1. Marcella

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Eu caminhava com passos firmes pela Avenida Alvear em direção à Embaixada Brasileira. Desde pequena eu adoro essa avenida. Seus  belos e luxuosos palácios em estilo francês do século XX, impondo respeito e glamour de forma despretensiosa. Eu estava no último ano da faculdade de administração e sonhava em alugar um espaço bem aqui e montar a minha loja onde seriam vendidas as mais elegantes grifes do mundo. Mas enquanto o sonho era somente sonho, eu estava a caminho de uma entrevista de emprego na embaixada. A moça que me ligou disse que era pra vaga de assistente, mas era o bom e velho cargo de secretária. Dizem assistente só para a pessoa se sentir mais importante. Palavras de papà.

Eu não tenho experiência nenhuma na área, mas eu tenho diferencial, eu realizo com louvor tudo que me mantenho focada. Sou obstinada. Além disso sou filha de brasileira, então tenho nacionalidade brasileira. Falo muito bem o português. Meu terceiro idioma, pois sempre passava férias na cidade natal de minha mãe, ou mamma, como papà sempre nos ensinou a chamá-la. Também falo italiano fluentemente, minha segunda língua. Papà, um italiano orgulhoso de suas origens, fez questão de nos ensinar, a mim e a Vitto. Então, também tinha nacionalidade italiana. 

Eles que ganharão me contratando, falo pra mim mesma.

Tudo bem... É um pouco de pretensão da minha parte, mas se eu não for a primeira a acreditar em mim, quem será?

Paro em frente a Embaixada Brasileira. O prédio é imponente e eu me sinto pequenininha. 

Olho minha roupa

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Olho minha roupa. Uma saia lápis cinza até o joelho e uma blusa branca social. Sapatos de saltos altos pretos. Uma trança folgada, mas extremamente arrumada. Maquiagem leve. Bolsa de mão. Eu estava aparentando ter bem mais que os meus 23 anos. Modéstia à parte, mas eu estava arrasando.

Dou um longo suspiro e entro confiante. Passo minha documentação à recepcionista e aviso que estou ali para entrevista de assistente. A moça fala em português e apesar de não ser brasileira, seu português é muito bom. Ela é bastante agradável e com um sorriso me entrega o crachá e me deseja boa sorte.

Sigo meu caminho para a sala indicada. Subo a exuberante escadaria que me levará até a ante-sala de um dos advogados brasileiros. Ao chegar à ante-sala, meu coração pesa. Existe ali no mínimo trinta pessoas, entre moças e rapazes. As mulheres parecem mais velhas e bem mais profissionais que eu. 

Céus! Minha confiança começa a se abalar um pouco. Um pouco não, a queda da minha confiança foi feia, mas eu não sou de desistir. Olho ao redor, mas não há ninguém atrás da mesa que suponho ser da secretária, então aguardo num canto da sala.

- Oi. - um rapaz bonito se materializa ao meu lado segurando um copo de café, eu apenas sorrio, educada. - Está aqui pra vaga de assistente? - assinto, mas sem dar muita bola. Não quero ninguém flertando comigo na minha entrevista de emprego, nada tira meu foco hoje . - Eu também. Tá a maior confusão aqui. Eu fui o primeiro a chegar. - reviro os olhos internamente, essa conversa já está me dando nos nervos. - A secretária do embaixador saiu aos prantos. - Viro-me pra ele. Agora ele tem minha atenção. - Gracas a Deus a vaga não é pra assistente dele. O homem deve ser um pé no saco. Eu sou o Thomás. - ele estende a mão.

Casamento por amor? - FINALIZADOOnde histórias criam vida. Descubra agora