cinquenta e oito (parte um)

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INGLATERRA, BRIGHTON

PETRUS FORCHHAMMER

ATUALMENTE.

Olhando para o prédio na minha frente, eu sei que tudo irá mudar. Eu sei que Adam irá me me dá uma nova perspectiva sobre minha própria vida. Por esse motivo entro no hotel sem hesitar indo em direção ao quarto que ele disse que estava.

Bato na porta e espero pacientemente ele abrir, o que não demora muito.

— Poderia dizer que estou surpreso... Mas no fundo, eu sabia que você viria. Entra — ele fala me dando espaço para entrar. — Você quer beber algo? — pergunta já pegando algo para ele em uma mesinha cheia de bebidas de todas as marcas.

— Não... Apenas que você me conte tudo que você sabe sobre mim. — falo já me sentando em uma cadeira próxima a janela. Ele me olha ainda meio incrédulo. Percebo isso em seu olhar.

- É tão estranho está tão perto de você assim... A uns meses atrás eu achava que você estava morto cara. - ele diz vindo se sentar na outra cadeira perto da minha.

- Você realmente é meu irmão? - pergunto, nossa aparência não é nenhum um pouco parecida.

- Sim... Quando você "morreu" eu quase fiquei louco. Você era a única família que eu tinha viva. Na verdade, nós dois éramos tudo um para o outro, se deparar com sua morte foi horrível pra mim. Sem contar tudo que veio junto com ela. - Fico o observando, ele parece está sendo sincero. - Como eu disse, você era o capo da Alemanha e eu seu braço direito, se o capo morre, necessariamente o subchefe assume o lugar, e tudo que eu menos queria era esse poder nas minhas mãos. - ele diz olhando para um ponto fixo na parede, como se estivesse lembrando de algo.

- Parece ser o tipo de coisa que eu gostaria de fazer... Um mafioso... Bem interessante. - digo pensativo. - Nas fotos que você me mostrou eu vi várias com uma mulher ruiva... Quem é ela? - ele vira seu rosto pra mim, olhando dentro de meus olhos.

- Ah... Valentim Montanari. Sua noiva! Cara, você não tem ideia do quanto vocês se amavam, todos na máfia sempre admiraram a relação de vocês... - Seu pensamento vai longe de novo. - Era o tipo de relação que todos queriam ter. Infelizmente esse sentimento gerou também muito ódio, e se eu estiver certo, tudo só aconteceu por causa disso.

- Minha noiva? Mas e a Marina? Ela é a minha esposa atual, eu sinceramente achei que ela não soubesse de nada sobre isso... Tivesse alguma explicação sobre ela. - pergunto e ele se levanta indo pegar mais bebida.

- Primeiro, o nome dela não é Marina, ela é uma cadela desgraçada que sempre teve inveja de Valentina, mas escondia muito bem isso. - diz, se virando em minha direção novamente. As palavras direcionadas a minha esposa não me afeta muito. - O nome verdadeiro dela é Alina Ferraro, a maior cretina da história! Eu sinceramente não quero está na pele da sua "amada" quando Valentina estiver frente a frente com ela. Ela confiava nela, e na primeira oportunidade que ela teve o que fez? Apunhalou ela pelas costas.

Me levanto precisando pensar... São muitas informações.

Minha esposa não é quem diz ser, na verdade, nada parece fazer sentido agora.

- A Valentina de antes não existe mais, hoje ela é uma nova mulher, uma mulher que foi modificada pela dor e sinceramente, eu não sei como você vai reagir a essa nova versão dela. Mas o que vocês têm é verdadeiro. Eu vejo isso. - ele fala chegando perto de mim, colocando uma mão em meu ombro. - Eu sei que é muita informação... Se quiser posso continuar o resto da história outro dia.

- Eu quero saber de tudo agora. Hoje. Estou cansado de viver uma mentira.

- Bom... Não tenho muitas informações sobre como tudo aconteceu. Mas tudo que vim reunindo nos últimos meses é que sua esposa está junto com o cara que tentou te matar quatro anos atrás. Não é muita sorte ela aparecer no mesmo hospital que você foi hospitalizado e ainda mais no mesmo país para fazer trabalho voluntário? Se tem uma coisa que Alina nunca foi é caridosa! - Vejo ele suspirar olhando a cidade pela janela. - Antes da sua morte nós estávamos investigando uns ataques que estavam acontecendo em nosso território, e no dia do seu casamento com Valentina você foi sequestrado, Pierre que era uma pessoa próxima a nós nos dopou, mas algo deu errado e só levaram você.

- Esse Pierre já foi morto?

- De tudo que eu disse só isso que importa pra você? Acho que meu irmãozinho está começando a retomar sua personalidade. - ele diz sorrindo. - Sim... Ele foi morto pela Valentina, a propósito, ela é atualmente o don da cosa nostra, ou seja, nossa chefe.

- Tudo isso é muito louco... Até ontem minha vida era chata e eu não conseguia me identificar comigo mesmo. Hoje, o cenário mudou. Eu estou me perguntando porque você não me disse tudo isso logo quando nos encontramos no bar?

- Eu não podia! Eu tinha que saber o quão grande era sua confiança em sua esposa, mas como eu pude ver, você não confia nela. Você sente gratidão, sentimento totalmente oposto. - Eu o observo sem se quer dizer nada. Porque é verdade. - Nesse momento, a Valentina deve está indo em busca do cara que irá confirmar quem armou todo esse plano, as coisas finalmente irão começar a mudar.

Eu não sei exatamente o que pensar sobre tudo o que ele disse. Máfia. Sangue. Planos. Brigas. São tantas coisas. Minha cabeça parece que vai explodir com tanta informação, mas tem uma das informações que ele me deu que não sai da minha cabeça. A mulher dos meus sonhos existe. E ela era minha noiva. Não sei como me sentir sobre isso, e o pior, não sei como vou conseguir olhar na cara de Marina ou Alina, não sei como chamá-la depois de tudo que ele me disse.

- Você está sentindo algo? - Adam me pergunta. Olho pra ele.

- Só minha cabeça que parece que vai explodir... São muitas informações de uma vez só. Eu preciso saber de mais uma coisa. A Valentina ainda está sozinha? - pergunto para sanar minha curiosidade. Ele olha pra mim diferente. Um olhar de pena?

- Cara, é um assunto delicado... - ele fala mas eu o interrompo antes de terminar de falar.

- Ela tem alguém? Não quero mais nada escondido, já passei muito tempo vivendo uma mentira.

- Ela está casada! E infelizmente, eu estou apostando todas as minhas fichas que ele é o culpado por toda desgraça na sua vida e na dela. - ele diz e tudo que fica repetindo na minha cabeça é a frase "ela é casada" e com o culpado por tudo. - Eu sei que é difícil... Mas ela nem gosta dele. Ela foi obrigada a se casar com ele, só assim ela poderia assumir seu cargo. - Não consigo mais raciocinar, se tudo que ele estiver dizendo for verdade, nada na minha vida a partir de agora será fácil.

- Eu vou embora, preciso pensar! - digo saindo de perto da janela com a cabeça doendo muito.

- Irmão, por favor, não conte nada para sua "esposa", acredite em mim, ela não é quem diz. Se as coisas estiverem indo do jeito que estou imaginando, ela vai te chamar para viajar ou algo assim, ela já deve está desesperada.

- Tudo bem... Até logo! - falo indo em direção a porta e saindo de sua quarto.

Tudo que ele me disse faz sentido, não a motivo para ele está mentindo, eu não tenho nada importante na vida para ele querer, as fotos e sua conversa, são as únicas que parecem fazer algum sentido, é a primeira vez que alguém me diz algo que finalmente se complete.

Sem tirar o fato dela ter surgido. Sempre sonhei com ela, mas nunca tinha visto seu rosto, mas agora, finalmente, meu anjo tem um rosto. E é isso que me fará continuar.

Ela.

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