CAPÍTULO 19-TEM QUE SER ELE!

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(ALERTA! ESTE LIVRO É IMPRÓPRIO PARA MENORES!)


Eu sempre tive os dois pés bem plantados no chão, ou seja, não tinha aqueles sonhos mirabolantes de alguns caras de conquistar algum homem rico, famoso e que pudesse vir com o seu cavalo branco me resgatar no Aglomerado da Pinha. 

Minhas aspirações e certeza de felicidade eram poder pagar todas as minhas contas no final do mês, ter saúde e liberdade, pois tinha mais medo de polícia do que do diabo! No fundo, eu mesmo tinha preconceito contra a minha moradia, a minha comunidade (muitos diziam que morávamos numa favela) e temia que algum dia pudesse ser preso por participar do esquema de energia e água emprestada/ "fazer gato". Algumas pessoas, além de fazerem cambalacho com água e luz, também davam um jeito de "pegar emprestado" sinal de internet e sinal de televisão paga. 

Eu não precisava de sinal de TV fechada...conseguia pagar um pacote básico de internet...me conformava com a vidinha humilde que levava e, por isso, já estava alerta para a possibilidade do meu falecido estar pensando que eu iria "sair da caixa" e virar um emergente às custas de algum homem rico. 

Será que Jardel, após ter desencarnado, tinha se esquecido como eu era?

Naquela manhã, Jardel me olhava pelo espelho com um meio sorriso safado  no canto da boca, enquanto eu me arrumava para trabalhar.

Eu não dissera a ele que tinha sonhado com o lindo ladrão de capacete, mas suspeitei que ele, no estado em que estava de desencarnado, pudesse ver o que eu tinha sonhado. O comentário dele demonstrou que eu não estava enganado.

_E aí? Acordou com a cueca molhada?_piscou de maneira indecente.

Mesmo esperando por algum comentário assim, fiquei irritado.

_Ei! Não acha que é muito cedo pra isso?_protestei.

Será que ele iria querer que eu avançasse no lindo apenas porque ele queria? Não fazia o meu estilo.

_Estou brincando...temos tempo pra isso depois e, além do mais, sei que gosta de ser cortejado, paquerado, cantado, seduzido...

Definitivamente bastou uma olhada para perceber que aquele cara estava além de minhas possibilidades de conquista em todos os sentidos!

_Ele não é pra mim._fui taxativo.

_Só porque ele é canhoto?_brincou Jardel.

Acreditei que ele não desistiria facilmente.

_O quê? Até isso você já investigou sobre ele?

Saí do banheiro e o meu falecido foi atrás.

_Não precisei investigar...o cara agiu do início ao fim como um canhoto e, acredite, não estamos mais nos tempos horrorosos em que os canhotos eram vistos como aberrações.

Eu ia responder que de aberração aquele lindo/gostoso/cheiroso e bem vestido sonho ambulante não tinha nada, mas algo me dizia que não dava pra ficar ali animando demais o Jardel.

_Não é pra mim._falei tentando manter os pés no chão mais uma  vez, porque bem lá no fundo eu já fantasiava que era o nosso destino ficarmos juntos.

_Não é pra você o quê? O emprego que você irá conseguir naquele prédio de gente rica?

Levei um susto...o que ele estava dizendo?

Eu não tinha talento para encarnar um cara com Síndrome de Cinderela!

_Eu não vou arrumar um emprego naquele prédio só pra tentar descolar um homem rico, pode apostar as suas bolas nisso!

QUASE UM ANJO-Armando Scoth Lee-Romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora