CAPÍTULO OITO.

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08- Bésame.

"Olho a noite pela  lá
vidraça. Um beijo, que passa
acende uma estrela."

Guilherme de Almeida.

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Apesar de minha cama ser grande, eu tinha demorado pra me acostumar a dormir desacompanhada, a solidão era uma dos sentimentos mais horríveis de se sentir, tirando a parte de perder alguém que se ama.

Muitas noites eu tinha pesadelos com o momento em que me suicidei, ou Nicholas aparecia pra mim e começávamos a nos beijar, ele passeava as mãos pelo meu corpo e me dava prazer, mas em seguida se transformava em uma outra pessoa, eu me afastava imediatamente, mas eu não conseguia ver o rosto, e sim um corpo moreno, musculoso com um uma marca de nascença pequena no peito esquerdo, em uma forma triangular pequena, e eu acordava no meio da noite e não conseguia mais dormir.

A noite em Londres era sombria quando você estava sozinha, as vezes eu tinha medo de vultos, ou de sons, estranhos, era algo bem surreal, e como eu era medrosa, me agarrava no travesseiro, e cobria meu corpo todo e ficava rezando. Era engraçado eu sei.

Hoje a noite estava especialmente mais fria do que o comum, e eu estava deitada, enrolada no edredom, geralmente em noites assim Nicholas fazia chocolate quente e pipoca, e assistíamos vários filmes, logo em seguida fazíamos amor.

Nicholas não era bruto, ele era um homem romântico, e carinhoso na hora H, fechei os olhos e comecei a sentir como se suas mãos estivessem me tocando, quando ele deslizava as mãos em minha cintura, e mordia meu lóbulo da orelha, e as trilhas de beijos em meu pescoço, de tudo.

Foi quando o celular tocou interrompendo minha imaginação, que droga!

Atendi sem olhar quem era, e a voz animada de Samantha gritando invadiu meus ouvidos.

— AMIGAAAA, tenho dois convites pra inauguração da galeria do Lucien que vai ser amanhã, topa?

— Samantha pelo amor de Deus, não grita, eu estou com fone no ouvido. — falei — Mas esse Lucien nem me conhece, o que eu iria fazer em uma inauguração dele? — perguntei tentando me livrar do convite.

— Ah Priscila, ele me deu um convite, mas eu falei que queria levar uma amiga, então ele me deu dois, não me deixe ir sozinha por favor. — Sam pediu e eu suspirei cansada.

Eu não negaria qualquer outro pedido da Sam, mais pra ser sincera estou com medo de me bater com Lucien novamente, depois daquilo que ele disse, eu não sabia o que ele ainda era capaz de fazer, mas se eu me escondesse seria bem pior, eu estava sendo muito covarde pra quem se jogou no rio Tâmisa.

— Tudo bem Sam, eu vou com você, como eu poderia te negar algo? — falei e Samantha resmungou do outro lado.

— Agora que você tá muito mais próxima do Nich, me conte como foi a reação dele ao saber que Lucien estava de volta? — Sam perguntou, e eu me lembrei da expressão do Nich.

— Terrível! Você acredita que ele desmarcou todos os compromissos dele, pra viajar para o Brasil com Amélia? — me senti uma fofoqueira, mas eu confiava na Sam.

REALIDADE PARALELAOnde histórias criam vida. Descubra agora