FRAGILE | ✓

cinquenta e dois

ITÁLIA, PALERMO

VALENTINA MONTANARI

ATUALMENTE.

No arquivo contém fotos e alguns contratos assinados por Adam e por Schneider. Não tem como isso ser possível. Ele não faria isso.

Na foto, a data é do dia em que o rastreador de Adam constou que ele estava na França.

Mas ele me garantiu que não pisou lá.

Ele não iria mentir pra mim. Iria?

Por qual motivo ele faria isso?

Eu não deveria ter aberto esse arquivo. Não deveria. Não queria ter dúvidas em relação a Adam.

Ele é um irmão pra mim, só preciso de uma conversa com ele. Ele irá me explicar tudo.

Pego meu celular e ligo para ele. Como sempre, só chama. Inferno!

Resolvo sair, preciso espairecer, nada melhor do que começar a caçar Maltino. Saio de meu escritório indo em direção ao meu carro. Meu seguranças já estão de prontidão a minha espera.

Nosso caminho é rápido, chegamos logo no sub10.

Subo para minha sala sem falar com ninguém. Tudo que eu vi nos arquivos não sai da minha cabeça. Mas não faz sentido. Eu não posso cair na conversa de Giovanni, ele nunca gostou de Adam. Deve ser alguma jogada dele. Só não sei porque. Talvez pra me afastar dele.

Eu sinceramente não sei exatamente mais o que pensar. Inferno!

×××

Horas depois ainda não consegui entrar em contato com Adam e isso me preocupa. Muito. Resolvo ligar para Anne, talvez ele tenha ido a Alemanha resolver alguma coisa e não me avisou.

Me levanto da cadeira pensativa. São tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo que nem tive muito tempo pra pensar na noite passada. E em tudo que ela pode me trazer de ruim.

O que aconteceu entre eu e Giovanni não significou nada pra mim, mas talvez pra ele sim, talvez no fundo ele ache que agora possamos ter algo. Foram 3 anos juntos sem nenhum tipo de contato e agora isso.

Não posso dizer a ele que estava drogada, porque nem ele sabe dessa parte da minha vida. Nunca confiei o suficiente nele para falar sobre isso.
Na verdade, nunca confiei nele pra falar sobre nada.

É incrível como eu sinto que alguma coisa séria está pra acontecer. Eu preciso encontrar Maltino. A última vez que ele foi visto ele estava na França, depois disso, sumiu do mapa. Nenhum único sinal de vida.

Eu o pegando chego finalmente no meu tão sonhado traidor. Mal posso esperar por esse momento.

Me sento novamente em minha cadeira olhando se os novos armamentos for entregues, tivemos que mudar de fornecedor, já que eu matei o antigo. Chega a ser engraçado.

Continuo verificando tudo quando escuto uma batida na porta.

— Entre! — falo já esperando a pessoa entrar. Fico aliviada a ver quem é. Adam. — Eu estava querendo falar com você mesmo. Onde você se meteu? — pergunto enquanto ele vem em minha direção se sentando.

— Resolvendo uns problemas. Por que? Você está estranha. — ele diz, colocando a mão em seu queixo, como se estivesse pensando.

— Andaram acontecendo algumas coisas... Precisava falar com você com certa urgência. — digo o observando. Ele está estranho. Mal olha em meus olhos. — Mas e você, onde estava? Anda sumindo muito. — falo tentando tirar algo dele.

— Alemanha, minha máfia também precisa de monitoramento. — ele fala mentindo na cara dura. Ele não estava por lá, eu liguei pra Anne, ela me disse que fazia semanas que ele não pisava lá. Ele não pode esta me escondendo nada. Eu não posso está errada sobre ele.

— Você está mentindo! — falo. Preciso ver sua reação. Ele me observa, sem demonstrar nada. — Só preciso entender porque você está fazendo isso. — ele continua calado, nem se quer se mexe. Seu olhar está longe.

— Eu só preciso que você confie em mim. Simplesmente. — ele diz se levantando, claramente nervoso.

— Por que você está me pedindo isso? Tem algo acontecendo que eu não sei? Me fale o que é! Posso ajudar de alguma forma. Nunca tivemos segredos entre nós Adam. Agora você anda sumindo e do nada aparece. Eu preciso de ajuda e você sempre some. — falo realmente cansada de tudo isso.

Cada vez que ele fala, parece piorar a situação para o lado dele.

— Você está querendo dizer algo com isso? — ele me pergunta, se virando em minha direção.

— Não... Só é estranho quando eu preciso de você, você nunca está por perto. — ele me olha machucado.

— Só pode ser brincadeira sua. Não acredito que você está achando que eu tenho alguma coisa a ver com o que vem acontecendo! — ele diz vindo na direção da minha mesa batendo a mão com tudo nela. — Não admito que você suspeite de mim! Eu estive do seu lado em todos os momentos, e continuarei.

— Eu sei disso Adam, mas você está me deixando no escuro e eu estou cansada de sempre está no escuro. Eu só preciso que você me diga o que está acontecendo. Pra onde você tanto vai? E por que você estava entrando em contato com Schneider? — Despejo tudo de uma vez. Ele me olha agora incrédulo.

— Como você sabe disso? — ele me pergunta ainda sem acreditar que eu descobri.

— Então é verdade? Eu realmente estava achando que fosse mentira Adam! Como você pode fazer isso comigo? — pergunto me sentando na cadeira decepcionada. Nunca imaginei que ele fosse capaz de me prejudicar.

— É verdade sim... Mas tudo tem uma explicação. Eu só preciso de um pouco de tempo para poder te contar tudo. Só por favor, confia em mim. É tudo que eu te peço. Você me conhece, sabe que jamais eu iria machucar você. — ele me diz saindo de seu lugar e vindo para o outro lado da mesa. Ficando de frente pra mim. — Eu só preciso disso. — ele diz pegando em meu rosto. E tudo que vejo em seu olhar é verdade. Ele nunca me deu motivos para desconfiar dele. Eu não posso simplesmente cair em provas rasas.

— Eu confio em você! Não sei exatamente do que você precisa para me contar tudo que você descobriu, mas espero que não me decepcione. Porque eu te tenho como um irmão. Não sei se aguentaria mais uma rasteira da vida. — falo tocando em sua mão. Ele me dá um sorriso sincero.

— Sabia que podia contar com você! Eu vou precisar de um tempo fora, duas a três semanas, e aí sim, voltarei com provas concretas para você. — ele fala voltando para seu lugar. — Como você conseguiu os arquivos que mostram que eu estava entrando em contato com Schneider? — ele me pergunta.

— Giovanni que me enviou. Muitos arquivos, não olhei todos, mas se quiser verificar posso te enviar. — digo enquanto ele reflete com uma aparência furiosa.

— Esse filho da puta quer nos afastar! É a única explicação. Só precisamos saber porque. Tome cuidado com ele. — ele diz pensativo.

— Por que você diz isso? Ele é inofensivo pra mim.

— Só toma cuidado. Quando eu voltar tudo será resolvido, assim eu espero. — ele diz mexendo em seu celular. — Eu consegui rastrear Maltino, por isso voltei. Não vou poder ir atrás dele. Mas você sim. Acabei de te enviar o endereço. Cuidado com quem você vai levar. Escolha os que você mais confia e não diga ao seu marido sobre. — ele me diz enquanto se levanta. — Eu preciso ir.

— Tomarei cuidado. Dessa vez ele não me escapa. Estamos perto de descobrir tudo. — digo me levantando. — Você não vai me dizer mesmo pra onde vai?

— Melhor não. Mas sempre que puder entrarei em contato com você por nosso e-mail. O olhe sempre. — ele diz seguindo para a porta. — Se cuide ruiva!

Ele sai me deixando pra trás, intrigada, mas confiante que as coisas podem realmente começar a dá certo. Eu confio nele. E nada mais importa.