu te disse antes e eu volto a dizer: você é a mulher da minha vida. - encosto meus lábios ao seus com força. - Fui idiota em perder tanto tempo. Eu não posso mudar o passado. Mas o agora é o que importa. E eu te amo mais que a minha própria vida.

Casamento por amor? - FINALIZADOOnde histórias criam vida. Descubra agora