aquele da decisão

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Era um final de quinta-feira comum. Eu estava no centro de treinamento com a minha instrutora Agnes quando o Chanceler e os outros membros da corte real adentraram na sala e interromperam a minha aula.

– Seja lá o que vocês tenham para me falar, que seja breve. Eu estou treinando. – Falei direta ignorando a presença deles.

– Vejo que a senhorita está sempre com uma resposta bem educada na ponta da língua. – Disse o Chefe da Vigília com ironia.

– Acho que essa mocinha deve dá um baita de um trabalho a Lady Blossom. – Brincou o Marechal de Campo.

– Se eu dou ou não trabalho a Lady Blossom, isso não é problema seu. Não é, capitão? – Perguntei irônica e sem paciência.

– Celestia! - Repreendeu-me o Chanceler.

– Controle essa sua língua e nos acompanhe até a câmara de reuniões. Seu pai tem uma notícia para lhe dar. – Continuou o Chanceler em um tom austero, e sem nada a falar eu apenas os segui.

Fui o caminho todo calada, com o meu pensamento gritando de curiosidade.
O que o meu pai quer comigo?
Isso é algo de se assustar, porque meu pai fica tão ocupado com os assuntos do reino que as vezes esquece que tem uma filha.
Chegando no gabinete, ele estava sentado junto a minha mãe e o Chefe da Guarda de Staticaw.
Ao me aproximar, ele me recebeu com um estranho sorriso e vi a sua face torna-se serena.

– Celestia, minha filha. Que bom que você chegou. – Disse ele me abraçando contente.

Minha filha?!

– Oi, pai. O senhor mandou me chamar? – Perguntei sem deixar expressar a minha enorme curiosidade e estranheza com o carinho repentino dele.

– Mandei sim. Eu tenho uma boa notícia para lhe dar. – Respondeu ele com um sorriso.

– Sério? – Perguntei um pouco assustada e ele assentiu.

– Você já completou dezoito anos e acho que já chegou a hora de expandirmos horizontes. – Respondeu ele.

– Como assim, pai, o senhor quer me mandar para uma viagem? – Perguntei sorrindo em tom de brincadeira e o Chefe da Guarda segurou uma risada abafada, enquanto os outros olhavam sérios para o meu pai esperando uma resposta.

Com exceção do Chanceler, ele nunca gostava das minhas piadas.
E eu detesto ele!

– Ele quis dizer que está na hora de você se casar, Vossa Alteza. – Bufou o Chanceler, revirando os olhos como se fosse algo óbvio.

– O quê?! Isso não é verdade, não é, pai? – Perguntei incrédula lançando o olhar para ele.

– É sim, minha filha. – Respondeu ele.

– Mas pai, eu não quero me casar, pelo menos não agora. – Falei.

– Não é questão de querer Celestia, você irá se casar e ponto. – Disse meu pai com um tom rigoroso.

– Então é isso. Eu não posso nem ter a liberdade de escolher com quem eu quero me casar? – Perguntei indignada.

– Isso não é uma questão de escolha, minha filha, isso tem haver com poder. – Respondeu o meu pai.

Poder.
A única palavra no vocabulário do meu pai que o orgulha e o alegra.
Ele sempre fez tudo em nome do poder, e estava disposto a enviar sua única filha para um reino que nem mesmo ele conhecia. Tudo isso, em nome do poder.

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