Rugido Atrás das Grades

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[JACK]

O ronco de Rob ecoou pela prisão como um rugido potente. Que tipo de carcereiro fica dormindo em serviço? Eu já estaria no sétimo sono se não fosse por esse trovão que fazia as grades tremerem. Quando estava na cela fechada, o som era suportável, mas não importava para que posição eu virasse agora, o ronco nunca me deixaria dormir.

Rolei na cama mais uma vez e comecei a cantar as notas da música Smoke on the water, um método que eu usava com frequência para relaxar. Tam tam tam, tam tam tanam, tam tam tam, tam tam...

— Não entendo o relacionamento de vocês dois — disse Tina, interrompendo minha meditação.

— O quê? — grunhi.

— Você e Mikayla. Amizade, fraternidade, amor... Ainda não decidi.

Ela estava deitada de costas em sua cama, brincando com um elástico nos dedos, e falava tranquilamente. Tentei ignorá-la.

— Hum, um triângulo amoroso. Será? Bem possível. Jack, Mikayla e Tawã. Ou seria Tawã, Mikayla e Jack?

— Do que você está falando? — resmunguei. Já era demais ter que aturar o ronco de Rob, eu não conseguiria ignorar a tagarelice de Tina também.

— É você quem gosta de Mikayla ou é ela quem gosta de você? Bom, você deu um presente bem fofo para ela, então acho que seria Jack, Mikayla e Tawã.

— Cale a boca.

— Ai, que grosseria! Nem imagino por que esteja bravo comigo.

— Ah, não? — sentei-me na cama e encarei Tina, incrédulo. — Você agrediu Mikayla depois de invadir o quarto dela e acabou de me colocar aqui embaixo.

Ela parou de mexer no elástico e virou de bruços para me olhar.

— Eu? Espera aí, Mikayla mereceu. E quem disse que a culpa é minha de você estar aqui?

— Pode me dizer a verdade, Tina. Rob não vai ouvir.

Outro ronco irrompeu pelas paredes. Tina fez uma careta que dizia que ela já sabia disso.

— Nem preciso. Pelo que ouvi, vocês dois já descobriram tudo. Só é lastimável que eu tenha deixado meus planos tão aparentes.

Soltei uma risada, sem acreditar.

— Então você está admitindo que planejou tudo?

Tina deu de ombros e sorriu, intrigada.

— Tudo o quê?

— Colocar o colar no meu quarto para me incriminar e mandar a garota fazer a denúncia.

Tina bateu palmas e abriu ainda mais o sorriso esquisito, expondo a fenda entre seus dentes. Ela até poderia ser considerada bonita, mas não depois de alguém vê-la com esse sorriso.

— Parabéns, Sherlock. Merece até um cookie.

— Mas por quê? Por que você me queria atrás das grades?

— Para me fazer companhia — zombou ela.

— Isso não faz o menor sentido — balancei a cabeça, irritado. — Estou começando a ter certeza

de que você é maluca.

O queixo de Tina caiu. Ela colocou a mão no peito e soltou um suspiro, inconformada.

— Eu não sou maluca! — gritou.

Rob deu uma pequena engasgada, acho, e Tina segurou a boca. Dei de ombros.

Naufrágio nas Ilhas de RochasOnde histórias criam vida. Descubra agora