DIA 1
[MIKAYLA]
Franzi ligeiramente o cenho antes de abrir meus olhos. Minha visão estava embaçada. Apertei minhas pálpebras e esfreguei-as com os dedos para retirar as remelas, e tentei novamente. O ambiente era escuro e cheirava a sal. Não reconheci o local em que estava. Pisquei algumas vezes para adaptar meus olhos à escuridão.
Uma vez conseguindo enxergar melhor, corri os olhos pelo estranho lugar. Havia várias prateleiras cheias de caixas de comida, roupas e outras tranqueiras no fundo do aposento. O chão era feito de madeira farpada e havia sacos, caixotes, galões de água e pedaços de corda espalhados por ali. Parecia uma espécie de depósito.
De repente, senti o lugar balançar. O local em que eu estava se moveu de um lado para o outro, vi a água chacoalhar dentro dos galões. Depois, parou. Fora um movimento calmo e enjoativo, parecido com os sacolejos de um barco. Onde eu estava? Olhei para baixo e reconheci o formato de uma rede, que balançava levemente sob as minhas pernas.
Ainda um pouco grogue e confusa, remexi-me na rede, tentando buscar na mente alguma coisa que me ajudasse a entender o que estava acontecendo, então me lembrei da noite anterior. Sentei-me imediatamente. As velas, a cama, o cheiro doce, Tawã, a droga. Meu coração acelerou, ao mesmo tempo em que eu arfava, comecei a me desesperar, mas logo em seguida me dei conta de que não havia motivo para isso. Sorri e soltei uma risada quando comecei a perceber o que aquilo significava.
Olhei para o outro lado, ansiosa, onde havia uma escada e onde a única luz entrava dividida em quadradinhos, o formato da porta gradeada. Tive dificuldade para sair da rede, excitada demais para ver a prova de que eu estava certa. Quando pus meus pés descalços na madeira, quase caí, mas não por causa do balanço do barco. Ainda havia resquícios da droga em mim, eu podia sentir meus membros moles e uma intensa dor de cabeça. Apoiei-me na parede até a vertigem passar. Então, notei outra coisa diferente.
Eu estava vestida com uma camisa preta maior do que meu manequim e shorts laranja. Fiquei confusa. Forcei minha memória para encontrar alguma lembrança que explicasse isso. Não havia nada. A última coisa de que eu me lembrava era de estar na cama da cabana usando meu vestido de noiva. Como essa roupa fora parar em mim?
Ai, não, alguém trocara minha roupa. Ai, caramba, alguém me vira nua. E se tivesse sido Jack? Jack me vira nua? Senti minhas bochechas queimarem. Coloquei as duas mãos no peito. Droga, ainda por cima eu estava sem sutiã.
Balancei a cabeça e forcei-me a deixar isso para lá. E tive que me apoiar de novo por causa da segunda vertigem. Quando passou, endireitei a coluna e andei até a escada. Estava na hora de ter a prova.
Subi os degraus, cautelosamente, um por um, sentindo-me incerta e um pouco com medo do que encontraria lá fora. Forcei meus braços para cima para empurrar a porta quadriculada. Até que não foi tão difícil. Só precisei de um mínimo de força e ela simplesmente girou 180º para cima em forma de arco. A claridade rapidamente chegou aos meus olhos e tive que estreitar as pálpebras e erguer a mão diante do meu rosto para me proteger da luz. Terminei de subir as escadas.
Quando finalmente meus olhos se acomodaram, a primeira coisa que vi foi o céu azul-claro, quase sem nuvens. Em seguida o mar, logo abaixo da minha visão, um pouco mais escuro. O vento jogou meus cabelos para o lado. Sorri. Sim, eu estava mesmo em um barco, navegando! Isso só podia significar uma coisa. Eu não podia nem acreditar.
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Naufrágio nas Ilhas de Rochas
Romansa"Mikayla e Jack são jovens de quinze anos, com vidas completamente distintas e separadas, que embarcam - literalmente - na maior aventura de suas vidas. Com a colisão do cruzeiro de viagem em que estavam, seus destinos são unidos, e ambos terão de l...