dois

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ITÁLIA, SICÍLIA

VALENTINA MONTANARI 

NOVE ANOS ATRÁS.

Tem momentos na vida que você não sabe como agir, ou como falar. E esse é o meu momento. A cada passo que ele dá se aproximando, eu fico paralisada e mais nervosa me perguntando o que ele está fazendo e o que ele estava pensando quando me chamou daquela forma?!

Ele finalmente para na minha frente, e deposita um beijo no meu rosto e assim, eu surto de fato.

— Você está cada dia mais linda, nem parece que ontem era uma criança... — fala, olhando diretamente para mim, e muito, mais muito perto.

Acho que nem sei como se respira mais meu Deus. Devo estar perdendo meu batimentos cardíacos, porque o ter tão perto não deve ser real.

— Nem faz tanto tempo assim Petrus... Você também mudou muito, agora me dá espaço para eu poder falar com o Adam. — digo, tentando sair de perto dele. 

— Olá ruivinha, como você está?

— Olha, eu até que estou bem, acabei de entrar na faculdade, o que significa que não sou mais uma criança e estou amando demais conhecer pessoas novas, e você? como vai a vida de chefão? — ele me olha, e solta um sorriso. 

Eu e ele sempre fomos próximos, mas não tão quanto eu era com Petrus — esse que está sentado novamente conversando com meus pais e ao mesmo tempo nos observando. 

— Você sabe que o chefão aqui é o Petrus, eu sou o braço direito, mas posso afirmar que não curto muito tudo isso.

Continuamos conversando, até que Marie entra na sala nos avisando que o jantar já será servido, nesse meio tempo, aproveitei para ir ao quarto tomar um banho para poder me juntar a eles.

×××

Depois de um longo banho me preparo emocionalmente para ir me encontrar com ele novamente, às vezes eu acho que tudo isso é um amor de adolescência que vai passar em algum momento, tem que ser isso.

Desde que eu e Petrus nos conhecemos, quando eu tinha uns 5 a 6 anos, nossos pais sempre foram super amigos, afinal, o pai dele além de ser o capo da Alemanha, também era o SubChefe de meu pai, assim, através disso se construiu uma grande amizade minha e de Petrus, e também com o irmão dele. 

Sempre brincávamos juntos e nos divertiamos, mas ao passar dos anos, tudo mudou. Principalmente quando os pais dele foram sequestrados e infelizmente, mortos brutalmente

Eu não sei exatamente o que aconteceu logo depois, mas os dois só tinham um tio distante e todo poder teria que ser passado para o primogênito, ou seja, Petrus. 

Eu que não era nenhuma bobinha, sabia bem que ele já vinha treinando mas depois da morte dos pais ele terminou viajando e voltando só agora, totalmente diferente do que era. 

Eu era acostumada com um garoto divertido e alegre. Hoje ele se tornou em um homem lindo, frio e mulherengo.

Tento desviar meu pensamentos dele e resolvo descer antes que minha mãe venha atrás de mim. 

Ao chegar na sala de jantar posso ver todos conversando e rindo alegremente. 

Me sento na mesa e me sirvo mas não demora muito para eu sentir um olhar queimando minha pele, e eu sei que é ele.

— Demorou tanto lá em cima Piccola, achei que não iria descer mais. — fala, olhando diretamente para mim enquanto saboreia de um bom vinho. 

Eu quase engasgo com a comida. Primeiro pelo apelido e segundo pelo olhar, esse homem ainda vai me fazer ter um ataque. 

— Bom, toda mulher demorar muito se arrumando Petrus, acho que você sabe disso, afinal, soube que já teve várias namoradas pelo seu país Natal. — digo, mas com um certo gosto amargo na boca e infelizmente isso transmitiu para o meu tom de voz. 

Ele muda completamente o olhar ameno para um que não consigo identificar.

— Realmente tive algumas, mas nenhuma foi importante... — me responde, com um olhar intenso mas logo desvia e engata em um diálogo com meu pai. 

×××

Depois daquela resposta, fiquei muito sem graça, nem consegui comer mais, então pedi pra me retirar da mesa, e olhe que nada me faz perder o apetite, mas como podemos ver, ele é um grande motivo. 

Fui direto para o meu quarto, me deitei na cama, peguei meu celular e meu caderno de desenho e fui desenhar e tentar ouvir algo, mesmo minha cabeça estando em um outro lugar, especificamente em uma pessoa.

Estava deitada de bruços, de costas para a porta por isso não escutei quando bateram, só me deparei com uma mão tirando meus fones. 

— O que você está fazendo aqui?

Passo meus olhos pelo rosto dele, e infelizmente, seu sorriso – sem mostrar os dentes — me faz perceber o quão lindo ele é. Tinha esquecido desse detalhe.

— Vim saber como você está, mal conversou comigo, sei que você está um pouco chateada por eu ter ido embora sem me despedir, mas faz tanto tempo, deveria entender...

Era só o que me faltava, ele querer conversar sobre tudo depois de 5 anos sem um telefonema e sempre me ignorando. – tudo bem que estou tentando, ou melhor, agindo como uma adolescente chata, mas eu tenho motivos.

— Você quer mesmo conversar sobre isso? Como você mesmo disse, a vida seguiu, não precisa vim aqui fingir que sente algo por mim Petrus, pode ir embora, se não percebeu, você está me atrapalhando, estou estudando. — digo, olhando com fúria pra ele, mas ao invés dele ir embora, ele dá mais um passo na minha direção e senta na minha cama.

Olho abismada a cena, tentando entender porque ele está agindo assim? Como se tivesse tudo bem?

— Você fala tanto que é madura, mas age como uma criança mimada, deveria me escutar... Quero dizer a você que me importo, sei que você sabe muito bem como é um treinamento dentro da máfia, e não é fácil, eu sofri durante todo o meu processo, e mesmo assim vim aqui, não quero que você conheça a parte ruim, quero que você sempre se lembre da minha parte boa, porque a partir de hoje eu vou conviver sempre aqui, seu pai me chamou para comandar junto com ele e você não vai mais ver aquele garoto que brincava com você... Hoje eu sou um homem que comanda uma máfia, mas mesmo assim queria te mostrar que ainda me importo com você.

Eu fico chocada com suas palavras.

Sem reação é a definição certa.

— Eu nem sei o que dizer Petrus… Talvez eu esteja sendo um pouco imatura, me desculpa de verdade, fico feliz em saber que você vai estar por perto agora...

Ele me encara e se aproxima mais, tocando meu rosto com suas mãos gélidas mas que me transmitem uma sensação boa. 

— Depois que seu irmão se foi, sempre prometi a ele que te protegeria, quero que você saiba disso, sempre vou está aqui por ti. Sempre. 

Ele sussurra, e finaliza com um beijo na minha testa e – infelizmente – esse ato me faz querer abraçá-lo.

Ao sentir seus braços ao redor da minha cintura minha vontade é de nunca mais soltar. Porque aqui parece ser o lugar certo para mim. Só não sei se realmente é.

FRAGILE | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora