aquele de Jaquelyn

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Ninguém se movia.
E por um breve momento eu acreditei na possibilidade de que nenhum deles respiraram mais.
Depois da revelação surpreendente dos meninos, o clima ficara pesado e o silêncio insistiu até que Daniel finalmente pôs um fim, explicando os seus motivos de virem para Crivel e também por mentirem as suas identidades. Logo eles foram compreendidos. Embora todos ainda estivessem confusos e abalados pelos acontecimentos de hoje.
Em seguida, Lucas gritou "Agora" e no mesmo instante, cinco jovens rapazes vinham cavalgando a todo vapor em nossa direção. Eles afirmaram ser os seus soldados.
Quando os rapazes chegaram, eles pararam enfileirados lado a lado, como soldados bem treinados.
Daniel apresentou cada um deles, dizendo os seus nomes e quando por fim chegou em seu último homem, de aparência um pouco mais madura do que os demais.
E eu parei incrédula assim que o analisei melhor.

— Ety?! — Perguntei ainda sem acreditar no que vira.

— Não acredito... Jaque?! — Perguntou-me também ele, descendo do seu cavalo enquanto vinha de encontro a mim e então nós dos abraçamos.

— Eu achei que nunca mais te veria de novo. — Falei ainda o abraçando, me esforçando para não chorar.

— Eu senti tanto a sua falta. — Disse ele.

Permanecemos abraçados por alguns segundos, até que o Daniel nos interrompeu.

— Vocês já se conheçem? — Perguntou o mesmo arqueando uma sobrancelha e então nos separamos um pouco sem jeito.

— Sim, nós já vivemos uma história alguns anos atrás. Antes que eu fosse oferecer os meus serviços ao seu reino. — Respondeu Ethan.

— Vocês eram namorados? — Perguntou Lucas e eu assenti.

— Ah... Então é por isso que você sempre fica estranho quando eu menciono algo a respeito de amor. — Disse Daniel me deixando surpresa.

— Sim... — Respondeu Ethan envergonhado.

— Isso é verdade? — Perguntei e ele assentiu com um sorriso vergonhoso.

— Eu nunca esqueci de você, Jaquelyn. — Disse Ethan me encarando fixamente enquanto o meu coração acelerava em meu peito.

Estávamos nos encarando nesse momento, e era tudo o que eu podia "dizer".
Eu também nunca havia o esquecido e saber que ele sentia o mesmo ao meu respeito só me deixava mais aliviada e feliz, pois eu sempre achei que ele já tivesse seguido em frente e tivesse uma esposa e os filhos que sempre sonhara, mas a verdade é que não, ele ainda me ama como eu o amo.

— Isso também explica o porquê que ele já conhecia Crivel quando os soldados mencionaram a respeito. — Disse Samuel atraindo a nossa atenção de volta.

Agora tudo fazia sentido.
Foram os soldados Snoctanos que nos interrogaram naquele dia.
Foram eles quem nos entregaram. Eu já deveria suspeitar.

— Então foram os soldados que falaram a vocês sobre nós, não foi? — Perguntei e Daniel assentiu.

— Foi muita sorte nós os encontrarmos. — Disse o mesmo.

— Embora que mais cedo ou mais tarde, nós estaríamos aqui de qualquer maneira. — Concluiu o Daniel e eu assenti.

Em seguida, Daniel contou aos rapazes o que havia acontecido com a Cherry, e ressaltou com muita ênfase a respeito da traição de Dric, como se por acaso os rapazes já o conhecessem, mas era o que parecia.

— Aquele vendedor de peles é um bárbaro? — Perguntou Samuel com um certo deboche.

— Sim. Nós não fomos os únicos mentir nossas identidades. — Respondeu Lucas.

— Acho que isso já está até virando tendência por aqui. — Brincou Evie.

— Enfim... Acho que agora temos uma nova missão a ser feita. — Disse Lucas mudando de assunto e Daniel assentiu.

— E por acaso vocês já tem um plano? — Perguntou Ethan.

— Segui-los até Darkican para que possamos salvar a princesa, é claro. — Respondeu Daniel com certeza.

— Isso me parece muito arriscado. — Falou Ethan.

— É melhor irmos até Fousvin para avisarmos ao rei o ocorrido. Ele ordenará que os seus soldados a busquem. — Completou o mesmo.

— Não, isso será uma enorme perca de tempo. Nós devemos ir agora. — Disse Daniel montando em seu cavalo.

Ele posicionou-se frente a nós e então encarou os rapazes com seriedade para mostrar o quão sério e decidido ele estava.

— Quem está comigo? — Perguntou o mesmo e logo Lucas montou em seu cavalo, juntando-se a ele.

Samuel e Henry trocaram um olhar de relance, mas logo assentiram e juntaram-se aos príncipes para a missão. Em seguida e um pouco relutante, Ethan também se juntou.

— Embora isso pareça uma extrema loucura. Eu sei que é por uma boa causa. — Disse ele por fim, também juntando-se aos seus amigos.

— Agora estamos prontos para seguir. — Disse Daniel.

— Por favor, tomem cuidado. — Falei com preocupação a todos, porém eu não tirava os olhos de Ethan e todos assentiram com as cabeças.

— Eu ficarei bem, eu prometo. — Disse Ethan como se estivesse lendo os meus pensamentos e um sorriso preocupado surgiu em meu rosto.

Embora eu soubesse o quão vaga era a sua promessa, e que nem mesmo ele pudesse me garantir certeza, eu assenti.
Logo eles se foram.
Cavalgando velozmente para a floresta.
E enquanto todos estavam distraídos com a atenção voltada para o rastro dos meninos adentrando na floresta, eu subi no meu cavalo e me aproximei deles, que imediatamente me olharam espantados.

— Por favor, não me diga que irá atrás deles. — Disse a minha mãe.

— Não. Eu ainda não desisti de ir até Fousvin. — Falei.

— Eu preciso conversar com o rei, ou alguém do seu gabinete sobre o ocorrido com a princesa. — Completei e ela me olhava com preocupação.

— Tudo bem, mãe. Eu irei com a Jaque. — Disse Jeremias aproximando-se de mim, já montado em seu cavalo.

— Eu preciso fazer um trabalho para a Cherry. Investigar o Chanceler. — Continuou o mesmo.

Minha mãe nos olhava preocupada.
Eu sabia que ela não permitiria que voltássemos para Fousvin, mas ela também sabia que não adiantaria se opor contra a nossa decisão e por isso, nem se deu o trabalho de discuti a respeito.

— Tomem cuidado. — Disse ela um pouco relutante enquanto pegava a minha mão.

— Nós tomaremos, mãe. — Respondi enquanto trazia a mão dela até a minha boca para que eu pudesse beija-la.

— Não se preocupe. Eu cuidarei da
Jaque. — Falou Jeremias e então a mãe soltou um sorriso fraco.

— E quem cuidará de você, meu filho? — Perguntou a mesma.

— Eu. — Respondi e então ela olhou para mim.

— Tudo bem... Vê se ficam longe de problemas. — Disse ela e então nós assentimos.

Logo mais, nós partimos.
Cavalgamos na direção oposta dos meninos. Nós adentramos a floresta para seguir em direção a estação verão e logo, estaríamos em Fousvin.
Pelo menos, assim esperávamos.

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