REALIDADE PARALELA

CAPÍTULO DOIS.

02- A morte não é um adeus.

E a escuridão se torna tão maior. Estou caindo numa tristeza sem dor. Não é mau. Faz parte. Amanhã provavelmente terei alguma alegria, também sem grande êxtases, só alegria, e isso também não é mau. É, mas não estou gostando muito deste pacto com a mediocridade de viver.

Clarice Lispector.

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Quando finalmente dei o último fôlego de vida preso entre as águas,  percebi que não estava mais ali, e sim em um local repleto de escuridão, me senti que arrepiava a cada passo que eu dava, mas era como se eu estivesse de olhos fechados, pois eu não conseguia enxergar nada.

Será que finalmente eu tinha morrido?

Ainda caminhando pela escuridão, senti um vento forte balançar meus cabelos, abracei o meu corpo instintivamente. Eu sempre quis saber como seria a vida pós morte, mas agora estava prestes a descobrir.

— Seja bem vinda Priscila! —uma voz que eu não conseguia identificar o dono bradou.

— Quem é você? —perguntei curiosa.

— Sou a pessoa que te deu o fôlego de vida, aquele mesmo fôlego que você ousou a tirar. —a voz falou, a sua voz era tão forte, que me fez cair ajoelhada. Poderia ser comparado até com o trovão.

— Você não se envergonha? De ter tirado sua própria vida por puro capricho? — falou.

— Não foi capricho...Eu só não aguentei viver uma vida sem ter ele ao meu lado, pra mim isso era bem pior que a morte. — falei.

— Então você acredita que viver a vida que pra você foi dada, só tem importância com alguém do seu lado? Como você pode amar mais alguém do que a sua própria vida? Infelizmente o seu espírito não terá o descanso, e você perderá sua salvação. — a voz bradou com muita raiva.

— NÃO. — gritei — Eu te imploro que não faça isso... Eu só gostaria de me encontrar com ele novamente, e achei que esse caminho fosse o mais fácil. —falei em meio a lágrimas.

— O seu pior medo era de viver a vida sem ele estar ao seu lado? —perguntou e eu apenas concordei com a cabeça ainda ajoelhada. — Priscila, sou considerado uma pessoa benevolente, mas também sou uma pessoa justa com quem descumpre minhas regras. O seu coração sempre foi precioso e não destes muito trabalho para mim, a não ser o desprezo que você dá a sua vida, é algo que me irrita constantemente.

— Mas a minha vida nunca foi boa para que eu pudesse a valorizar. —falei, e logo em seguida me arrependi de minhas palavras.

— Priscila, você teve tantas oportunidades de fazer coisas boas em sua vida, mas a sua dependência exagerada por Nicholas te atrapalhou tantas vezes. Mas como eu sou uma pessoa justa te darei uma punição, pelo descumprimento de tirar a vida que te dei, só assim você poderá ser salva. Você viverá em um mundo no qual Nicholas nunca se se interessou por você, o mundo no qual pra ele você nunca existiu... Você verá a felicidade estampada nele todos os dias mas a felicidade não será compartilhada com você, e sim com outra pessoa... — falou, então eu me levantei rapidamente assustada.

— Como assim? Que mundo é esse? Nicholas está vivo? —perguntei com os olhos arregalados, o que era uma mania minha quando eu ficava surpresa ou ansiosa.

— Priscila o universo é muito vasto, existem coisas que você se quer acreditaria mesmo se vesse com seus próprios olhos... Você poderá ver Nicholas quantas vezes você quiser, mas nunca poderá ter o seu amor, pois se você tentar qualquer coisa terá consequências.