Príncipe e Princesas

19 1 0
                                    

[MIKAYLA]

Soltei um longo bocejo enquanto me espreguiçava. Aquela foi uma das melhores noites que tive. Passei as mãos pelos lençóis macios que me cobriam, lembrando-me do sono de princesa que eu tivera no colchão tão macio quanto nuvens de algodão. Um universo totalmente diferente das masmorras desse castelo. Então franzi o cenho para minha cama, confusa.

Lembrei-me de ter acordado de madrugada, pouco antes de Jack bater nas portas de vidro; conversáramos na sacada por um longo tempo, mas não me lembrava de ter voltado para a cama. Teria sido tudo um sonho?

Depois que me vesti e fui ao banheiro fazer minhas higienes matinais, desci a escada para tomar café. Jack e as duas empregadas de confiança de Tawã já estavam sentados à mesa. Senti falta de Beth e Dori, até que me lembrei de que hoje era tipo um fim de semana na ilha, ninguém trabalhava. A primeira coisa que fiz ao entrar na cozinha foi pegar a jarra e um copo para beber água.

— Bom dia — eu disse. Os três me cumprimentaram de volta. Sentei-me ao lado de Jack com meu copo e me servi de suco de manga e biscoitos. — Eu sempre acordo por último, você me faz sentir uma preguiçosa — disse para Jack, e ele riu baixinho enquanto mordia um pedaço de pera.

— O sol já está alto, florzinha, faz mais de uma hora que a ilha despertou. Você é uma dorminhoca — respondeu ele para mim, e foi retribuído com uma leve cotovelada.

— O que vamos fazer hoje? — perguntei.

As empregadas se levantaram quando terminaram de comer, lavaram suas louças e, pouco tempo depois, saíam conversando, deixando Jack e eu sozinhos na cozinha.

— Nós?

— É.

Jack fez uma careta de confusão para mim. Eu ri, pegando a geleia de amora para passar no biscoito.

— Eu prometi que compensaria o dia de ontem — expliquei. Jack terminou de mastigar o último pedaço de sua pera e arremessou o resto na cesta de "orgânicos para adubo", sem errar a pontaria. — Lembrou?

— Quer dizer que hoje você vai trocar o príncipe pelo plebeu? — perguntou interessado, aparentemente gostando da ideia.

— Responda logo, antes que o príncipe me convide de novo.

Jack se levantou com um ligeiro sorriso, fingindo estar pensativo, para lavar sua louça enquanto eu terminava de tomar meu café da manhã.

— Não sei, não... Vou pensar...

— Jack!

— Tudo bem, eu aceito, donzela. Você fez eu me sentir um Aladdin agora.

— Ah, é o meu príncipe favorito da Disney.

Quando ele terminou de lavar a louça dele, e me ajudou com a minha, tiramos a mesa do café, e só então pudemos deixar a cozinha. No hall, Jack parou e se virou para mim.

— Então, Jasmine. Aonde vamos?

Eu e Jack passamos o dia todo andando por aí. Primeiro, caminhamos sem parar pela mata para co-

nhecermos um pouco mais a ilha e suas paisagens incríveis. Fomos até o cercado ver os bichos e nos deixaram alimentá-los. Brincamos de esconde-esconde no meio das árvores. Eu sei que parece infantil, mas Jack começara a me provocar se escondendo de novo para me assustar, então pensamos: "Por que não?". Algumas crianças nos viram e se juntaram à brincadeira, tornando tudo mais divertido. Fiquei impressionada com a facilidade que Jack tinha em fazer as crianças gostarem dele; ele levava o maior jeito.

Fizemos uma pausa para o almoço. Dessa vez não comemos no castelo, pois Yohan e seus amigos e amigas nos chamaram para lhes fazer companhia em sua roda. A garota com quem Jack ficara noite passada estava lá, e não parava de olhá-lo. Não parava de me olhar também, assim como Yohan fazia. Provavelmente estavam com ciúmes de nós dois juntos, mas pouco nos importávamos.

Naufrágio nas Ilhas de RochasOnde histórias criam vida. Descubra agora