27- O Resultado.
"Vai, minha tristeza, e diz a ela
Que sem ela não pode ser
Diz-lhe, numa prece, que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer."Vinícius de Moraes.
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Segunda-feira já havia chegado, era exatamente seis horas da manhã, e estava eu ali deitada e acordada.
Ele estava ao meu lado, adormecido, e outra vez estava eu presenciando a mesma cena que eu via durante quatro anos, toda vez que eu acordava.
Sua expressão serena, seus olhos fechados, seus pequenos cachos bagunçados, seus lábios pequenos.
Lentamente levantei uma de minhas mãos, e toquei seu nariz suavemente, para que ele não acordasse.
Segundos depois com a ponta de meus dedos acariciei sua bochecha sentindo o arranhar de sua barba que estava nascendo. Ele se mexeu um pouquinho, mas ainda assim continuou dormindo.
Retirei minha mão de seu rosto e coloquei de volta na cama, encarei o teto branco e suspirei cansada.
Depois do jantar na casa de Marcela eu continuei dormindo na casa de Nicholas, íamos para o trabalho juntos, fazíamos compras juntos, era como se fossemos casados outra vez.
Dobrei as minhas buscas pela resposta do enigma, na esperança de que eu pudesse ficar pelo menos um pouquinho nessa terra.
Mas no fundo eu tinha um pressentimento de alguma coisa daria errado, pois acontecimentos bons geralmente fugiam de mim como o diabo foge da cruz.
Finalmente criei coragem e me levantei da cama, meu corpo estava desnudo, depois de mais uma noite de amor.
Caminhei até o guarda-roupa e peguei um dos roupões de Nicholas e me vesti, e caminhei até a cozinha e preparei seu café da manhã, para que ele se alimentasse bem antes de ir trabalhar.
Pedi uma folga na empresa pois hoje era o dia que eu iria acompanhar Marcela para pegar o resultado do exame da mama, e fazer o de sangue.
Meu corpo estava tenso, eu estava muito preocupada de que o resultado do exame não fosse bom.
Samantha dizia que era melhor ter pensamentos positivos, mas era tão difícil pensar em coisas boas.
Assim quando terminei, caminhei até o banheiro, tirei meu roupão, e a parede espelhada me deu a visão completa de meu corpo, então me virei e tentei ignorar a minha imagem.
Escovei os dentes, e entrei na área de banho, fechei o box, liguei o chuveiro e a água gelada começou a descer sobre meu corpo, e esse era um dos melhores momentos para pensar na vida.
Eu não conseguia evitar essa sensação de que essa felicidade minha era momentânea, provavelmente era culpa de estar descumprindo ordens.
Mas eu não iria ficar com minha ladainha, eu fiz essa escolha pois eu estava pronta para as consequências.
Assim quando terminei me enrolei em minha toalha que estava pendurada ali, e caminhei até o guarda-roupa.
Peguei uma calça jeans surrada, e uma T-shirt vermelha, e uma sandália rasteira de couro, e o sobretudo preto do Nicholas caso estivesse fazendo frio.
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REALIDADE PARALELA
RomansaPriscila Silva Santos é uma mulher depressiva com baixo autoestima, casada como o amor de sua vida, porém super dependente dele. Mas por azar do destino Nicholas acaba morrendo em um acidente de carro deixando Priscila sozinha no mundo, e por ser tã...