CAPÍTULO 14-A FALTA QUE VOCÊ ME FAZ...

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(ALERTA! ESTE LIVRO É IMPRÓPRIO PARA MENORES!)


Jardel havia partido...e agora seria pra sempre, porque eu, definitivamente, não o iria chamar de volta...jamais!

Eu era livre...podia me virar sozinho...e tê-lo na minha cola por aquele tempo já me serviu de prova pra saber que nossa história havia se acabado no momento em que ele sofreu aquele acidente e morreu.

No início, achei que ele não iria me respeitar, claro...que iria ficar indo e vindo...que não me atenderia...que se esforçaria pra me provar que ele era necessário na minha vida ainda e que sem ele eu não conseguiria sobreviver.

Mas Jardel foi obediente e desapareceu da minha vida...sumiu!

Naquele dia, voltei pra casa com uma lista que incluía um remédio tarja preta pra depressão e ansiedade, várias vitaminas e uma indicação de procurar um psicólogo urgente!

_Psicólogo?_berrou a minha mãe sendo consolada por dona Moema, claro._Ô, meu Deus...vai ficar louco que nem  minha irmã Alicina e o Argemiro, primo do pai dele, dona Moema... 

_Psicólogo pra mim é frescura, Helena..._disse a vizinha se julgando dona da verdade absoluta._Esse menino teve foi crise de vermes, já falei. Minha tia teve Solitária na cabeça e todo mundo achou que era loucura. Quando o danado do verme saiu, ela ficou quase normal, acredite. 

Cíntia Kely revirou os olhos e contou até dez pra não brigar com a mulher. 

_Não, dona Helena...psicólogo não causa problema pra gente e sim nos ajuda a resolver os problemas que já temos. Algumas sessões no divã deixarão o Carlos Bruno novinho.

A vizinha não se daria por vencida e não perderia a razão para Cíntia Kely.

_No meu tempo, lá na roça, estes faniquitos eram resolvidos com uma boa trouxa de roupas para as mulheres lavarem e se fosse homem era uma boa enxada e uma roça pra capinar!_falou dona Moema cruzando os braços._Sara assim que voltar a trabalhar, pois cabeça vazia é oficina pro capeta!

Novamente Cíntia revirou os olhos e suspirou impaciente:

_Haja capeta pra tanta cabeça vazia nesta favela, meu Deus...vai faltar chifrudo cheirando a enxofre, ah se vai!

Cíntia pegou a minha mãe pelas mãos como se eu não estivesse ali e que fosse ela quem tivesse que decidir por mim. Me senti um inútil e comecei a temer que fosse uma constante a partir dali.

_Deixa ele ir num psicólogo, boba...rapidinho ele ficará bom novamente. É só ter alguém com quem conversar, a senhora vai ver...eu mesmo terei que procurar um quando fizer a cirurgia pra mudar de sexo...

Minha mãe ficou em dúvida sobre quem ali tinha razão...a vizinha ou o meu ex-namorado.

Levantou-se  e já lamentava afagando o meu rosto novamente:

_Meu filho era tão bom e agora isso...agora isso, meu Deus! Tadinho...mas a mamãe vai cuidar de você, meu anjo...e tudo vai ficar bem.

Quis me olhar num espelho pra ver se descobria se tinham me feito uma Lobotomia e deixado uma cicatriz de lado a lado do crânio.

Eu só queria ficar sozinho naquele momento...queria seguir o conselho do médico, invadir o Google e ler tudo o que achasse sobre Síndrome do Pânico.

_Acabou a vida do meu filho, dona Moema...acabou...E se consultar psicólogo, Cíntia, aí é que piora mesmo...quem vai querer dar emprego a quem vai em psicólogo? O melhor é procurar algum político, levar laudo e conseguir aposentadoria por invalidez mesmo._falou conformada.

QUASE UM ANJO-Armando Scoth Lee-Romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora