CAPÍTULO 16-O QUE MARGARETH DISSE...

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(ALERTA! ESTE LIVRO É IMPRÓPRIO PARA MENORES!)


Minha mãe saiu comigo do hospital quase flutuando, cabeça erguida...já ligando pra dona Moema e contando a novidade.

_Pois é, amiga...foi tudo um engano...meu filho voltou a ser perfeito! Aliás, foi tudo um mal entendido e ele nunca deixou de ser!_sorriu emocionada passando a mão no meu rosto._Foi isso o que eu pensei...isso...é sair falando com todo mundo...claro...esfregar na cara da Zélia...da Paloma também, aquela cretina...falando pra todo mundo que o meu filho agora era retardado...

_Eita que as línguas de tamanduá nem assistirão a novela hoje! 

_Araci disse que o marido dela nem deixava os filhos dele ficarem perto do meu filho...

_Carlos Bruno, vulgo Cabu, será assunto nas rodas de samba, de bingo, nas mesas de boteco  e o terço das dezoito horas na casa de dona Noquinha, então? Já era...só vai dar o filho da dona Helena que deixou de ser doido...

_Pois é, minha filha...já diziam que ele agora seria encostado...aposentado por invalidez...pensa bem...um menino tão inteligente...

_Fofoca garantida!_explodiu Jardel._Isso é que dá morar em favela! 

_Pois é...vou enfiar aquele remédio tarja preta na goela de cada uma das fofoqueiras que disseram isso...por isso que eu odeio fofoca!

_Estivesse eu vivo e iria te tirar de lá era hoje! Moraríamos debaixo da ponte, mas não ficaríamos lá!

Eu revirei os olhos, pois estava louco pra chegar em casa, pegar a minha moto, correr no ponto e ainda faturar algum naquele dia mesmo!

Jardel berrando protestos...minha mãe já sem fôlego de tanto falar e andar ao mesmo tempo e eu sem poder falar nada, pois sabia que os dois tinham razão.

A vida pregara uma peça em mim e minha mãe teve que me sustentar por meses...e se não fosse o Jardel, nunca descobriria tudo aquilo e passaria o resto da vida na desgraça! Eu estava em dívida com os dois, claro.

Minha mãe me fez um sinal e sentou-se, porque ela sempre dizia que no Aglomerado da Pinha, os moradores se uniam sim na desgraça, mas ela sabia que a privacidade era zero*, daí todo mundo saber o que havia acontecido comigo. (NOTA DO AUTOR*: Nada de plágio, claro: Este trecho é uma colaboração de uma leitora ! Valeu!)

_Isso, amiga...falando com o Durval, ele já passa para o pessoal da borracharia e para o pessoal da boca do Pedrão...

Minha mãe estava tão entusiasmada que eu não quis tirar a animação dela, mas já era demais ficar ali ouvindo ela listar todas as pessoas da minha comunidade...inclusive os noinhas do Pedrão! (NOTA DO AUTOR: noinhas/noias/noiados=usuários de drogas.)

Tive a infeliz ideia de me refugiar num banheiro de supetão, acho que Jardel nem percebeu, irado estava com a falação da minha mãe.

_Jardel, você está berrando!_falei assim que entrei.

Levei um susto quando vi que não estava sozinho no banheiro! Susto maior ainda quando vi que ali estava, nada mais, nada menos do que a doutora Margareth Disiábas!

_Ôpa, ôpa, ôpa...sai vazado, Cabu...sai vazado...rapidão!_alertou Jardel parecendo prever algo ruim.

Eu me agarrei na pia temendo ter entrado no banheiro errado...temendo que ela gritasse e me acusasse de assédio...temendo que o meu atestado rasgado de louco fosse ser refeito só por vingança da médica com cara de Cláudia Raia...será que eu teria outro ataque de pânico ali?

QUASE UM ANJO-Armando Scoth Lee-Romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora