Hope.

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P. O. V. Frank

É pior do que uma facada. O sonho arrancado das suas mãos com apenas uma afirmação, o brilho de felicidade me saiu do corpo e da cabeça no mesmo instante em que ele afirmou que não faria mais. Quando eu descobri que seria pai em dobro eu fiquei feliz, não só feliz, muito feliz. Seriam minhas garotinhas? Meus garotinhos? Seria uma menina e um menino?
Seria.
Então eu vou continuar sozinho. Eu perdi meus bebês, dói imaginar meu futuro sem eles, por que está fazendo isso comigo, Gerard?
Um copo de whisky, pra um pai perdendo os filhos diante de seus olhos, sem poder fazer coisa alguma. Não querendo admitir nem pra si mesmo que eu quero que Gerard fique, não quero que isso acabe assim.

- Pode me deixar aqui. - Sua baixa voz me faz parar o carro sem deixar de olhar pra frente. - Me desculpa, de verdade. Obrigado por tudo que fez por mim.

- Fiz por eles.


A breve e curta frase infelizmente nunca se tratou de ser verdade, em momento algum eu estava sendo egoísta, eu sempre pensava em Gerard também. Como eu deveria me sentir em relação ao outro pai dos meus filhos? Não era pra ser assim, porque ele é tão firme em não entregar seus sentimentos e pelo menos tentar algo comigo? O problema são os bebês ou eu?


- Passar bem, volto pra pegar minhas coisas. - Ele sai do carro depressa e suspiro.

Eu queria ser como um verdadeiro alfa e não chorar, deixar passar e fingir que nunca aconteceu. Mas eu estou afetado e fingir que não estou só me machucaria mais, eu estou destruído.
Encosto a testa no volante e começo a chorar, infelizmente eu não sou tão forte quanto eu queria ser.
A ideia de ter uma família não é grande coisa quando a chance não está prontamente em suas mãos, mas quando ela está, tudo se torna diferente. Perder a chance de ter uma família é ruim, ainda mais quando você tem esperado tanto.

P. O. V. Gerard

Estou com raiva, desse destino filho da puta que me sacaneou, sem mais nem menos. Eu nunca desejei ser mamãe, pelo contrário, Vivi por elas já que estavam ocupadas demais cuidando de seus filhos. Agora eu, carregar dois bebês que sequer são meus por mais quatro meses? Não, essa é a minha última chance de acabar com isso.
Pego a chave debaixo do tapete de entrada e entro, suspiro alto me jogando dramaticamente no sofá da sala de estar, coloco a mão em minha barriga e reviro os olhos.

- Se eu fosse pró-armas, você já estaria morto. Entrando assim de repente, quer me matar de susto? - Bert diz sem largar a panela enquanto mexe com a colher de pau.

- Brigadeiro, eu quero. - Respondo sem animação.

- Quer mesmo? Essa sua cara não entrega.

Bert retrocede à cozinha e deixa a panela no fogão, volta e se senta no outro sofá retirando seu avental customizado com sua própria arte. Me sento adequadamente e balanço os pés.

- São... Gêmeos. - Digo e ele fica boquiaberto.

- G-gêmeos? Meu Deus, que genética filha da puta! - Ele sorri quase pulando de alegria. - Meus parabéns ao Frank.

- Eu não vou mais fazer isso, eu não esperava que fossem dois, Bert. - Corto sua alegria e ele me fita com indignação.

- Não, não pode fazer isso, olha o tamanho da sua pança. Vai matar dois bebês, Gerard?

- Não são bebês, Bert.

- Você vai fazer três meses, claro que são. E outra, Frank estava contando com você, ele sabe que você vai se desfazer dos filhos dele? E o seu dinheiro? - McCracken tenta me convencer mas cruzo os braços emburrado.

Alguém interrompe piamente nossa discussão com batidas na porta, sinalizo para Bert se fingir de morto e ele ri escandalosamente afirmando um "não". Cerro os dentes, deve ser um daqueles amigos insuportáveis dele.
Permaneço sentado sem animação e escuto uma voz familiar, essa que me causa arrepios só de sua imagem se materializar em minha mente. Jeph.

- Não pode entrar assim na minha casa, idiota. - Bert grita seguindo ele.


Howard para na entrada do cômodo e me viro franzindo o cenho, o que ele quer aqui?
Seus olhos seguem até minha barriga e balança a cabeça negativamente, fico sem entender nada. Bert aparece furioso.


- O que você quer aqui, hum? - Meu amigo pergunta.

- Um amigo meu disse que Gerard estava aqui e então vim conferir, então você seguiu mesmo com essa loucura né? - Ele sorri debochado.

- O que você tem haver com isso? - Cruzo os braços o fitando sério.

- Vai dizer que não tem saudades, sabe...de mim e... - Ele diz e não me seguro pra começar a rir.

- Saudades? De você e desse seu... pauzinho? - Rio e ele se enfurece. - Some daqui, Jeph.

- Vai se arrepender. - Ele sai furioso e Bert começa a rir.

Sorrio pra ele que se senta ao meu lado, Bert adora essas tretas.

- Vocês não mudaram. - Diz e pega a minha mão. - Gee, eu sei que você nunca quis ter filhos e nem criar uma família de comercial de margarina, mas pensa no dinheiro e em Frank. Você disse à ele que seria sua barriga de aluguel e agora está voltando atrás? Onde está a palavra do Way?

McCracken sempre me convencendo com seus discursos de "Não faça isso", no final ele sempre está certo, faz até com que eu me sinta uma criança extremamente infantil.

- Você tá certo. - Digo curvando os lábios. - Eu vou falar com ele, mas o valor terá que aumentar, duplicar pelo menos. - Digo decidido.

- Isso. - Ele diz animado e me contagio. - Vamos comer brigadeiro e você vai me contar o que vai comprar com seus bolos de dinheiro.


Rio e concordo, no final acabamos comendo o brigadeiro e conto sobre minhas idéias de como gastar o dinheiro, Bert me dá sugestões e fico cada vez mais animado com a possibilidade.
Após bater um papo reto com Bert, decido que vou sucumbir à proposta. Quanto mais bebê, mais dinheiro, né? Com sorte eu consigo mais dinheiro e coloco silicone atrás, faço umas cirurgias e viro modelo, é um bom futuro pra alguém como eu.
Peço um táxi e espero pensando em uma conversa direta com o alfa família.

It's My Baby - FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora