- Casada? - ele assente. - Com o Vittorio? - o rapaz assente novamente.
- Sim, senhora. Aqui consta que a senhora é casada com o senhor Vittorio Colluci. - ele reitera.
- Mas... Mas... - começo a gaguejar. - Eu me divorciei dele. - o rapaz dá um sorrisinho.
- Pelo visto não, senhora.
Olho pra minha mãe, ainda atordoada.
- Mãe...
Ela olha pra mim e sorri largamente.
- Ele não prosseguiu com o divórcio. Eu assinei tudo. Deixei uma procuração pra ele resolver tudo e ele não o fez, mãe. Por que?
- Será mesmo que você não sabe essa resposta, minha linda? - ela fala, simplesmente.
Lágrimas vêm embaçar a minha visão. E uma certeza absoluta toma conta do meu ser. Ele me ama. Como eu o amo. Sempre o amei. Nunca fui capaz de resistir a ele, provavelmente por isso achei melhor fugir. Nosso passado e presente colidem.
- Ele me ama. - afirmo em meio às lágrimas.
- Ama, meu amor. Como você o ama.
Não paro de rir e chorar. O rapaz da embaixada que me atende deve estar me achando uma louca.
- Eu preciso voltar pra Buenos Aires, mãe. - ela assente sorrindo.
Saímos da embaixada e voltamos pra casa. Ligo o computador pra comprar uma passagem.
- Compre a minha também. - dona Leda fala.
- Mãezinha... - a chamo e ela vem pra perto de mim. - Eu sei que você sempre esteve comigo. Nos momentos que eu mais precisei. Me acompanhou de um lado para o outro. Mas agora eu preciso fazer isso sozinha. - ela sorri de modo compreensivo. - Eu preciso ir sozinha. Eu preciso correr atrás do que eu quero. Além do mais, eu não sei o que me espera. Eu não sei como o Vitto vai me receber. Eu nem sei se ele está com alguém. Mas eu preciso enfrentar a incerteza sozinha.
- Eu entendo, minha linda.
- Além disse eu sei que a senhora tá de namoro com um tal Marco Barbieri.
- Que história, Martina. - ela diz se levantando, visivelmente constrangida.
Vou atrás dela.
- Mãezinha. - seguro sua mão. - A senhora tem o direito de ser feliz.
- Minha felicidade é você, filha.
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