CAPÍTULO 20-O SEGUNDO ENCONTRO COM JULIANO

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(ALERTA! ESTE LIVRO É IMPRÓPRIO PARA MENORES!)


Às vezes eu ficava pensando quanto poder de influenciar os acontecimentos da minha vida o Jardel tinha, porque só podia imaginar que algumas coisas que aconteciam tinham o dedo dele.

Pensamentos como julgar o alcance das ações dele, por exemplo, me acometiam quando ele não estava por  perto, porque de repente eu parecia estar sendo guiado por ele o tempo todo! Confesso que não estava confortável tanta intromissão! Nem em vida ele era tão controlador!

O ponto de estacionamento onde ficavam os motoboys estava tranquilo e vi que a Cíntia Kely tinha me ligado. Aproveitei para ligar de volta.

_Olha, quem é vivo sempre aparece!_ela gritou entusiasmada do outro lado.

Eu pensei que não era um bom comentário para aquela manhã, visto que eu lamentava que quem era morto também aparecia.

Mais uma vez senti um desejo enorme de ter alguém com quem conversar sobre as aparições do Jardel...desabafar sobre o que ele andava fazendo comigo querendo que eu seguisse os planos que ele havia traçado pra mim...o homem que ele cismava que era pra mim...a enrascada que ele poderia arrumar pra mim se eu realmente o obedecesse.

No fundo, me senti um covarde! Era só eu me negar a fazer o que ele queria, mas ainda confiava que ele queria o melhor pra mim...que ele queria o meu bem em nome dos velhos tempos...em respeito ao que a gente viveu enquanto ele estava vivo.

Cíntia contou o quanto estava feliz ao lado de Pedrão, o quanto ele era discreto a ponto de não levantar suspeitas para a mulher de que os dois estavam juntos e o quanto ele estava relutante em deixar que o meu antigo namorado fizesse a cirurgia e se tornasse oficialmente e em todos os sentidos a mulher Cíntia Kely.

_Pois é, querido...o bofe insiste que eu tenho que manter a minha piroca do jeitinho que ela está, que ele gosta de homem gay veado passivo, mas com piroca...Fala sério, Carlos Bruno...se você só dá o rabo, que diferença faz ter ou não um pau na frente?_desabafou.

Me lembrei da doutora Margareth Cleonice Disiábas e o seu biscoitinho de polvilho que seria transformado facilmente numa pseudo vagina em breve...será que isso a deixaria feliz realmente?

_Você se arrisca a perder o Pedrão apenas pra fazer a cirurgia, Cíntia?

_É isso que está me deixando com o cu em chamas de ódio, sabia? Eu estava toda decidida, já havia olhado tudo, já estava fechado e aí o bofe inventa de marcar terreno, exigir que o consulte, que ele também é parte interessada, que o meu corpo também pertence a ele...Já tem um cacete que nem um cavalo, pra que vai querer outro pau pra brincar?_bufou._Homem tem cada ideia...

Eu ainda não me conformava com aquilo: outro dia ainda ele era o meu comedor Antônio Marcos, bom de cama, meu namorado e agora aquela transformação toda. 

Pensei em Juliano: poderia um homem rico mudar a ponto de aceitar um pobre que morasse numa favela e com alguns trocados no bolso? Isso se ele não descobrisse que eu já havia sido rotulado de um cara com problema de cabeça, ou viesse a descobrir que eu era um cara viúvo que agora via o espírito do falecido...

Enquanto eu pensava naquilo tudo, Cíntia relatava do outro lado todas as loucuras que ela e Pedrão andavam fazendo juntos.

_O cara tá caidão por mim, Carlos Bruno...chega a me sufocar. Tem que ver as roupas que me comprou...além de uma fortuna em sapatos...está me deixando mal acostumada só pra me controlar. _exibiu-se._Estou deixando o cara doidinho!

QUASE UM ANJO-Armando Scoth Lee-Romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora