onze

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ITÁLIA SICÍLIA

VALENTINA MONTANARI

NOVE ANOS ATRÁS.

Quando acordo com o despertador, sinto um cheiro bom, muito bom, e logo em seguida percebo que estou com a cabeça em um peitoral másculo. Então os acontecimentos de ontem a noite vem na minha cabeça com tudo.

Eu e Petrus se beijando. Nesse quarto.

As revelações dele.

Ele bêbado. 

E com certeza não se lembrará de nada. 

Outro ponto, meus pais. Porra, o que iremos dizer a eles se o verem aqui? 

Sinto ele se mexendo de baixo de mim, enquanto o despertador grita feito um louco. 

O observo sem camisa, com a calça social, e os cabelos bagunçados, totalmente diferente da forma que o vejo sempre, perfeitamente alinhado. 

Como ele consegue ser tão lindo até mesmo com cara de sono? Isso é tão inaceitável! 

Vejo quando ele abre seus lindos olhos, e então posso ver sua íris se ampliar mais como se fosse possível ficar ainda mais linda do que antes, primeiro ele olha para o quarto, com certeza estranhando e logo depois para mim. 

Quando nossos olhares se encontram é como se um fio de eletricidade passasse por mim. Ele me deixa fora de mim. Como alguém consegue fazer isso?

— Tava achando que o que aconteceu ontem tinha sido um sonho, mas posso ver que não... Bom dia Piccola... — ele fala, enquanto passa sua mão em meu rosto. 

Em que momento eu saí da fase que ele me ignorava e morava do outro lado mundo para esse sonho? 

Solto um sorriso sem mostrar os dentes para ele e o respondo.

— Também estava achando isso, mas aí me acordo e vejo um invasor no meu quarto. Bom dia...

Ficamos nos encarando como se estivéssemos tentando gravar o rosto um do outro e ao mesmo tempo é como se ele estivesse vendo todo meu mundo aqui dentro, como se ele pudesse ver minha alma e nesse momento me pergunto se ele está pensando o mesmo.

— Acho que alguém tem que ir para faculdade e eu trabalhar, hora de voltar para realidade né? Sem esquecermos do ponto em que dormir aqui e o que vamos falar para seus pais. — ele fala pensativo, com certeza tentando achar uma boa explicação.

— Infelizmente eu tenho que ir mesmo, tenho prova hoje e... Sobre meus pais, a gente fala que você tava por perto e veio me ver, conversamos tanto que acabamos dormindo... Vou me arrumar e nós dois descemos juntos. 

Se eles sonharem que aconteceu alguma coisa entre nós, com certeza iria me esfolar e nem sei o que fariam com Petrus.

Enquanto me arrumo, Petrus fica mexendo nas minhas coisas.

— Você fala que dormiu no quarto de hóspedes, ficamos conversando até tarde e é isso, acho que vai colar…

Assim que entramos na sala de jantar vejo os dois sentados. 

Os olhos se direcionam primeiro para mim e logo em seguida fazem o mesmo com Petrus. 

Não sei mentir direito, e meu pai com certeza vai entender logo logo o que aconteceu. Merda!

— Bom dia minha filha... Petrus? O que faz aqui a essa hora da amanhã? — ele pergunta como se não soubesse que ele dormiu aqui, com certeza os seguranças devem ter comentado sobre isso já. 

— Bom dia babbo, mamma... — falo e logo em seguida me sento, Petrus então o responde.

— Maurizio, eu e Valentina ficamos batendo um papo até tarde e terminei capotando no quarto de hóspedes, o que resultou nisso. Peço desculpas por não ter avisado. — ele fala com uma voz neutra e um rosto sem expressão.

Não consigo identificar o que meus pais estão pensando agora.

— Fosse qualquer outra pessoa com certeza já estaria com uma bala no meio da testa, mas como é você, confio em ti 

perto de minha principessa. 

Não deveria, penso.

Ele suaviza sua expressão e minha mãe pede pra Petrus se juntar a nós no café da manhã. Ele recusa e sai, não antes me dar um olhar de cúmplices. Eu estremeço. Preciso parar com isso.

×××

Saio da faculdade um pouco mais tarde do que o normal, meu professor quis conversar comigo sobre eu tentar fazer uma coleção de roupas para o final do semestre que vem. Iria me ajudar muito na faculdade, e com certeza isso seria uma boa ideia. Aceitei na hora.

Durante meu caminho até o estacionamento, onde meus seguranças me esperam avisto de longe uma pessoa especial. Petrus. 

São nem duas das tarde e ele veio me ver? As vezes eu tento não acreditar que algo está acontecendo entre nós, mas cada ação sua me faz pensar que sim. Algo muito bom está acontecendo. 

Caminho em sua direção sorrindo, é impossível não sorrir olhando para ele, que retribui com um sorriso tão lindo. 

Ele está com sua típica mão no bolso da calça social elegante azul marinho, juntamente com um terno que contrasta com sua pele um pouco bronzeada. 

— Oi... — digo um pouco envergonhada, e ele sorri mais ainda para mim.

— Oi Piccola, vim te buscar para te levar em um local especial. Já falei com seus seguranças. — ele fala enquanto passa seus dedos gélidos em meu rosto, como se estivesse me desenhando.

— Humm, lugar especial? Estou gostando disso. — falo com uma vontade absurda de o beijar, mas sei que os seguranças estão olhando, então não posso. 

Ele me dar mais um sorriso e abre a porta do carro pra mim. 

Quando se senta no outro lado para dirigir, vejo a imponência que esse homem aspira, tão maravilhoso.

— Não vai me dizer para onde é? — pergunto quando já estamos um pouco distante da faculdade. Ele me olha com um olhar travesso. 

— Não... É uma surpresa! — depois dessa resposta coloco uma música no carro e assim vamos para o tal lugar ouvindo música, dando algumas risadas e conversando sobre banalidades. 

É uma sensação incrível estar feliz com alguém que você gosta. Pequenas coisas que fazemos juntos me deixa mais encantada.

Quando estamos no centro da cidade vejo quando ele pega um caminho um pouco mais afastado e logo em seguida paramos de frente a uma parque de diversões?

— Vamos para um parque? Meio cômico ver você aqui. Um homem tão importante... Nem combina com esse fundo. — falo quando descemos do carro e vamos para a entrada.

Ele rir e me olha.

— Prometi a uma garota que a traria a um parque, bom, aqui estamos!

Fico um pouco sem entender o que ele falou, mas então me vem na memória quando a anos atrás, antes dele ir embora, ele me prometeu isso. O olho encantada por perceber que ele não se esqueceu disso. 

— Você não esqueceu... — digo, ainda boba com isso. Ele me dá um lindo sorriso.

— Promessas não podem ser esquecidas... Ainda mais quando é pra você. Vamos! — ele fala me puxando para dentro do parque.

E a única coisa que consigo pensar é que se eu tinha alguma dúvida se estava apaixonada por ele, agora eu posso afirmar. Não há mais nenhuma.

FRAGILE | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora