aquele de Jaquelyn

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Eu e o Jeremias ainda estávamos escondidos, tentando ouvir a conversa dos homens. O senhor Park os atendiam simpaticamente, como ele sempre nos cumprimentava. E logo que o senhor Park saiu, depois de lhe servirem duas doses de rum, um dos homens quebrou finalmente o silêncio entre eles.

— Então meu caro Chanceler, o trabalho está realmente feito? — Perguntou o homem e então o Chanceler soltou uma risada controlada.

— Pode apostar que sim. Vossa Majestade. — Respondeu o Chanceler.

Vossa Majestade.
Então é verdade, o rei realmente tem uma amizade secreta com o Chanceler. Minha dúvida foi descartada, dando espaço para mais preocupação e curiosidade sobre esse novo fato. Jeremias se aproximou da parede do balcão e então olhou através do buraco que continha nela.
Quando ele voltou, olhou para mim sério, e confirmou que quem estava com o Chanceler, era de fato do rei George de Snoctum. Em seguida, nós voltamos a nos concentrar na conversa de ambos.

— E onde você escondeu? — Perguntou o rei.

— Está aqui comigo. Eu achei melhor deixá-lo bem escondido em minhas longas vestes, do que deposita-lo em minhas coisas na corte. — Respondeu o Chanceler.

— Pode ser perigoso. — Concluiu o mesmo.

Do que será que eles estavam falando?
Essa era a pergunta que gritava em minha cabeça, e que ao mesmo tempo eu via nos olhos do Jeremias, que me encarava sério e um tanto que preocupado a respeito.

— Então... Quando você pretende usá-lo? — Perguntou o Chanceler.

— Eu ainda não sei. Mais creio que seja muito em breve. — Respondeu o rei.

— Quando eles derem por finalizada a busca pela princesa. — Concluiu o mesmo.

— E quanto aos príncipes. Eles ainda não voltaram na busca. — Perguntou novamente o Chanceler.

— Eu já ordenei que os nossos soldados fossem em busca dos mesmos. — Respondeu o rei com tranquilidade.

Alguns segundos de silêncio iniciou-se entre eles. Eu estava nervosa e o Jeremias pensativo. Como quem estivesse tentando descobrir o que ambos estavam aprontando. Mais logo fomos interrompidos pelo Chanceler, que iniciou de novo a conversa.

— Eles tem que voltar logo. — Disse o Chanceler.

— E eles vão, pode confiar. — Falou o rei.

— Coitado dos filhos do Oliver. Mal saem de um problema e terão que enfrentar outro. — Disse o Chanceler soltando um suspiro triste.

— Com a morte do pai deles, Daniel terá que assumir o trono. — Completou o mesmo.

Mais o quê?! Como assim?!
O rei Oliver morreu?
Ele nem estava doente quando eu e a Celestia deixamos Fousvin.
E que história é essa de que os príncipes foram enviados em missão de resgate da princesa?
Tudo estava muito estranho, muito errado. E minha vontade de descobrir o fundo desse poço só aumentava.

— Não se preocupe que ele não terá que se preocupar com isso. — Disse o rei.

— Por que não? — Perguntou o Chanceler.

— Por causa do que pegamos. É claro. — Respondeu o rei sem paciência.

— Quando eu abri-lo e descobrir o os segredos das técnicas que tem escrito... Eu terei o poder de governar os três reinos maiores. — Continuou o mesmo.

Eu parei e me afastei um pouco.
Eu havia sentido uma tontura. Além de fraca, eu também estava visivelmente preocupada e desesperada. Eu não podia acreditar no que eu ouvira. E então Jeremias aproximou-se um pouco de mim e me encarou preocupado.

— Tudo bem com você, Jaque? — Perguntou-me ele aos sussurros e então eu assenti.

— Foi só uma fraqueza. — Falei.

— É melhor nós irmos. Foi muita informação para uma noite só. — Disse ele e então eu o parei, segurando em seu braço enquanto eu o encarava séria.

— Eu já sei o que eles roubaram, Jeremy. — Falei e então ele me encarou curioso.

— Foi o Pergaminho Sagrado. — Concluir e então ele arregalou os olhos.

A conversa dos homens ainda continuava e enquanto eu e o Jeremias nós encarávamos sérios. O rei George nos surpreendeu com a sua risada.

— Não se preocupe, rapaz. — Disse o rei enquanto controlava a sua risada.

— Eu saberei o momento certo para se usar o poder... Do Pergaminho Sagrado. — Continuou o mesmo, afirmando a minha fala.

Jeremias me olhou preocupado, como se quem não soubesse o que fazer. Seus olhos procuravam respostas nos meus. Eu já o conhecia muito bem. E em compensação, ele também me conhecia, e sabia quando eu estava planejando alguma coisa.

— Você tem um plano, não é? — Perguntou-me ele e então eu assenti.

— Mais ele é um pouco arriscado. Eu preciso que você confie em mim e faça tudo que eu mandar. — Falei e um pouco relutante, ele assentiu.

— Eu não sei quando, ou se a Celestia voltará. Então temos que agilizar as coisas para ela. Porém... — Falei enquanto fitava o chão.

— O que? — Perguntou-me Jeremias.

— Porém que não podemos fazer por ela. Celestia precisa está aqui para concluir o meu plano de revela-los e enfrenta-los. — Respondi enquanto o encarava séria.

— Tudo bem... — Disse Jeremias preocupado.

— Qual é o seu plano afinal? — Perguntou-me o mesmo.

— Vamos voltar para a cabana. Eu te explicarei melhor. — Falei.

— Acho que já ouvimos o suficiente. — Concluir e o mesmo assentiu.

Em seguida, nós saímos abaixados e cautelosamente do esconderijo que o senhor Park nos indicou, e em poucos segundos, nós já estávamos fora da casa do mesmo.
Seguimos até a cabana e assim que adentramos, eu e o Jeremias nos aconchegamos no sofá, enquanto eu citava o meu plano para o mesmo.

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