[MIKAYLA]
Depois de uma longa caminhada, finalmente estávamos lá. A clareira estava escura, mas consegui reconhecer a cabana como uma enorme mancha preta e o rio que refletia a lua logo atrás dela. Vagalumes voavam ao nosso redor. Outro deja vú. Eu nunca imaginara que repetiria a cena daquela noite. Mas ali estava eu, me aproximando da cabana novamente, de mãos dadas com Tawã, sozinhos no escuro.
Quando chegamos à porta, Tawã a abriu mas não entrou. Em vez disso, me pegou no colo. Gritei baixinho com a surpresa.
— O que você está fazendo? — perguntei, quase irritada. Ele deu de ombros.
— Não é isso que os recém-casados fazem no continente?
Dito isso, ele passou pelo vão da porta — me carregando junto —, tomando cuidado para que eu não esbarrasse no batente. Uma vez do lado de dentro ele me colocou no chão e fechou a porta.
O interior da cabana estava diferente. Ao contrário da escuridão sinistra que se encontrava na outra noite, havia várias velinhas espalhadas pelo ambiente dessa vez, deixando o lugar à meia luz. Em uma mesinha, notei que havia um pote cheio de folhas e ervas queimando — bem semelhante àquele que os Lupis usaram para apagar Jack —, que deixava um cheiro doce no ar. A cama estava feita com lençóis creme, e havia dois travesseiros fofos na cabeceira.
Estranhei.
Esse quarto parecia romântico demais para quem disse que não faríamos nada.
Quando me virei para Tawã para perguntar o que era aquilo, fui surpreendida por um beijo. Afastei-o, empurrando seus ombros para distanciá-lo, suas mãos permaneceram no meu quadril.
— O que foi isso? — perguntei.
Tawã sorriu, fingindo não me entender.
— Como assim?
Ele me puxou para perto mais uma vez e me beijou ferozmente. Tentei empurrá-lo para longe de mim, ele, por sua vez, tentou não deixar isso acontecer. Como ele era bem mais forte do que eu, ganhou a guerra, e acabei sendo pressionada contra a parede, onde seria muito mais difícil escapar. Enquanto ainda me beijava, ele passou a mão pela minha coxa e a ergueu para ficar na altura de seu quadril. Demorou um tempo para eu conseguir tirá-lo de cima de mim, mas quando o fiz, nos afastamos mais de um metro de distância.
— Você disse que não me forçaria a nada esta noite — eu disse, limpando a saliva dele da minha boca. — Eu não estou a fim.
— Qual é...
Em dois passos ele me alcançou, passou a mão pelo meu cabelo e soltou o grampo que prendia o coque. Depois de rodopiarem para desfazer o nó, meus cachos caíram amassados sobre o meu rosto.
— Eu prefiro você assim — disse ele, passando a palma da mão pela minha bochecha, usando os dedos para brincar com meu cabelo.
— E eu prefiro você a um metro de distância, sem me tocar. — Afastei sua mão do meu rosto. — Estou falando sério, Tawã. Não vai rolar.
Ele me fitou, e começou a desabotoar os botões de sua blusa.
— Você não sabe. Talvez eu consiga fazer você querer que role. — Ele deixou a blusa escorregar pelos braços e arremessou-a em um canto. Comecei a balançar a cabeça. Tawã endireitou a coluna e repousou ambas as mãos no quadril, dando espaço para expor seu peito nu. De uma maneira que ele julgou ser sexy, mordeu o lábio, olhou para seu peitoral e depois para mim. — Não quer nem experimentar?
Balancei a cabeça com mais intensidade, inacreditada com as atitudes dele. Ele ameaçou se aproximar de mim novamente e eu apontei o dedo para ele.
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Naufrágio nas Ilhas de Rochas
Romantizm"Mikayla e Jack são jovens de quinze anos, com vidas completamente distintas e separadas, que embarcam - literalmente - na maior aventura de suas vidas. Com a colisão do cruzeiro de viagem em que estavam, seus destinos são unidos, e ambos terão de l...