trinta e nove

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ITÁLIA, PALERMO

VALENTINA MONTANARI

ATUALMENTE.


Desde que minha mãe foi sequestrada ela entrou em um estado de choque à qual não saiu mais. Não sei exatamente o que fazer para tirá-la dele.

Vou a visitar todos os dias e ela mal fala. Eu até entendo, mas algo me diz que alguma coisa a mais aconteceu por lá. Aquele filho da puta disse algo a ela que a deixou desnorteada, e eu preciso saber o que foi.

Desço do carro já no jardim de casa, vir aqui virou praticamente uma rotina, não posso deixá-la sozinha agora, não nesse momento.

Sigo direto para a estufa localizada no centro do jardim, mamma sempre foi apaixonada por flores e sempre cuidou delas com muito afinco.

Quando entro a avisto sentada em uma das banquetas cuidando de uma rosa cor de vinho.

— Olá mamma! — digo beijando seu rosto e me sentando ao seu lado.

— Oi minha filha! Não pensei que fosse vir hoje, ouvi alguns seguranças falarem sobre algum carregamento importante que iria chegar hoje... — ela fala com um tom de voz distante. Ela não está bem.

— Você é mais importante que tudo. E como eu disse, nunca mais irei ficar longe. Não posso te perder. — digo segurando em suas mãos e olhando em seus olhos que aparentam está em outro mundo.

Ela me dá um sorriso.

— Eu estou gostando de te ter mais próxima a mim novamente, me faz lembrar de uma época boa, onde nossa família era feliz e completa. — ela diz com um olhar vago e triste.

Não gosto de vê-la desse jeito.

— Nunca mais irei me afastar, juro! — digo e vou ajudá-la com as rosas.

Quando era mais nova, sempre gostava de vim pra cá e isso me dá boas recordações. É sempre bom retornar as raízes em alguns momentos.

Esquecer de toda merda que está acontecendo, de tudo que me cerca, de quem é o desgraçado do traidor, tudo.

Eu simplesmente gosto de ficar aqui e esquecer. De poder voltar para a época em que eu tinha uma perspectiva diferente sobre a vida.

×××

Como não poderia ficar muito tempo com minha mãe, fui embora com a promessa que iria voltar brevemente.

Enquanto dirijo em direção ao sub10 fico pensando sobre tudo que veio acontecendo por esses dias, alguma coisa está acontecendo com Adam, ele está distante, mal fala comigo. E principalmente, tem sumido muito.

Tudo bem que ele tem seus afazeres, tem uma máfia para administrar, mas mesmo assim, ele veio mudando comigo aos poucos e isso está me preocupando. Eu sei que tem algo de errado, e o pior, é algo que ele não pode me contar, ou seja, algo sério.

Passando por algumas ruas da cidade movimentada vejo um casal comendo cachorro quente em uma barraquinha no meio da praça, isso me faz lembrar dele. De nossos momentos. De tudo.

A saudade é uma palavra tão pequena, mas com um significado tão grande.

Às vezes eu posso dizer que me sinto péssima por está sentindo isso, mas cada vez que vejo um casal sendo feliz eu sinto inveja.

Inveja de tudo que eu poderia está fazendo com Petrus, com a felicidade que iria está sentindo.

Amar dói, e muito. É uma dor angustiante que eu não desejaria para nenhum inimigo meu. Você amar e ser correspondido é maravilhoso, eu sei disso. Mas amar e não ter uma resposta por simplesmente seu amor ter sido arrancado de você é uma dor dilacerante.

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