cinquenta e oito (parte dois)

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INGLATERRA, BRIGHTON

PETRUS FORCHHAMMER

ATUALMENTE.


Ao chegar em casa tudo está silencioso demais e isso me deixa intrigado. Marina ou Alina, não sei como chama-lá agora, sempre faz questão de me esperar, mas dessa vez nada. Acendo as luzes da sala de estar. Tudo está do mesmo jeito de sempre. Menos eu. Eu não estou da mesma forma.

Me sento no sofá para pensar um pouco. Eu não sei mais o que pensar. Um homem sem memória é um nada.
Por isso não sei em que acreditar.

Na mulher que está ao meu lado desde que me lembro, ou no homem que chegou na minha vida a pouco com uma história digna de filme.

Meu pensamentos são interrompidos por um barulho atrás de mim. Olho na direção do barulho e vejo ela com sua habitual roupa de dormir de lingerie.

— Oi... Estava preocupada. Você nunca demora tanto assim fora. — ela fala vindo em minha direção, se sentando em meu colo. Fico a observando, será possível ela realmente ser quem é Adam disse?

— Me desculpa, estava em um barzinho com uns amigos do trabalho. — a respondo olhando em seus olhos.

— Ok Tony, só não faz mais isso. — ela beija meus lábios mas não permito que continue. Não estou no clima no momento. — O que foi? Você não me quer? — pergunta, com um semblante triste.

— Não é isso... Eu só estou cansado mesmo. — digo, dando um selinho em seus lábios e indo em direção ao quarto.

Escuto seus passos atrás de mim.

— Você está estranho. Tem certeza que estava com os amigos? — pergunta, de braços cruzados na porta do banheiro.

— Eu não sou de mentir Marina. Agora me deixa tomar um banho! — falo fechando a porta do banheiro.

Preciso dormir um pouco, minha cabeça parece que vai explodir a qualquer momento, saio do banho com um a toalha enrolada na cintura. Vou direto ao closet colocando uma calça de moletom e vou para a cama onde uma Marina está lá com uma cara de que vai matar alguém.

— Você está diferente! — diz se levantando e saindo da cama. — Você pode conversar comigo, aconteceu algo?

— Por que você acha isso? — pergunto sem olhar em seus olhos.

Eu só preciso que ela me faça acreditar nela. Simplesmente.

— Você nunca agiu da forma que está agindo hoje comigo. Não estou acostumada com você assim. — ela fala se sentando na cama ao meu lado. — Amor, eu amo você. Sempre. Qualquer coisa você pode me dizer. — Toca em meu rosto e eu não consigo mais a ver como antes. Não consigo mais confiar nela.

— Não é nada. Só preciso descansar um pouco, minha cabeça está doendo. — falo me deitando na cama.

Vejo ela me olhando na mesma posição que estava e logo depois saindo do quarto.

Eu só penso sobre tudo que está acontecendo e que vai acontecer. Porque no fundo, eu sei que algo grande irá começar.

Apago tentando esquecer tudo que vem acontecendo em minha vida. Não antes de ver ela entrando no quarto e se deitando ao meu lado.

×××

— Prometi a uma garota que a traria a um parque, bom, aqui estamos! — falo olhando pra ela, tão linda. Como alguém pode ser tão perfeito assim?

Seu rosto é de que não está entendendo nada do que está acontecendo.

— Você não esqueceu... — ela me diz sorrindo e é impossível não retribuir isso.

— Promessas não podem ser esquecidas. Ainda mais quando é pra você. Vamos! — Eu falo a puxando pra dentro do parque.

Acordo suado, agora o rosto da mulher das fotos aparece no lugar do branco que eu sempre via e fica a dúvida: isso foi um sonho ou uma lembrança?

Me levanto percebendo que já é dia, vejo que é um pouco mais cedo do que o meu habitual.

Vou em direção ao banheiro tomar um banho. Preciso ir trabalhar e sair dessa casa. Não aguento mais ficar aqui dentro.

Já pronto eu saio do quarto percebendo que Marina não está mais na cama. Estranho. Ela não é de sair antes das nove.

Vou em direção a cozinha e me deparo com ela fazendo nosso café da manhã. Fico a olhando sem fazer nenhum barulho e quando ela se vira se assusta.

— Que susto Antony! Quase tive um enfarto. — Ela sorrindo enquanto coloca a cafeteira com café em cima do balcão. — Você vai querer café? — Me pergunta. — Faço um sinal que sim enquanto a observo. Vou me sentar em um dos bancos ficando de frente pra ela que também se senta. — Sabe... Estava pensando aqui... Você não confirmou nossa viagem, que tal nesse final de semana? A gente está precisando de um tempo longe de toda essa correria amor. — diz sorrindo.

Mas tudo que consigo pensar é que Adam estava certo. Ela quer me tirar da cidade. Dessa vez, muito rápido.

— Pode ser... O que você resolver pra mim está ótimo. — digo me levantando. — Já vou. — ela me olha esperando por um beijo, finjo que não vi e saio a deixando pra trás, dessa vez, não pensando em vê-la novamente.

Ao pisar fora do nosso apartamento, só um pensamento me vem na cabeça: Irei atrás de Adam. Posso está sendo enganado por ele, mas vou fazer o que eu quero, pela primeira vez em anos.

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