quarenta e um

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ITÁLIA, PALERMO

VALENTINA MONTANARI

ATUALMENTE.


Quando chegamos em casa já está perto do jantar, estou me sentindo bem por hoje.

Sair com ele não foi tão horrível como achei que seria.

Me sentei na cadeira ao lado do sofá e ele vai buscar um copo de whisky para ele, me oferecendo logo em seguida, o que recuso rapidamente. Não estou afim de beber mais por hoje.

— Foi um dia agradável hoje. — ele diz vindo em minha direção e primeira vez o observo com outros olhos.

Sua calça jeans junto com sua camiseta branca o deixam sexy e elegante. Dando um ar de bad boy.

Seus olhos cinzas são lindos, sua barba por fazer o dá um ar de mais desleixado, mas um desleixado bem bonito.

O que eu tô pensando? Inferno. Esse dia de hoje não está nada bom.

— É verdade. Foi um bom dia. — digo saindo do meu devaneio e o respondendo sincera.

Ele me observa e se senta de frente para mim.

— É uma surpresa você sendo sincera comigo. Dizer assim, tão facilmente que gostou do nosso dia. — ele diz sorrindo.

— Não sou tão megera assim, sei reconhecer as coisas Sr Vitali. — digo descontraída.

Seu olhar muda.

Vejo um brilho diferente neles.

— Sabe... Podíamos fazer isso mais vezes, não sei, jantar fora, tentar ser mais próximos. — ele diz chegando mais próximo a mim.

A proximidade dele me incomoda, mas dessa vez não recuo.

— Eu posso tentar... Agora vou tomar um banho. — digo claramente tentando fugir dele.

— Por que você sempre faz isso? Sempre foge? — ele fala irritado.

O olho furiosa. Ele sempre faz isso.

— Pensei que já fosse nítido isso Vitali, se eu saio de perto de ti é porque eu não quero ter nada. É difícil de entender? — ele se aproxima novamente.

— É difícil sim... Eu já te disse que eu posso te fazer feliz. — ele fala se aproximando mais ainda.

Dou um passo para trás e termino batendo na parede, ficando entre ele e ela.

— Dá pra se afastar? Eu já disse que entre você e eu, no máximo amizade. — digo olhando em seus olhos.

Suas mãos quentes vem para meu rosto e eu não consigo não comparar com a de Petrus, que mesmo sendo tão gélida sempre me deixava fervendo. Já a sua, me deixa incomodada e sem nenhuma reação.

— Acho melhor você tirar sua mão do meu rosto agora! Caso contrário... — ele não me deixa terminar.

Sinto seus lábios pedindo passagem na minha boca, o que obviamente eu não permito.

Dou uma joelhada frontal em suas partes baixas o afastando de mim.

— Você é surdo? Quando eu disse para se afastar, eu estava falando sério! — digo o deixando no chão da sala e subindo para meu quarto.

Filho de uma puta! Não entendo toda essa insistência da parte dele. Já disse milhares de vezes que não o quero e ele continua insistindo. Que inferno!

Subo as escadas revoltada, minha vontade é de voltar lá e enfiar uma bala no meio da sua testa.

Desde que eu e ele nos casamos a quase três anos atrás, nosso acordo sempre foi bem claro, nada de relações amorosas. Nada.

Mas parece que ele não entendeu muito bem isso. Desde que nos casamos ele tenta ter algo comigo, mas nunca dei chance.

De início achei que ele fosse terminar desistindo com o tempo, mas parece que não.

Quando chego em meu quarto arranco a roupa de meu corpo sem me importar se vou destruí-la. Pouco me importa tudo isso.

Eu sei que posso está sendo muito difícil, eu poderia simplesmente ser uma pessoa normal e tentar ter algo com ele. Eu poderia. Mas não consigo.

As coisas aparentam só piorar com o tempo.

A cada momento que a hipótese de ter algo com ele me dá asco e principalmente, me faz me sentir péssima pelo fato de achar que estou traindo o Petrus.

Eu sei que pode ser loucura. Eu sei disso. Mas no fundo, eu sempre vou ter algum tipo de esperança.

O que é impossível. Nunca vi ninguém voltar dos mortos, mas eu iria gostar muito de vê-lo ser o primeiro a fazer.

Sua morte me parece tão recente. A dor. O sofrimentos. Tudo.

A cada momento que eu lembro daquela noite eu me sinto pior do que antes.

Meu casamento tinha tudo para ser o mais belo. Tudo escolhido por mim, todos os detalhes.

As pessoas ainda comentam pelas minhas costas sobre aquele dia.

Alguns citam meu modo de se vestir ou a forma como ajo. Eu sei de tudo e não ligo.

No fundo eu sei que devo está em algum tipo de depressão, não tenho a mínima vontade de me tratar ou qualquer coisa do tipo.

Eu só quero vingar sua morte e poder finalmente dormir em paz. Só quero poder finalmente ir sem deixar nada para trás. Simplesmente.

Jogada na cama olhando para o teto, resolvo parar de pensar sobre isso e vou olhar meus e-mails, talvez eu tenha algo importante, perdi um dia inteiro hoje.

Ao abrir meu notebook, vejo dois e-mails de Adam. Com certeza deve ser algo.

DE: FORCHHAMMER, ADAM
ASSUNTO: FILHO DA PUTA

Localizei Maltino em um bar no centro da cidade de Madri. Fui diretamente para lá. Qualquer novidade entrarei em contato com você. Não ligue para mim. Estou suspeitando que seu celular está sendo rackeado.

Solto um sorriso para o nome de seu assunto.

Adam sabe ser engraçado quando quer.

Olho sua mensagem e não gosto nem um pouco. Se realmente meu celular estiver sendo rackeado, muitas coisas podem ser explicadas.

A pessoa tem total acesso a mim, a ponto de poder pegar meu celular.

O problema é quem.

Sigo para abrir o outro e-mail.

DE: FORCHHAMMER, ADAM
ASSUNTO: SEM ASSUNTO

Não confie em ninguém além de mim, preciso de sua total confiança nesse momento.

Demorarei para voltar.

Esse seu novo e-mail me deixa preocupada, onde ele está e por que me disse isso?

Algo está errado e odeio quando ele faz isso.

Odeio quando ele me coloca de fora da melhor parte.

A ação.

Respondo seu e-mail perguntando o que está acontecendo. Mas não recebo uma resposta rápida.

Resolvo ir dormir para ver o que me espera no próximo dia. Por hoje, muitas coisas aconteceram.

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