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Querida Anastácia,
se você está lendo isso, saiba que tudo que eu fiz foi para te proteger. Eu sei que pode parecer loucura o que irei transcrever nesta carta, mas eu tenho certeza que você entenderá.
Creio que agora estarei junto de sua mãe, e te protegendo com ajuda dela, eu realmente não queria te deixar, e sei que você vai enfrentar alguns percalços na vida, porém eu sei também que você é forte.

Desculpa se fui egoísta ao omitir essa informação, mas fiz isso para sua segurança, não iria me perdoar se algo te acontecesse.
Innes tramou a morte de sua mãe, a forma que descobri foi ao acaso, sua mãe foi sempre motivo de inveja de Innes, que era obcecada não por mim, mas pelo dinheiro que eu conquistei durante minhas viagens.
Há uma carta que Innes mandou para o barão, informando que o veneno que a empregada estava colocando no chá de sua mãe estava dando certo. Quando eu e Innes nos casamos ela me fez prometer que o testamento seria inteiramente dela, algo estranho de se pedir no primeiro dia de casada.
Alguns anos se passaram e essa carta foi encontrada, Innes ameaçou te matar, e me fez jurar que ninguém iria descobrir tamanha crueldade.
Em segredo fiz um novo testamento, deixando tudo para você, Innes realmente deve estar com o poder de tudo agora, mas aquele documento é falso. Você pode me odiar por viver com a mulher que matou sua mãe, mas eu nunca iria te colocar em perigo, foi doloroso conviver com ela, e eu sei que minha hora está chegando, não estou doente mas sei que Innes está tramando algo com aquele amante dela.

Querida, essa carta será escondida e eu sei que você achará, eu acredito em destinos e você saberá tudo. Eu sinto muito em de deixar .... Mas o que eu fiz foi apenas para o seu bem. Não se entregue para as maldades de Innes, seja a jovem que eu sempre amei e cuidei alegre e sonhadora.

Do seu amado pai,
Theodore.

Erik leu aquela carta horrorizado, era difícil acreditar que alguém poderia fazer algo tão cruel, só por causa de dinheiro.

Anastácia estava tremendo, chorando e relembrando os momentos finais com sua mãe, que estava fraca, mas nunca permitiu que a jovem a visse infeliz.

- Isso, é doentio. Erik... Innes fez isso por causa de dinheiro e por ter inveja de minha mãe, o que ... minha mãe fez a ela? A jovem não estava aguentando mais aquele sofrimento, a descoberta a pegou desprevenida.

- Escute isso: " Barão, finalmente aquela maldita da Desirée está morrendo, o veneno foi uma benção em minha vida, não compreendo como aquela mulherzinha... conquistou Theodore, eu quero ocupar o lugar dela" Anastácia estava tremendo segurando o outro papel, a carta de Innes para o barão.

- "Não me importo em fazer isso, você sabe que nunca amei Theodore, eu apenas quero destruir Desirée, tomando tudo que era dela para mim, não se engane que irei fazer a vida daquela estúpida Anastácia um inferno. E o seu pai, mais cedo ou tarde irá morrer também, quero te ter em minha cama, barão e assim usufruímos de tudo que conquistamos. Eu sei o seu sacrifício em matar meu marido, Theodore... será mais fácil, uma morte acidental, é o que mais existe hoje em dia". A jovem parou de ler, Erik a abraçou a confortando. Tudo aquilo era cruel e baixo.

- Querida, sinto muito..., mas não chore, eu entendo que seu pai fez isso tudo para não te perder. E eu sei... ele e sua mãe estão cuidando de você. Há pessoas cruéis nesse mundo... eu sei eu as conheci também... O homem tentava acalmar a jovem que estava se perguntando o porquê de pessoas ruins fazerem essas coisas.

- Erik... eu... eu quero que Innes pague!! Ela e aquele bastardo do barão... eu quero que eles sofram... eu. ... eu quero fazer com que paguem!! Anastácia olhou para cima, Erik viu nos olhos da jovem apenas tristeza.

- O que temos aqui pode ajudar a prender Innes e ao barão, na carta seu pai diz sobre um testamento, o verdadeiro. Em algum lugar ele deve ter escondido uma cópia... Talvez ... O homem acariciou as costas da jovem que apenas sussurrou.

- Sua oficina... eu tenho quase certeza que o documento está lá. Mas eu não sei se.... As coisas dele estão lá.

Theodore dividia um espaço na oficina do vilarejo, quando faleceu tudo foi trancado pois o dono alegava que ele estava devendo um dinheiro, e que os instrumentos e tudo que havia lá era agora propriedade dele.

- Meu pai nunca deixou de pagar ninguém, foi estranho na época. Innes estava contando com aquilo, tudo se vendido iria valer muito dinheiro. A jovem continuou.

- O dono da oficina não permitiu que ninguém da família fosse buscar nada, na época em que eu estava vivendo na casa eu sempre via a sala da oficina onde meu pai trabalhava trancada. Anastácia segurou a carta e se lembrava da última vez que falou com seu pai em vida.

" Anastácia, minha filha. Quando você for mais velha, minha oficina será sua, eu seu que você adora aquele lugar, e eu irei te ensinar mais coisas, podemos até abrir a nossa oficina, que tal?" Theodore sorriu, abraçando a jovem e partindo para sua viagem, que fora a última.

- Eu quero... que Innes pague. Erik... me desculpa eu... não sou de querer o mal de ninguém..., mas... ela tirou tudo que eu mais amava! Ela me tratou como lixo... me vendeu. Anastácia estava chorando e furiosa a cada lembrança dolorosa.

- Não é motivo para se desculpar. Querida, o que você quer fazer? Eu irei te apoiar em tudo e te proteger. Erik limpou o rosto da jovem com um lenço.

- Precisamos contar para Phoebe e Persa. Devemos... planejar algo. Eu... quero ver Innes atrás das grades junto com o barão. A jovem abraçou o homem, e continuou.

- Eu quero vê-la sofrer também... Erik me desculpa por.... querer o mal de alguém. Anastácia abraçou mais forte Erik.

- Não é necessário se desculpar. Se você não falasse sobre isso... se você deixasse de lado, seria eu que daria um jeito neles. De um jeito ou de outro, o que descobrimos deverá ser resolvido, eu vou te apoiar. Erik beijou de leve o rosto de Anastácia.

A jovem guardou as cartas, estava disposta a tirar tudo de Innes, ela nunca tivera vontade de fazer mal a ninguém, mas agora um ódio estava queimando dentro de si, eles não saíram impunes, sua mãe e pai não se sacrificaram à toa, ela iria resolver aquilo, mesmo tendo que colocar de lado certos ideais. 

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