aquele de Dric

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Desde aquela noite.
Eu já suspeitava da Cherry desde aquela noite em que ela veio em minha direção me trazendo o meu jantar. Mas só tive a certeza no dia seguinte, quando "sem querer" eu ouvira a conversa de Adelaide com o Dean quando eu estava passado para adentrar na cozinha.
Eu ouvir muito bem quando ela falara que as duas trabalhavam na corte de Fousvin e que Jaquelyn era a sua filha mais velha. Eu saciei a minha dúvida depois dessa confissão.
No mesmo dia, eu fui mandado pela Adelaide para ir até o Monte Celesto caçar juntamente com o Jeremias e o Tomas. E os outros rapazes também foram com a gente, e eu sabia que aqueles dois não iriam para caçar, eles foram por causa da princesa. Eles estavam de olho em Cherry, mas por que?
Seriam eles soldados disfarçados que vieram atrás da princesa de Fousvin?
Eu não sei, mas também eu não podia arriscar em deixar que fiquem livres dos meus olhos e do radar do OT.
Quando voltei da caçada, ela estava conversando com os rapazes. E quando ela voltou a sua atenção para mim, perguntando-me o meu nome, eu estava quase me perdendo em um mundo desconhecido e estranho.
Por causa daquele sorriso e do seu jeito que nada inspirava realeza.
A princesa era diferente dos demais membros da realeza qual eu já conheci. O que deixava uma dúvida enorme em mim sobre o jeito dela, seria mais um disfarce?

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No dia seguinte, quando Jaquelyn sugeriu uma aposta com espadas, me surpreendi quando a princesa aceitou.
Ela não hesitou a nenhum momento e isso revelava mais da sua personalidade.
Quando ela brigou contra Dean na arena, pude estudar os seus movimentos. Ela era muito focada e cautelosa, sem contar em sua força de vontade, que a destacava dentre as demais.
Ela era forte.
No jantar daquele mesmo dia.
Todos nós nos encontramos presentes na mesa e cada um compartilhara um pouco da experiência vivida hoje. Adelaide se divertia com os detalhes do duelo e várias risadas foram divididas por nós. Eu tive que me retirar, pois eu tinha um encontro com o OT na floresta. Usei a desculpa do cansaço para que eu pudesse sair sem levantar nenhuma suspeita e assim que eu entrei no quarto, avistei uma janela que dava para fora e eu a usei para sair da estalagem. Ela não era alta já que ficávamos no térreo, pois os quartos do segundo andar eram destinados para os hóspedes de passagem.
Quando cheguei do lado de fora, caminhei até a floresta e então o avistei escondido nas sombras.

— Finalmente! Achei que não viria mais. — Disse OT.

— Nossa, quanto drama. Eu tive que esperar pelo jantar para poder sair sem que suspeitasem. — Falei.

— Qual é a sua DC?! Por quanto tempo mais você ficará com esse joguinho idiota? — Perguntou-me ele irritado.

— Relaxe. Eu sei o que estou fazendo. — Respondi.

— É bom que saiba mesmo. Porque o Lundyer já mandou os seus amiguinhos virem atrás de nós. — Disse OT.

— Como é, o AS e o ZK estão aqui?! — Perguntei alarmado.

— Sim. Eles vieram atrás de mim hoje. Mandaram avisar que o Lundyer está impaciente. — Respondeu ele.

— Só mais alguns dias. Eu prometo que a pegarei. — Falei e ele revirou os olhos.

— Não há mais como esperar, CD. — Disse OT.

— Você sabe como o Lundyer é apressado. — Continuou o mesmo.

— Apenas alguns dias. Pelo menos até o Festival Anual De Crivel passar. É daqui a três dias. — Falei e o mesmo soltou um suspiro.

— Tudo bem, três dias é o seu prazo. Se você não pegar a princesa. Nós a pegaremos. Do nosso jeito. — Disse OT em forma de aviso e eu assenti.

— Amanhã eu informarei a eles o seu prazo. E avisarei que poderão agir caso você não o cumpra. — Falou ele e eu fitei o chão cerrando o maxilar.
OT me encarou confuso.

— Qual é o problema, não está querendo dá para trás, não é? — Perguntou-me ele.

— Não! É só que... Ela não é como eles. — Respondi e então o OT riu, até o momento em que percebeu que eu não estava fazendo o mesmo.

— CD, esses membros da realeza são todos iguais. — Disse ele e eu fitei o chão.

— Espere. Não me diga que se apaixonou pela princesinha? — Perguntou ele enquanto me estudava, mas eu era muito bom em esconder os meus sentimentos.

— Está enlouquecendo OT, é claro que não! — Respondi.

— Acho bom. Até porque você sabe que essa historinha de amor nunca daria certo entre uma princesa e um bárbaro. — Disse ele e então sentir a raiva me invadir, embora eu soubesse que as palavras do OT eram verdade.

— Bom, enfim... Eu já estou indo. — Falei me levantando para ir embora e OT não disse nada, apenas me assistia calado.

Eu me virei para sair, sem nada a dizer. E quando eu estava no lado de fora da floresta eu o ouvir me chamar e então parei.

— Nós somos os Zections, e lealdade a Darkican é o nosso lema. Não se esqueça disso. — Disse ele e sem o encarar eu apenas seguir o meu caminho em direção ao quarto.

Não tenho muito conhecimento em assuntos religiosos, e eu não sabia para que deus eu estava pedindo, só sei que supliquei com todas as forças para que nenhum dos garotos estivessem dentro do quarto. Quando cheguei a janela pela qual eu sair, eu lançei um olhar discreto para dentro do quarto e ele estava vazio.
Agradeci aos deuses e adentrei no quarto. Em seguida arrumei os cobertores no chão e me aconcheguei. Meus pensamentos não paravam de imaginar a Cherry sendo levada para Darkican, eu não poderia a livrar deste destino, e isso me deixava impotente e fraco, e eu odiava tudo isso.
O que me restava, era encontrar um jeito de livra-la desse acontecimento o quanto antes.
Eu sabia que se eu a ordenasse que fugisse seria muito pior e isso seria uma traição ao Lundyer e o pior, seria uma decepção para Darkican, o reino que bem me acolheu quando eu fui expulso por um outro.
O que resta, é tentar mantê-la viva e provar para o Lundyer que ela não é como eles.

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