[MIKAYLA]
O dia seguinte foi muito cansativo e agitado. A ilha toda estava correndo para todos os lados, fazendo os preparativos para o baile e a festa do príncipe. Todos os habitantes — sem exceção — ajudavam em alguma coisa. A festa seria em uma grande clareira no meio da floresta. Alguns levavam mesas, outros montavam um pequeno palco — como ninguém sabia o que era um estéreo, teria show ao vivo —, mas a maioria cuidava da decoração. Fora as costureiras e cozinheiras que se matavam para terminar os trajes e petiscos.
Beth foi me acordar cedo para eu ir provar meu vestido. Resmunguei e voltei a dormir, mas quando Dori chegou, arrancando as cobertas debaixo de mim e me jogando no chão, eu levantei. Tomei meu café voando e saí rapidamente para me encontrar com Rosa.
Sua casa estava um fervo! A quantidade de garotas provando seus vestidos lá dentro era tão absurda que parecia impossível a pequena cabana de Rosa abrigar todas elas. Sem contar a enorme fila de rapazes esperando para entrar do lado de fora, pois não havia espaço para mais uma mosca na casa. Rosa me disse que faria os ajustes no castelo, a mando de Tawã, então, aguardei-a do lado de fora enquanto ela pegava suas coisas. Assim que ela começou a trazer meu vestido, coberto com uma capa transparente para proteção, e saiu para a porta, o mar vermelho se abriu dentro da cabana: as meninas arregalaram os olhos, tão hipnotizadas quanto eu ficara ontem, e em câmera lenta escancararam a boca, algumas exageradamente, outras naturalmente surpresas; o movimento parou na casa de Rosa para assistir ao meu vestido passar. Quando ela saiu e as garotas perceberam de quem era aquele vestido, me lançaram olhares invejosos, alguns bem intensos. Encolhi-me.
De volta ao castelo, fui guiada por Rosa e suas duas companheiras de ontem até um pequeno salão no primeiro andar. Uma vez lá, enquanto as mulheres se organizavam para fazerem os ajustes necessários, experimentei o vestido, e me surpreendi ao sentir que me caíra super bem. Rosa não errara nas medidas.
— Está apertado em algum lugar? — perguntou ela.
— Não.
— Está largo em algum lugar?
— Não.
— A saia está comprida demais?
Andei pelo cômodo, mostrando a ela que eu não pisaria na saia.
— Não. Está perfeito, Rosa.
— Muito bem. Então agora é a hora da verdade.
Uma das ajudantes pegou um palquinho para eu subir e a outra moveu um enorme espelho na minha frente.
— Feche os olhos — disse Rosa.
Obedeci e subi no palquinho. Rosa e as meninas ajeitaram minha saia, alguns detalhes nas flores, ajustaram meu busto no top, preocupadas com os mínimos detalhes, até que finalmente ouvi Rosa dizer:
— Pode abri-los!
Abri os olhos, e a primeira coisa que vi na minha frente me deixou encantada. A princípio não reconheci a figura refletida no espelho, mas depois senti vontade de chorar.
Eu estava incrivelmente linda! Maravilhosa! Uma verdadeira princesa. O azul-escuro do vestido combinava com minha pele parda; a saia adquirira o volume ideal e o caimento perfeito por causa da flor prendendo o tecido de cima no meu quadril; o glitter tinha a função de me anunciar; as flores de seda davam o toque delicado. Não encontrei defeito. Não havia defeito algum. Estava tudo tão perfeito que qualquer um duvidaria que fora feito numa ilha com poucos materiais e simples condições de trabalho. Rosa e as outras mulheres tinham o mesmo brilho nos olhos e me olhavam com extremo orgulho e fascinação.
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Naufrágio nas Ilhas de Rochas
Romance"Mikayla e Jack são jovens de quinze anos, com vidas completamente distintas e separadas, que embarcam - literalmente - na maior aventura de suas vidas. Com a colisão do cruzeiro de viagem em que estavam, seus destinos são unidos, e ambos terão de l...