8.

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Anastásia observou a carruagem partir da tão simpática mulher.

" Que mulher mais bonita e amigável, e que lugar mais bonito..." Anastásia com o desenho nas mãos, imaginava muitas histórias que poderiam ter passado por lá.

Caminhando de volta para a casa, a jovem deu um último suspiro de tranquilidade. Amanhã já cedo, tudo aquilo iria acabar, já escutava as vozes estridentes das gêmeas e os mal tratos da madrasta.

" Tá na hora de dormir... Boa noite pai e mãe" Anastásia tinha colocado o desenho que havia ganho junto com as fotografias de seus pais.

O sol mal tinha nascido, e Anastásia já estava de pé, sabia que teria que esperar a chegada de sua madrasta por um tempo, mas... Era melhor ficar atenta já cedo.

Arrumou flores frescas para cada cômodo da casa, colocou assar pãozinho e biscoitos. Fizera o seu chá favorito, e ficou deitada na sala. Se sua madrasta visse aquela cena... Ela iria realmente se dar mal. Ao pensar naquilo, deu um risinho.

Já era passado o meio dia, e Anastásia ouviu os temidos gritos.

- ANASTÁSIA!!!! A madrasta gritava lá fora.

- Aonde está aquela menina?? Anastásia, venha aqui!! As fêmeas gritavam em pavorosa.

A jovem correu para fora, e observou que as mulheres tinham ganhado presentes, digo um baú, enorme cheio de vestidos e outros adereços.

- Olha o que o barão deu para a gente? Judith fez uma cara de satisfação.

Anastásia só ouviu, e tentou empurrar o baú até a casa.

- Leve para o quarto. Estamos exaustas. Innes dava um último beijo no Barão.

" Sem vergonha, desonrando a memória de meu pai..." A jovem estava com nojo, a madrasta nunca tivera consciência sobre o cuidado e carinho que Theodore tinha para com ela e suas filhas.

- Anastásia!! Vamos... Que lerdeza. Martine empurrou a jovem com o pé.

- É... Nem tá pesado. Vamos, queremos dormir!! Judith estava impaciente.

A jovem estava sem fôlego, aquele baú era pesado. O que tinha lá dentro, pedras?

- Finalmente... Já estava me irritando. Agora pode ir. Só nos acordes depois das sete. Judith expulsou a jovem do quarto.

Já na cozinha, Anastásia foi surpreendida pela madrasta.

- Faça o jantar. E depois, venha em meu quarto. Innes olhou para a menina e saiu.

Anastásia já estava acabando de preparar o jantar, tinha pré assado uma ave, e as guarnições foram fáceis de finalizar.

- Com licença, madrasta. A jovem bateu antes de entrar no quarto.

- Oh... Não demorou até. Aqui, penteie meu cabelo. Innes tinha essa mania, vivia a pedir isso para a jovem.

- Sabe... Judith e Martine já, já irão se casar... E o barão... Oh, o barão me satisfaz tanto na cama. Você não entenderia é uma tonta. A madrasta observava seu reflexo no espelho.

A jovem não respondeu nada, era sempre assim. Ser xingada, humilhada... Sabia que se respondesse, poderia sofrer as consequências.

- Judith irá para Londres. O barão achou um candidato ideal, um homem culto, e rico!! Minha linda filha, a mais bela, era de se esperar. Innes sorria, as gêmeas poderiam ser idênticas, mas Judith era a mais graciosa.

- Já Martine... Eu devo arrumar alguém. Não tão importante, porque a menina não é nada inteligente. Só salva que ela é bonita e pode ser uma bela esposa. A madrasta continuava, Martine era burra como uma porta.

- Já você. Deverá me servir até eu morrer. Não há salvação para você... Acredite, eu sempre achei que poderia lucrar com você. Mas esse vilarejo é tão miserável. Não há ninguém disposto a ter você. Innes observou o olhar de decepção da jovem.

- Você achou que alguém iria ficar com pena de você? Não se iluda. Ninguém iria prestar atenção em você... Olha, essas vestes? E esse rosto que vive sujo. Innes gargalhava.

Anastásia aguentou aquilo calada. Imaginava poder puxar aquele cabelo, e arrastar a cara da mulher no chão. Mas não iria fazer nada.

- O barão quer me propor, acho que seria uma boa não? Você viria comigo, é sempre bom ter mais uma serviçal, o casarão do barão é enorme. A madrasta queria ver alguma reação daquela menina, era tão entediante não ter no que aliviar sua tensão.

- Não vai falar nada? Não quer suplicar por algo... Me pedir que eu arrume um velhote para você? Innes ria.

- Não, senhora. Faça o que você quiser. Anastásia finalmente cortou o silêncio.

Innes odiava aquela garota, tinha implicância pôr a todo momento ver Desirée, aquela maldita mulher que havia roubado Theodore dela.

- Quando sua mãe faleceu. Não pude negar que deu pulos de alegria. Aquela mulher era insuportável! A madrasta fez uma cara de nojo.

Anastásia cerrou os punhos, respirou... Contou até dez, ninguém tinha aquele direito de falar aquilo de sua mãe.

- Aquela oferecida. Se não fosse tão vadia, dormindo com um homem antes de casar... Realmente... Innes antigamente era amiga de Desirée, supria uma grande inveja ao saber que a amiga tinha seduzido Theodore.

Anastásia não se aguentou, estava levando aquilo calada, mas agora... Quem era ela para falar aquilo?

- Não diga essas coisas de minha mãe. Não foi ela que  dormiu com outro mesmo estando casada. Desonrando o matrimônio, e se vendendo por um porco nojento que é o barão. Anastásia gritou e apontou para a madrasta.

A mulher se enfureceu, aquela menina era uma insolente. Queria alguém obediente, e não iria deixar passar.

- Olha como fala comigo!! Eu posso muito bem te colocar para a rua!! Você acha que alguém vai te ajudar? Com certeza os homens iriam amar ter alguém como você! Uma nojenta!! Innes agarrou o braço da jovem.

- Olha quem xinga, se não é a maior vadia desse vilarejo. Vendida!! Anastásia cuspia as palavras com muito ódio.

A mulher ficou vermelha de raiva, aquela garota tinha ido no limite.

- Vamos ver se você vai ter esse comportamento comigo quando ficar trancada sem comida!! Sua insolente. Innes puxava a jovem para o porão.

Jogando a garota e trancando a porta. Ela iria aprender a respeitar.

- Não irá sair daí enquanto não souber respeitar e ficar calada! Pense no que você fez! Innes gritou e deixando a jovem no imundo porão.

Anastásia chorava, não iria deixar de defender seus pais. Não seria aquilo ou qualquer outro castigo que a iria ficar calado.

" Mãe... Pai... Me perdoem. Não me vejam nesta situação, eu vou ficar bem" Anastásia soluçava, o escuro daquele lugar era tenebroso.

O porão da casa era dificilmente limpo, tinha uma luz mínima e um cheiro horroroso. Não tinha nada que poderia amenizar o desconforto de Anastásia. Sabia que iria ficar trancada por um tempo.

Olhe com seu coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora