Confissões da Meia-Noite

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[JACK]

PASSO 1: Preparação. Mikayla encontra um confidente, uma pessoa que guardará todos os segredos que contaremos e nos ajudará a fugir. Quando o fizer, Mikayla e o confidente saem escondidos à noite para o porto, onde carregarão o barco menos utilizado com água e comida para uma semana, deixando-o pronto para a fuga. Sem se esquecerem de pegar a bússola e o mapa na Tenda e colocar no barco também.

PASSO 2: Libertação. Em uma noite, a noite mais tranquila e com menos vigilância noturna, será a vez de me libertarem. Para isso, Mikayla terá que descobrir quem estará de vigia no subsolo quando for a hora de me libertar. Alguém coloca sonífero no lanche do carcereiro para que ele durma durante todo o processo de: pegar o molho de chaves, abrir a cela, e sair do castelo sem que ninguém veja. Há frascos de soníferos nos armários da enfermaria.

PASSO 3: Fuga. A parte difícil é que teremos que passar por dezenas de guardas em cada canto da nossa trajetória até o porto sem sermos vistos. O confidente nos ajuda nessa parte também. Assim que conseguirmos, embarcamos e partimos rumo ao continente. Sem nunca mais voltar à Itatiba.

— Parece simples, não é? — perguntei à Mikayla.

— Sim, são só três passos — respondeu ela com a mão no queixo, deixando a última palavra suspensa no ar. — Mas dá para prever que será bem mais complicado quando o pusermos em prática.

— Na verdade, nós já começamos — eu a corrigi. — Já encontrou um confidente?

Mikayla demorou seu olhar nos meus rabiscos confusos antes de se voltar para mim com o canto do olho.

— Não exatamente.

— Não temos muito tempo.

— Eu sei. É que temos que escolher uma pessoa só e eu não consigo decidir quem poderia ser.

Ergui as sobrancelhas e as franzi ao mesmo tempo, virando as palmas das mãos para cima. Como assim? Eu não via nada de complicado naquilo.

Quando viu meus gestos interrogativos, Mikayla passou a mão pelos cachos e tentou se explicar.

— É complicado. Espere, você vai me entender. — Ela começou a andar de um lado para o outro nos limites das paredes da minha cela. — Eliminei as empregadas porque, como você disse, elas são tão fiéis a Tawã que poderiam nos delatar. Então, pensei em escolher os guardas.

— É uma ótima ideia, já que eles têm acesso a todos os lugares e ninguém desconfiaria do que estiverem fazendo — concordei.

— Exatamente, mas tem dois problemas. — Agora ela parou de andar e ficou em pé diante de mim, apenas a grade nos separando. — Um: não, eles não têm acesso a todos os lugares da ilha a qualquer hora. Já vi Tawã repreendê-los por estarem fora de seus postos no turno determinado, os guardas só podem andar pelo posto que lhes foi designado e na hora do turno deles. Então, não devíamos contar muito com isso. Dois: também são muito subordinados a Tawã, o que também significa que tem oitenta por cento de chance de eles nos impedirem de executar o plano. Tudo bem que o trabalho deles é vigiar a vila para o caso de alguém não-callumine entrar, mas eles também não podem deixar ninguém sair. Apenas os contrabandistas têm esse direito.

Pensativo, comecei a andar distraidamente pela cela minúscula. A ponta dos meus dedos massageando minha bochecha. Acho que começava a entender o que Mikayla tentava dizer.

— Pode ser — continuou ela — que a escolha mais inteligente seja pelos habitantes comuns da ilha. Mesmo que haja poucas pessoas com quem a gente se socialize de verdade. Vejamos, tem Yohan, a enfermeira Nora, Flip, Jessica... — Ela se interrompeu e torceu o lábio, visto que não havia mais ninguém na nossa lista de amigos comuns em Itatiba. — Rob?

Naufrágio nas Ilhas de RochasOnde histórias criam vida. Descubra agora