CAPÍTULO TRINTA E CINCO.

297 46 61
                                    

35 -Visita Inesperada.

"Eu creio que um dos princípios essenciais da sabedoria é o de se abster das ameaças verbais ou insultos."

Maquiavel.

Era surpreendente o quanto ela conseguia ser uma mulher elegante, mesmo estando grávida.

Vestida em uma calça social vinho, e um blazer da mesma cor, sua blusa de renda branca por dentro destacava sua pequena barriga de nove semanas, e segurava uma bolsa da Gucci em seus braços, e seus cabelos estavam soltos.

Seus olhos azuis me avaliaram de cima abaixo, mas não deixou transparecer nenhum sentimento, e era isso o que me incomodava. Franzi a testa sem entender o motivo de sua visita.

— O que você está fazendo aqui? — perguntei, então ela abriu um sorriso com os lábios fechados, e afastou um pouco a sua franja para o lado.

— Nossa como você está magra? Está doente? — perguntou ainda me avaliando, me deixando irritada.

— Eu estou bem, o que você quer? — a questionei para que ela chegasse no assunto, e parasse de observar meu corpo, que estava só pele e osso.

— Onde estão os seus bons modos Priscila? — então sorriu mostrando os dentes. — Antigamente você me chamava de Sra., Campbell, o que mudou? — então estalou a língua repetidamente. — Ops, isso era antes de você tentar roubar o meu marido. — falou e logo seu sorriso se fechou dando lugar a um olhar de desprezo.

— Você veio aqui pra quê? Pra jogar na cara que você é melhor? Que você conseguiu continuar com ele? Pois não precisava, eu já tenho a noção disso. — falei e fui fechar a porta mas ela a segurou com força, então parei.

— Espera... — enquanto ela segurava a porta, me imaginei batendo a porta em seu braço, mas eu não era capaz.

Por que eu não era a minha mente.

Então abri a porta outra vez dando espaço para que ela pudesse falar.

— O que você quer? — questionei.

— Tem algum restaurante ou café próximo daqui para ficarmos confortáveis? — ela falou.

Pensei em recusar, mas a minha curiosidade era o meu pior inimigo.

— Tem um café a uma quadra daqui, tem algum problema pra você ir andando? — perguntei.

— Claro que não, porquê?— perguntou sem entender.

— Você está grávida e está usando um salto altíssimo — falei, então ela abaixou a cabeça encarando os pés.

— Isso não é um problema, na gravidez de Kyra o que eu mais fazia era usar salto. — falou como se tivesse se recordando desse período.

Fechei a porta da pensão e devagar começamos a caminhar lado a lado.

As vezes a vida nós coloca a prova, de o quanto iríamos suportar passar por certas situações mantendo a dignidade. Pois nesse momento, eu estava ao lado da mulher que carregava um filho do homem que eu amo em seu ventre, também a mesma mulher que tem os sentimentos dele sobre os seus pés.

REALIDADE PARALELAOnde histórias criam vida. Descubra agora