(ALERTA! ESTE LIVRO É IMPRÓPRIO PARA MENORES!)
Me senti muito bem amparado pela presença de vô Divino que me explicou que no início seria assim mesmo, mas que, com o tempo e com bastante estudo, eu me sentiria melhor e o mal-estar passaria.
Lembrei-me daquele trecho do filme Sexto Sentido em que o garotinho é questionado por Bruce Willis com que frequência ele via espíritos após a criança confessar que via gente morta. O garotinho respondeu que via as pessoas mortas o tempo todo!
_Não vou lhe esconder que você poderá sim ver espíritos na maior parte do tempo neste início..._falou vô Divino penalizado.
Eu estava esgotado talvez por ter visto tantos espíritos de uma só vez...ou mesmo por ter visto o espírito sem luz ao lado de Carla, esposa de Juliano.
Imaginei o que Jardel falaria quando eu lhe contasse que a sua prima tinha ido ali para tentar fazer um trabalho pra prender o marido.
Falei com vô Divino como estava sendo a minha experiência com Jardel me atazanando as ideias o tempo todo. Claro, admiti que Jardel já não me metia mais medo por ser alguém conhecido.
_Deus foi misericordioso com você enviando alguém que já lhe era conhecido...isso facilitou a sua aceitação. O certo seria que você só visse estes espíritos aqui nas nossas sessões. Não é aconselhável e mesmo seguro fazer isso lá fora. Aqui temos proteção espiritual, pois seres de luz estão sempre aqui. Lá fora, isso pode não acontecer, entende? Você ficaria exposto demais!_falou com preocupação.
Fiquei imaginando como seria constrangedor um episódio como aquele que havia acontecido com o obsessor de Carla: eu não percebi que ele era um espírito! Imagine eu indo abordá-lo na frente de todo mundo...ninguém o vendo, só eu! Achariam que eu era louco!
Já me via pelas ruas estendendo a mão para cumprimentar alguém que sorrisse pra mim, ou mesmo indo abordar essa pessoa que na verdade não era mais matéria e sim apenas espírito...Eu ainda não sabia diferenciar vivos de mortos! Com Jardel foi fácil, pois já sabia que ele havia morrido!
Senti segurança para perguntar algo que me deixava em dúvida:
_Poderei inclusive chamar espíritos conhecidos como o da minha avó Maria José, do meu amigo Tales que morreu atropelado...
Vô Divino sorriu mansamente e interrompeu a minha fala:
_Não, meu amigo...não é assim que funciona: o telefone só toca de lá pra cá e não o contrário. Você não pode controlar quem vem e quem não vem até você...você não pode solicitar a presença de algum espírito de um ente querido de quem você sente saudades e esperar que ele venha até você.
Me senti decepcionado por ouvir aquilo.
_Confesso que não controlo os meus pensamentos e um deles é justamente achar que é injusto eu não ter poder sobre isso...especialmente de quem vem até mim, pois afinal estou fazendo um serviço ao mundo espiritual.
_Com o tempo...deixará de pensar de forma tão grosseira, Carlos Bruno. Não se sinta benevolente, não se sinta especial, não se sinta superior às outras pessoas pelo seu dom...isso é errado!_falou sem alterar a voz, como um pai que explica pacientemente a lição de casa para o filho pequeno.
Fiquei calado e senti que meu rosto corava...era como se ele tivesse lido o fundo da minha alma e tivesse visto um pisca alerta bem escandaloso com as palavras ostentação, arrogância, orgulho...
_Dar voz àqueles que já não podem mais se comunicar com este mundo da maneira habitual nada mais é do que uma colaboração com o mundo espiritual sim, mas tem que ser algo totalmente despretensioso da sua parte, um gesto de pura caridade e amor. Se você se deixar arrastar por sentimentos de orgulho, arrogância, superioridade...você poderá perder este dom, ou mesmo só atrair espíritos negativos, das trevas, sem luz...falo inclusive de forças demoníacas e perigosas, Carlos Bruno!
VOCÊ ESTÁ LENDO
QUASE UM ANJO-Armando Scoth Lee-Romance gay
Romance(ATENÇÃO! LIVRO IMPRÓPRIO PARA MENORES!) Meu nome é Carlos Bruno, Cabu, para o meu falecido e até então amado namorado Jardel. Aliás, de falecido ele não tem nada, pois ainda está bem vivo na minha vida e me infernizando pra eu conseguir um novo p...