quarenta

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ITÁLIA, PALERMO

VALENTINA MONTANARI

ATUALMENTE.


Tem uma única coisa que não mudou em mim, continuo odiando acordar cedo.

De início estranhei porque deixei a porta de meu quarto aberta, o que nunca acontece, então quando abro meus olhos dou de cara com Giovanni me encarando. Não gostei.

Ele terminou avisando que tínhamos que irmos um pouco mais cedo e que estava me esperando lá embaixo.

Estranhei mas segui para o banheiro.

Depois do banho sigo para o closet a procura de uma roupa um pouco menos viúva negra assassina. Mas não acho.

No fim, resolvo colocar um vestido preto com meia calça e botinhas. Não estou afim de impressionar ninguém.

Desço lá pra baixo procurando por Giovanni, o encontro olhando pela janela, que me dá uma visão de uma tempestade. Odeio sair quando o clima não está bom.

— Vamos? Estou pronta. — O aviso, que vira em minha direção e me olha de cima a baixo.

— Está linda, como sempre. Vamos. — ele diz e sai na minha frente.

Avisto um SUV estacionado na porta de nossa casa. Meus seguranças estão logo atrás.

— Avisei a eles que não era necessário irem conosco, mas não saíram de perto desde que estacionei aqui.

— É claro que é necessário. Eu sou a mulher mais procurada por todos dentro da cosa nostra. Você acha o que? Que vou sair por aí passeando sem segurança? Ainda não estou tentando me matar Vitali. — falo ácida para ele.

— Ok. Já entendi chefe. — ele fala irônico abrindo a porta de trás para mim.

Estou me arrependendo disso desde que aceitei.

Algo me diz que isso não vai dá muito certo.

Seguimos em direção a casa de seus pais em um silêncio nada incômodo. Sempre gostei disso, me dá chance de pensar e de não ouvir merdas.

Avisto ao longe a casa de seus pais.

Não é bem uma mansão, mas é uma boa residência, muito confortável.

Atravessamos os portões e adentramos na casa.

Ele desce primeiro que eu, claramente tentando abrir a porta para mim, sou mais rápida que ele e a abro primeiro.

— Você realmente é impossível. — ele diz sorrindo.

Não o entendo, sinceramente.

— Você sempre soube quando se casou comigo. — digo sem o mínimo humor. — Sua família inteira está aí?

— Sim, todos estão aqui. São legais, pode relaxar. — ele fala enquanto seguimos em direção a porta.

— Eu não estou nervosa. Só perguntei.

Mas na verdade, não queria ter que está aqui.

Quando estamos próximos a porta a vejo ser aberta por sua mãe. Uma senhora muito elegante e educada.

— Ora ora se não é meu amado filho com minha nora que mal vejo. — ela diz dando um abraço nele e vindo até onde estou fazer o mesmo.

Retribuo sem a mínima vontade, mas não demonstro.

— Não tenho muito tempo para vim Srª Vitali. Mas prometo tentar vir mais vezes. — digo enquanto ela nos puxa para dentro.

Vejo algumas pessoas reunidas na sala.

Dois homens muito parecidos com Giovanni, um deles é seu irmão já o outro nunca o vi por aqui.

Do outro lado está algumas mulheres e homens conversando, já os vi nos documentos de sua família, mas não me recordo exatamente de seus nomes.

Seguimos para dentro e logo em seguida todos vem no cumprimentar e tentam puxar assunto comigo, como não deu muito certo, saíram logo de perto.

Giovanni avisa que irá falar com seu irmão sobre algo e eu fico na sala observando o jardim da casa.

Sinto uma presença atrás de mim e quando me viro vejo a irmã mais nova de Giovanni.

— Olá cunhadinha. Você está muito calada aí. Por que não se junta conosco? — ela fala tentando ser simpática, mas não está dando muito certo.

— Eu não sou muito sociável Gianna. — digo a ela tentando a tirar de perto de mim.

Não quero conversar com ninguém agora.

— Vou ficar aqui então, te fazendo companhia. — ela fala e eu solto um gemido de frustração.

— Ah... Claro! — falo forçando um sorriso.

— Então... Como está sua vida de casada com meu irmão? Ele é bem chatinho às vezes mas é um bom homem. — ela diz, claramente tentando fazer boa propaganda dele.

Todos na máfia sabe que meu casamento com ele é de fachada.

— Somos bons amigos. — digo deixando claro que não quero continuar com a conversa. Mas ela continua.

— O amor começa a partir de uma amizade, isso é bom. — ela diz.

Uma grande ilusão dela, não posso não deixar de concordar, mas sei que nessa caso não irá acontecer.

— Pode ser. Mas e você, como é a sensação de ser mãe? — pergunto mudando de assunto.

— Ahh... É uma sensação maravilhosa. Você irá sentir um dia. Saber que tem um serzinho dentro de você, pra você amar é maravilhosa. Um dia você irá sentir. Tenho certeza. Giovanni é louco para ser pai. — ela diz como se fosse super fácil ter um filho.

— Hmm, legal. Mas não, não irei ter essa sensação. Não quero filhos e nunca quis.

— Um dia sua cabeça muda, o amor nos faz mudar.

Com isso eu tenho que concordar, eu mudei, e muito. Mas não foi para melhor.

Continuamos conversando sobre tudo e posso dizer que ela realmente é simpática. Até gostei dela.

Passar esse tempo sendo um pouco normal, foi bom.

Logo depois do almoço ela deu uma sumida junto com seu marido que aparenta a amar muito e eu fico sozinha novamente.

Algumas pessoas vem falar comigo mas não ficam muito tempo.

E pela primeira vez eu procuro por Giovanni, o achando do outro lado da sala já vindo em minha direção.

— Gostei de ver você e minha irmã juntas. Serão boas amigas. — ele diz sorrindo com um copo de whisky na mão.

— Ela é simpática. Gostei dela. — murmuro, sendo sincera.

— Eu te disse que minha família não morde.

— Haha engraçadinho. Quero ir embora. Gastei muito tempo por hoje. — digo, e realmente é uma verdade.

Mas também porque quero pensar sobre hoje. E só consigo pensar quando estou sozinha.

— Ok, irei avisar que já estamos indo baby, volto já. — ele falou o que eu ouvi? Desde quando ele me chama assim? Ou melhor, desde quando eu permitir que ele falasse comigo assim?

Sinceramente, esse dia só fica cada vez mais estranho.

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