(ALERTA: ESTE LIVRO É IMPRÓPRIO PARA MENORES!)
Não tinha jeito de conversarmos sem alguém nos interromper o tempo todo...era um aglomerado bem "familiar"...parede meia, como descrevia bem o Jardel.
_Cabu, a mamãe mandou perguntar se vocês têm fermento pra emprestar. O da gente acabou._disse uma garotinha negra entrando de supetão pela porta.
_Ei! Não sabe bater antes de entrar?_protestou Jardel.
A criança o ignorou e novamente focou em mim.
_A mamãe disse que é só uma colher, Cabu.
Ignorado, meu namorado leonino (dizem que os leoninos gostam de estar sempre no centro das atenções) voltou ao ataque:
_Racha fora, melequenta, que o Cabu não vai emprestar nada! Aliás, não sei por que as pessoas dizem emprestar...como é isso? Vai por no bolo e quando ele crescer, vai tirar o fermento e vir aqui devolver, churupita?
Outro talento do Jardel era a facilidade dele em inventar apelidos em cima da hora! Impressionante!
_Meu nome não é churupita!_protestou a garotinha._E minha mãe disse que a gente não deve ser chamado pelo apelido, porque ela me levou na igreja e falou o meu nome com o padre e aí Jesus me abençoou com aquele nome!
Ele teria se vingado e dito que o meu nome não era Cabu, mas aí teria que se torturar dizendo o meu nome duplo, que ele detestava. Sempre insistia por que meus pais não haviam optado apenas por Carlos...ou apenas por Bruno...E aí quando a minha mãe insistia em me chamar de Carlos Bruno, ele tinha até urticária!
_Jardel, pare com isso! Mania de implicar com os outros, cara! Espere aí, Clarinha, que eu vou te dar o fermento._já saí correndo pra buscar na cozinha antes que o meu namorado aprontasse mais com a pequena.
Jardel gargalhou na cara na garotinha: pele negra, cabelos afro, várias trancinhas...
_Clarinha? Você está de gozação, né?!_disse mirando a negrinha de cima abaixo.
Eu também não entendia por que os pais haviam colocado o nome de Maria Clara na garotinha negra e agora só a chamavam de Clarinha. Estava condenada a sofrer bullying na escola com certeza!
A garotinha pegou o fermento e voltou saltitante pra casa, após pular em mim e dar um beijo carinhoso no meu rosto.
_A mamãe mandou agradecer!_disse.
Clarinha mostrou a língua pra Jardel antes de sair correndo rindo da própria travessura.
_Ei! Escovou esta boca banguela hoje pra estar aí beijando os outros?_era a vez de Jardel protestar.
Às vezes ele parecia um garoto briguento. Ainda bem que nunca surpreendeu a Clarinha vindo na minha casa só pra fazer tranças nos meus cabelos de ouro, como ela costumava dizer.
_Você ainda vai me colocar pra fora desta comunidade..._reclamei com o meu namorado sem filtro.
_Não se preocupe, lindo...até lá já terei me arranjado e te tirado deste muquifo. Moraremos bem longe daqui, eu lhe garanto! Um quintal enorme nos irá separar de todos os vizinhos...teremos uma ilha no meio da cidade!_disse sonhador._Sem vizinhos pra encherem o nosso saco...muros altos pra gente poder andar pelado até no quintal...isso sim que é vida! Privacidade total, Cabu!
_Com a merreca que a gente ganha, só se for fazendo bico na boca*, aí quem não vai aceitar sou eu._e me apressei a completar._Não ligo de morar aqui no Aglomerado da Pinha...eu cresci aqui...conheço todo mundo...todo mundo me conhece...eu me dou bem com todo mundo...acho isso legal! É tranquilo morar aqui, já te disse...o pessoal daqui é gente boa... Daqui a pouco a Clarinha volta com bolo pra mim e pra minha mãe e o bolo da Carla é uma delícia! (*Nota do autor: vender drogas.)
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QUASE UM ANJO-Armando Scoth Lee-Romance gay
Romance(ATENÇÃO! LIVRO IMPRÓPRIO PARA MENORES!) Meu nome é Carlos Bruno, Cabu, para o meu falecido e até então amado namorado Jardel. Aliás, de falecido ele não tem nada, pois ainda está bem vivo na minha vida e me infernizando pra eu conseguir um novo p...