CAPÍTULO 8-A VOLTA DO QUE NÃO FOI!

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(ALERTA! ESTE LIVRO É IMPRÓPRIO PARA MENORES!)


Eu nunca mais me olhara no espelho, mas sabia que devia estar horrível 37 dias depois da partida do homem da minha vida: magro, cabelos desgrenhados e barbado! 

Trinta e sete dias...impressionante como, mesmo sem querer ser tão exato nos números...mesmo sem anotar...eu sabia cada um dos dias que vivera sem o meu amor...

Jardel odiava que eu deixasse a barba crescer, amava eu continuar seguindo o exemplo da minha mãe e cuidando dos cabelos e definitivamente não aprovaria eu estar tão magro...mas nunca mais ele me veria mesmo, então não me importei. Me abandonei talvez esperando que a vida desistisse de mim.

Um pijama azul que fora dado por Jardel se transformara em meu uniforme e eu só o tirava para ficar com um roupão vermelho, outro presente do Jardel...Também ainda tinha o nosso anel de compromisso...um cordão no pescoço que ele me dera...ele ainda estava ali, em mim, gostava de pensar.

Havia fotos de Jardel espalhadas pelo quarto...ao todo 16... que mais parecia um santuário para adoração do meu falecido namorado. Na cama, junto de mim, sempre havia uma peça de roupa que pertencera a ele.

Impressionante como todo mundo que morre vira santo. Por mais que eu tentasse lembrar para dar uma balanceada, não conseguia me lembrar de um defeito do meu homem...ele era perfeito!

Ele era fiel...ele era honesto...carinhoso comigo...companheiro...responsável...cuidava tão bem de mim...me amava tão gostoso...me jurava amor todos os dias assim que acordava e a última palavra que eu ouvia antes de dormir era uma declaração de amor dele...eu nunca esqueceria aquele homem! Muito menos deixaria que outro ocupasse aquele lugar que eternamente seria do meu Jardel!

Como as pessoas podem fazer isso consigo mesmas se ancorando em alguém que já morreu? Faltava pouco para essa e outras perguntas virem me sacudir pra me trazer pra fora daquele torpor do luto ainda tão presente!

Naquela noite, percebi que Cíntia Kely iria sair, pois passou horas se arrumando!

_Vou me encontrar com o Pedrão._falou como se eu tivesse perguntado.

Ele não era mais o meu namorado...não precisava mais me dar satisfações. Fiquei calado, pois tinha preguiça de verbalizar aquilo. Só queria ficar ali, quieto.

_Você podia vir comigo...pra gente tomar umas cervejinhas...assar uma carninha...de repente encontrar um novo amor..._convidou o meu ex-namorado.

_Não me interesso por um novo amor...prefiro o velho mesmo.

Cíntia Kely pareceu explodir naquela noite, talvez se sentindo com a consciência pesada por ter sido o motivo de eu ter mandado o meu namorado embora...mandado o meu namorado pra morte...Acho que eu nunca a perdoaria por aquilo! Deveria ter mandado ela embora e pedido pra Jardel ficar...aí ele ainda estaria vivo, imaginei.

_Vá lá então, Carlos Bruno...vá lá no cemitério! Arrombe a sepultura dele...pegue os restos mortais dele...dê o rabo pra ele...quer saber? Dane-se você que eu já estou é cansada de te mimar!_desabafou.

_Nunca te pedi pra ficar aqui comigo._falei me encolhendo na cama feito garoto emburrado.

Será que eu ficaria daquele jeito pra sempre? Grosso, mal humorado...ranzinza...

_E se tivesse pedido eu não teria ficado, porque você não merece todo este sacrifício de eu ficar aqui...dormindo neste colchão mijado...de plantão ao seu lado temendo que você faça besteira!

QUASE UM ANJO-Armando Scoth Lee-Romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora