4. Marcella

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- Entre, Malu. - O Sr. Resende abre a porta e sua voz soa grave.

Ele fala com a loira irritantemente linda, mas seus olhos não desviam dos meus. Antes que ela possa entrar, me encara com olhar de triunfo. Logo o embaixador entra atrás dela e fecha a porta. Fico sem chão. Volto pra trás da minha mesa e sento.

- Quem é essa mulher, meu Deus? - sussurro.

Me perco em pensamentos e olho insistentemente para a porta fechada. O que devem estar fazendo? O que ela é dele? Por que a maldita tinha que ser tão linda? Será que são namorados? Ou noivos?

- Oh, céus! - sussurro em pânico.

Esfrego minhas têmporas com as pontas dos dedos.

- Claro que eles são alguma coisa bem íntima. O sr. Resende não a receberia sem hora marcada se não fossem... se não fossem... - não consigo dizer nada. - Com certeza não tenho chance nenhuma com ele em comparação com essa beldade.

Levanto abruptamente da cadeira.

- Você está louca, mulher? - pergunto-me irritada comigo mesma. - Você não teria chance com ela com ou sem beldade loira.

Fico um tempinho olhando em direção da porta. Sem ação nenhuma. Mas com uma enorme expressão de raiva.

- Meu Deus, eu cheguei no céu e ninguém me avisou? - ouço uma voz masculina adentrando a ante-sala.

Viro pra ele e faço a melhor expressão de desdém que posso. Cantada mais idiota.

- Parece que hoje abriram as portas do inferno. - digo mais pra mim mesma, mas ele escuta e gargalha. Eu reviro os olhos e me sento. - Pelo visto a entrada hoje foi liberada. - reclamo. - O senhor seria? - tento ser educada, mas ele percebe o mau humor em que me encontro e não se abala, pelo contrário, ri.

- Quem eu sou é o de menos. Quero mesmo saber quem é esse anjo endiabrado? - reviro os olhos de novo.

- Não está claro? Sou a assistente do embaixador, óbvio.

- Mas que sublime informação. Quer dizer que eu serei brindado com a visão do paraíso toda vez que vier aqui? - eu bufo e isso faz com que ele se divirta mais.

- Senhor, eu estou trabalhando e não estou nenhum pouco inclinada a aturar cantadas baratas. O senhor vai me dizer ou não quem é?

Não posso negar. Ele é lindo. E parece divertido. Mas a loira aguada me irritou profundamente fazendo meu humor chegar ao quinto dos infernos. 

Ele sorri pra mim e antes que possa responder, a porta se abre e a loira desagradável sai de lá.

- Saulo? - ela sorri, mas não parece ser um sorriso verdadeiro.  - Que surpresa tão agradável.

Mentirosa. Falsa. Dissimulada.

O tal Saulo não se abala com a falsidade e expõe seu mais sedutor sorriso.

- Digo-lhe o mesmo, Malu. Não pode haver maior surpresa em dar de cara com você. Aqui. No trabalho do meu irmão.

Irmão?

Casamento por amor? - FINALIZADOOnde histórias criam vida. Descubra agora