INGLATERRA, BRIGHTON
ADAM FORCHHAMMER
ATUALMENTE.
Eu sempre desconfiei do Vitali. Sua calma era muito estranha.
A Valentina o fazia de gato e sapato e ele sempre esteve ali. Neutro. Sem demonstrar nenhum rancor.
A forma como ele aceitou todas as exigências para se casar, nenhum homem aceitaria. Mas ele sim. No fundo, eu sabia que havia algo de errado nele. Era nítido. Mas ele era bom. Soube se esconder bem e principalmente, reuniu uma grande potência contra nós.
Vou arrumar minhas malas para voltar para Itália, eu não sei exatamente o que Petrus vai fazer, se ele vai comigo ou não. Mas na verdade, eu preciso que ele vá. Ao mesmo tempo tenho um certo receio. Não sei como Valentina irá reagir ao se deparar com o cara que ela sempre amou e que estava morto e agora vivo. Não sei. Eu tenho medo de como vai ser sua reação.
Depois da mala toda pronta pego meu celular para ligar para ele. Não posso mais passar muito tempo por aqui.
×××
Tentei durante horas ligar para Petrus e ele não atendeu a porra do celular, eu fiquei preocupado com o que pudesse ter acontecido, resolvi ir a sua casa, como sempre fiquei de longe observando se alguém ia sair de casa mais nada acontece. Pela hora, talvez estejam no trabalho, ou ela tenha conseguido o convencer de ir com ela pra qualquer outro lugar. Essa possibilidade me deixa vendo vermelho. Eu sinceramente espero que não seja isso.
Pego o celular e tento mais uma vez.
Nada.
Mando meus seguranças seguirem em direção a empresa onde ele trabalha, ele tem que estar lá. Não posso voltar para Itália sem a certeza que ele vai estar bem.
Enquanto o carro anda observo as pessoas seguindo suas vidas normalmente, como se nada estive acontecendo ao redor deles.
Ao longe o vejo sentado em um banco no centro da praça.
Mando pararem o carro e desço indo em sua direção.
Ao chegar perto dele, o observo olhando o lago como se fosse a coisa mais importante do mundo.
— Ei — O chamo, ele demora um pouco para olhar para trás mas ao virar seu rosto me passa a sensação de que ele está confuso. — Você está bem? Te liguei mais de cem vezes e você não atendeu. — falo me sentando ao seu lado no banco.
— Não atendi porque precisava pensar. São muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo. — ele fala voltando a olhar para o horizonte.
— Eu sei, mas não faz mais isso. Fiquei preocupado. — Eu falo agora também olhando para o horizonte.
— As vezes eu acho que você está me enganando sobre tudo isso de eu ser seu irmão... Mas algo em você me passa confiança. — ele diz voltando a olhar pra mim.
— Tudo que estou te dizendo é verdade. Pode confiar. É por esse motivo que estou aqui, recebi uma ligação de emergência e terei que voltar para Itália com urgência — Suspiro com um certo receio de continuar. É agora ou nunca. — Você precisa vim comigo, o marido de Valentina é o chefe de tudo e agora ele está atacando, e se tem uma coisa que eu não posso permitir mais é que algo aconteça com você irmão. — falo pegando em seu ombro. — Você tem que vim comigo. Você topa? — pergunto na esperança dele aceitar, caso contrário tudo vai desandar.
Ele me olha sem expressar nada. E isso me deixa intrigado.
— Se você me fizesse essa pergunta a uns dias atrás com certeza a resposta seria um não, porque Marina tinha uma certa importância na minha vida, mas depois dos últimos acontecimentos de ontem e hoje, eu irei sim. Estou confiando em você. Espero não me arrepender. — ele diz sorrindo pra mim.
— Fico feliz que confie em mim. Não irá se arrepender. — falo me levantando. — Rumo a Itália?
Ele me olha e se levanta também e assim seguimos em direção ao carro para finalmente chegarmos ao país que eu jamais pensei vê-lo novamente por lá.
×××
— Ela sabe que estou voltando para lá? — ele me pergunta me tirando de meus pensamentos, exatamente sobre isso.
Como ela irá reagir a tudo isso? Com certeza não será nada boa.
— Na verdade, ela nem sabe que você está vivo cara. — falo olhando para ele que parece assustado.
— E você vai me levar assim até ela? Você tem ideia que isso é informação demais para uma pessoa que até ontem achava que eu estava morto? — ele fala claramente irritado.
— Eu sei disso. Mas eu não tive tempo de dizer a ela. Na verdade, não dava pra jogar essa bomba em cima dela sem saber quem era o traidor... — Sou interrompido pela aeromoça que veio nos avisar que já estavamos em solo italiano. Puta que pariu! — Agora é só encarar a realidade certo? — digo tentando transmitir uma calma que nem eu estou tendo.
— Você está tentando me deixar calmo? Pode relaxar... Nem estou muito nervoso. Não lembro dela mesmo. — ele diz virando o rosto.
Porra. Se ela escutar algo assim vindo dele, ela vai surtar.
— Espero que você pegue leve com ela. Como eu disse, ela não sabe de nada, então não sei qual será sua reação.
— A gente vai até ela logo?
— Não. Mas os seguranças com certeza irão espalhar pela cosa nostra inteira que você está vivo assim que você descer desse avião. — Assim que termino de falar vejo quando as portas se abrem.
Eu sinceramente não sei o que nos espera nas próximas horas. E pela primeira vez, tenho medo de imaginar.
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FRAGILE | ✓
RomanceDurante toda minha vida eu sempre ouvi as pessoas falarem sobre o amor, e eu sempre quis viver um, e eu vivi. Um amor leal. Um amor terno. Um amor recíproco. Mas nada na vida é eterno. Se posso afirmar algo com plena certeza é que uma decisão errada...