aquele do álcool

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Depois que a festa havia acabado.
Sonah me acompanhou até uma tenda vermelha para que eu pudesse passar a noite a vontade. Eu a agradeci e ela saira logo em seguida.
Eu estava tirando o meu vestido e desamarrando o desconfortante espartilho. Eu vesti uma confortável camisola branca de seda com alguns discretos decotes de renda. Eu desfazia as tranças do meu cabelo quando eu fui surpreendida com um alto barulho de pancada do lado de fora da minha tenda. Eu peguei a minha secreta adaga, que eu a mantinha escondida dos barbáros desde que saímos de Crivel e mantive "escondida" atrás de mim enquanto saia cautelosamente para verificar o barulho.
Não precisei procurar muito para descobrir quem teria feito o barulho. Eu me virei e vi um homem sentando e encostado em um tronco de árvore, me aproximei lentamente do mesmo, com a adaga a disposição e então quando eu visualizei o seu rosto, fui imediatamente em direção do mesmo.

— Dric?! — Falei preocupada me abaixando tentando encontrar algum sinal de machucado em seu rosto, mais eu não vi nada.

— O que aconteceu? — Perguntei e então ele se pôs de pé, cambaleando.

— Você bebeu? — Perguntei novamente.

— Bebi. Por acaso você tem algo contra a isso? — Perguntou o mesmo tentando seguir algum rumo, mais a sua tentativa foi em vão e ele cambaleou e quase caiu.

Ele estava apoiado no tronco de árvore e então eu soltei um suspiro fundo, seguindo em direção ao mesmo.

— Deixe eu te ajudar. — Falei colocando o seu braço em volta do meu pescoço, e com um pouco de dificuldade eu o guiei até a minha tenda.

Eu o posicionei em minha cama e caminhei de um lado para o outro, tentando pensar no que eu faria com o Dric naquele estado.
Eu não podia simplesmente deixá-lo do lado de fora. Embora eu tivesse motivos para isso, eu não conseguia fazer tal maldade.
Enquanto eu caminhava aflita de um lado para o outro, ele me encarava sério.

— Eu já te disse o quão provocante você fica com essa camisola de renda? — Perguntou-me ele com um sorriso malicioso em seu rosto.

— E eu já te disse que te coloco do lado de fora se você continuar com essa palhaçada?! — Ameacei irritada enquanto ele ainda sorria com o seu sorriso malicioso de sempre.

— Por que bebeu tanto? — Perguntei e então ele sorriu.

— Eu só queria me divertir um pouco. — Respondeu ele.

— Eu sei que não é isso, Dric. — Falei sentando-me ao seu lado.

— Me diz o que aconteceu na sua conversa com o ZK. O que ele te disse? — Insistir ele me encarou sério, mais não falou nada e então finalmente ele soltou um suspiro.

— Ele não me disse nada de mais. Apenas que iremos embora amanhã. — Disse o mesmo.

— Mais já? — Perguntei e ele assentiu.

— Ele é um homem que não gosta de fazer ninguém esperar. E o Lundyer é um homem que não gosta de esperar. — Respondeu ele e então em assenti em entendimento.

— Bem... Então é melhor nós descansarmos. — Falei.

— Principalmente você. — Concluir me levantando, mas parei quando senti Dric segurar o meu braço.

Eu o encarei curiosa, esperando que ele fosse me falar alguma coisa, mais então ele me puxou e eu cair em cima do mesmo.
Ele me encarava sério enquanto eu o olhava assustada e sem jeito.

— Dric, por favor...

— Cherry, eu quem peço por favor! — Disse ele me interrompendo e então me empurrou e eu deitei na cama.

Ele ficou em cima de mim.
Me encarando da mesma forma como ele sempre me encarava.
Sério e profundo.

— Será que você não entende que eu gosto de você e que tudo isso que eu faço é para salvar a sua vida? — Perguntou-me ele enquanto me encarava com um certo desespero em seu olhar.

Embora ele estivesse mentido para mim em Crivel, agora eu sentia que ele estava falando a verdade.
Ele não falara de forma calculada, sua fala agora é desesperada.

— Tudo bem, Dric. Eu acredito em você. — Falei.

Mesmo que eu não acreditasse totalmente no mesmo, eu falei o que ele precisava ouvir no momento. Até porque ele está bêbado e não queria contrariá-lo.
Ele se aproximou mim para me beijar, mais eu o empurrei com força e o mesmo caiu para o lado, na cama. Ele me encarava com raiva, eu pude perceber pela sua respiração ofegante. Mais isso não me amedrontou nem um pouco.
E então ele se aproximou de mim e logo eu recuei, mais ele segurou com força o meu pulso esquerdo e me puxou para si.

— Ou você me solta agora, ou eu te coloco para dormir do lado de fora! — Ameacei e ele me lançou um sorriso.

— Você se torna ainda mais provocante quando fica estressada. — Disse ele e então eu o empurrei, mais era impossível. Ele segurava forte em minha cintura.

Sabendo que eu não conseguiria me soltar do mesmo, eu resolvi entrar em seu jogo.

— Então você dizia me acha provocante com essa camisola, não é? — Falei enquanto atuava um jeito provocante e ele me encarou sério.

— Se você me soltar, eu posso deixar você olhar mais de perto. — Continuei e o mesmo engoliu em seco e me soltou em surpresa.

Ainda mantendo a minha atuação, eu segurei a mão do mesmo e o guiei até a cadeira que estava em frente a minha penteadeira e logo ele sentou-se enquanto me encarava surpreso e visivelmente nervoso. Como se fosse a primeira vez em que veria uma mulher despida.
Ou será que realmente era?
Não... Impossível.
Fui em direção a minha cama e logo no vácuo abaixo dela, havia duas cordas que eu as havia escondido junto a minha adaga, para uma precisão. Em seguida fui em direção do mesmo que ainda me encarava com surpresa e então eu amarrei os seus pés e suas mãos, de forma provocante dando a entender que eu faria outra coisa.

— Pronto. Agora que está preso, eu posso finalmente começar o meu show. — Falei enquanto ele ficava estranhamente mais nervoso.

Em seguida eu pulei na cama e me aconcheguei na mesma com os olhos fechados.

— Cherry, me tire daqui! — Exigiu ele e então eu sorri.

— Que tipo de brincadeira é essa?! — Perguntou o mesmo irritado.

— Aquela que se chama, "não tire liberdade comigo, especialmente se estiver embreagado de rum". — Respondi.

— E eu vou passar a noite aqui? — Perguntou-me o mesmo indignado.

— Prefere do lado de fora? — Perguntei e o mesmo parou.

— Cherry...

— Boa noite, Dric. — Falei interrompendo o mesmo e então eu fechei os olhos.

Beyond The HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora