CAPÍTULO DEZESSETE.

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17- Nada de garota de Ipanema, eu prefiro a de Londres.

"Não deixe dominar-se pelo passado, você vive no presente, caminhando para o futuro."

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O céu estava escuro e o vento balançava meus cabelos.

Do outro lado da rua encarei o mar, eu nunca estive tão perto dele assim.

A rua estava movimentada, algumas pessoas estavam sentadas em quiosques comendo e bebendo, as músicas se misturavam pois em cada uma barraca tocava algo diferente.

Caminhamos pelo calçadão de Copacabana nossas mãos estavam entrelaçadas, era como se eu ainda estivesse no meu mundo, com o meu esposo auxiliar administrativo, que gostava de fazer bugigangas.

Em silêncio observamos alguns casais de namorados passeando de mãos dadas, outros brincavam com crianças que eu deduzia ser seus filhos.

Nicholas percebeu que eu encarava sem desviar o olhar em nenhum momento das mães brincando com seus filhos.

— Você pensa em ser mãe um dia? — ele me perguntou.

Um dos meus maiores sonhos era ser mãe, eu queria ter a oportunidade de que um ser tão pequenino crescesse em meu ventre, mas infelizmente a vida não é do jeito que a gente quer.

— É complicado. — suspirei.

— Como é complicado? Ter filhos é uma benção de Deus. — afirmou — Eu não sei o que seria de mim sem a minha pequena Kyra, eu com certeza nasci pra ser pai.

Suas palavras se tocaram em meu peito como uma espada de dois gumes, segurei as lágrimas, e abri um sorriso.

Era tão ruim sorrir quando queremos chorar.

— É uma benção que quem não quer pode ter, mas quem quer não consegue. — falei com um nó na garganta ainda olhando para as crianças.

— Então você não pode ter filhos? — perguntou.

— Infelizmente não. — falei então direcionei meu olhar pra ele, que me encarava atentamente, seus olhos ficaram um pouco menores e piscavam lentamente.

— Que triste! — aquele olhar de pena era cortante, eu não queria a sua pena, e sim o seu amor.

— Vamos mudar de assunto por favor? — pedi, então ele assentiu.

Então comecei a reparar nas ondas do mar, e me afastei dele, e corri até a areia, enquanto meus cabelos e meu vestido rodado se balançavam junto com o vento.

— Onde você está indo? — sua voz distante gritou.

— Venha... Vamos aproveitar. — falei então tirei minha sandália rasteira e pude então senti meus pés se tocando na areia pela primeira vez.

Então Nicholas tirou os seus sapatos e colocou junto com a minha sandálias, sua camisa também se balançava junto com o vento enquanto ele sorria balançando a cabeça.

Olha que coisa mais linda
Mais cheia de graça
É ela, menina
Que vem e que passa
Num doce balanço
A caminho do mar.

REALIDADE PARALELAOnde histórias criam vida. Descubra agora