Beyond The Heart

aquele dos sentimentos

Já havia passado o café da manhã quando Adelaide pediu para que eu fosse novamente até o Monte Celesto, mas dessa vez, era para colher amoras silvestres.
O Festival Anual de Crivel não é apenas famoso pela sua cultura, dança e orações aos deuses. O festival era muito conhecido por seus sabores exóticos e maravilhosos.
Todos os anos, Adelaide era a responsável pela culinária delicada. Ela quem ficava responsável pelo preparo de bolos, doces e geleias a base de morangos e amoras. E a mesma sempre fora bastante elogiada e destacada por seus preparos todos os anos, e sempre arrecadava uma boa quantia em dinheiro pela sua comida.
Eu estava ajeitando a sela do meu cavalo quando sentir a aproximação de três rapazes montados em cavalos. E rapidamente virei-me para encara-los.

— Eu não fui informada de que teria companhia. — Falei.

— Acreditamos que não. Caso contrário você daria um jeito de nos dispensar. — Disse Dean com um sorriso e então eu sorri.

— Tem razão. Pelo visto já me conhece bem o suficiente. — Falei em tom brincalhão montando em meu cavalo.

— Bom, já que não tenho como me opor quanto a essa situação... Então vamos lá. — Falei seguindo em frente sem esperar os rapazes, que logo acompanharam o meu ritmo.

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Chegando em Monte Celesto amarrei o meu cavalo em um tronco de uma árvore próximo a um riacho. Assim o cavalo teria como se alimentar e saciar a sua sede, sem contar que a grande árvore o proporcionaria uma boa sombra.
Peguei as cestas e me adentrei na mata para procurar amoras. Dean e Dric fizeram o mesmo e vieram atrás de mim, exceto por Luck que sentou-se na beira do riacho, com uma espada ao seu lado, como quem estivesse realizando uma estranha vigília.

— Você não vem? — Perguntei o encarando confusa.

— Não. Eu ficarei aqui cuidando dos cavalos. — Respondeu ele.

— Se precisar de meus serviços, é só chamar que irei. Embora você já esteja muito bem acompanhada. — Disse ele olhando de relance para Dric e Dean antes de voltar a olhar para mim.

Embora eu não achasse um comportamento nada comum vindo do mesmo, eu não tinha tempo para investigar isso agora. Então eu apenas assenti e seguir o meu caminho a frente dos meninos que vieram logo atrás em um enorme silêncio. Quando eu finalmente avistei vários pés de amoras corri para encher as minhas cestas.
Eu realizava a minha colheita tranquilamente quando não podia ignorar os constantes olhares de Dean e de vez em quando, o de Dric. Eu não sabia distinguir se eles me olharam com um certo encanto ou com curiosidade... Talvez fosse um pouco dos dois, mas aquela situação estava me incomodando bastante, e no fundo, eu rezava para os deuses me tirar daquele silêncio constrangedor que causa sempre que estou com eles.

— Você costuma a andar sempre aramada? — Perguntou-me Dric me fazendo dar um discreto suspiro de alívio pelo silêncio quebrado.

— Sim. Meu treinador me disse uma vez que temos sempre que está preparados para qualquer coisa. E nunca se sabe quando um louco virá atrás de mim para me atacar. — Respondi ainda colhendo as frutas.

— Bem interessante. Eu particularmente nunca conheci uma mulher tão determinada e preparada assim como você. — Disse Dean atraindo a minha atenção imediata.

— É um problema? — Perguntei com um olhar mortal.

— Jamais. — Respondeu ele de imediato, percebendo o que acabara de dizer.

— É incrível. Embora mulheres como você me deixe um pouco... Desnorteado. — Continuou o mesmo e eu sorri.

— Se refere ao meu hábito de andar armada? — Perguntei com um sorriso presunçoso em meu rosto.