"Mikayla e Jack são jovens de quinze anos, com vidas completamente distintas e separadas, que embarcam - literalmente - na maior aventura de suas vidas. Com a colisão do cruzeiro de viagem em que estavam, seus destinos são unidos, e ambos terão de l...
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O bilhete de Mikayla ficou amassado pelo tempo que eu o segurei. Esse pequeno pedaço de papel caíra pela minha janela na noite anterior na hora do jantar. Refleti sobre as palavras escritas em lápis grosso a noite toda. Tomara que dê certo. Tomara que Mikayla tenha escolhido a pessoa certa para a tarefa. Quem fora o escolhido?
Reli várias vezes o bilhete, analisando a caligrafia dela. (Que foi? Havia outra coisa melhor para fazer?) O estranho é que ela ainda não aparecera durante o dia. Já anoitecia e nem sinal de Mikayla. Bom, talvez ela descesse de madrugada como da outra vez.
Continuei a me distrair com o bilhete quando ouvi o som pesado da porta do subsolo se abrindo. Ergui-me de um pulo na cama. Não era comum receber visitas, e, se não fosse um recado para o carcereiro careca, sabia que seria para mim, já que eu era o único preso lá embaixo.
A pessoa começou a descer os degraus, ou melhor, as pessoas, pelo ruído de passos descompassados. O carcereiro careca que revezava turno com Rob parou ao pé da escada para ver quem eram os visitantes.
— Já está tarde para visitas, não é, senhores? — disse o velho.
— Nunca é tarde para nós. Ou devo lembrá-lo de que temos permissão para descer quando precisarmos?
Impressão minha ou eu ouvira a voz de Daniel? Inclinei-me um pouco mais para frente na cama, a fim de escutar melhor.
— Por favor, viemos tratar de um assunto sério, então não fique no nosso caminho.
Um tom mais respeitoso e calmo, e junto a Daniel? Devia ser Cory o dono da segunda voz.
— É, vai beber uma água, dar uma volta. Pode esperar no hall, assim verá quando sairmos.
O careca fechou a cara para a escada. Seguiu-se um silêncio em que esperavam a resposta do carcereiro. Ele deu uma breve olhada para mim, depois para os homens que faziam sombra sobre o rosto do velho. Não houve resposta.
— Quanto mais tempo demoramos a entrar, mais tempo levará para sairmos.
O careca emitiu um grunhido encatarrado de velho. Eu achei que ele não fosse ceder. Até que surpreendentemente, depois de poucos segundos, ele subiu as escadas e desapareceu da minha visão com uma última frase:
— Espero mesmo que seja tão importante quanto dizem, porque se vocês estiverem tramando...
Alguém bateu a porta com força e o final foi abafado. Meus visitantes terminaram de descer as escadas, e então pude ter certeza.
Cory e Daniel. Os próprios.
Fiquei animado ao vê-los, mas minha alegria não durou um segundo. O que eles faziam ali? Os dois, juntos, no subsolo, querendo falar comigo não podia significar boa coisa. Provavelmente, Mikayla cometera algum furo e haviam descoberto nosso plano! Não, não. Eu não queria acreditar que Mikayla havia estragado nossa única chance de fugir. Eu poderia pensar em mil motivos para os dois estarem caminhando até minha cela nesse exato momento, mas todos os que surgiam na minha cabeça tinha a ver com desastres.