24.

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Já aquecida Anastásia se sentia muito confortável diante a lareira, tinha se agarrado ao casaco, que era muito quente. Agora com uma coberta tinha finalmente ficado confortável. 

- Senhorita, espero que esteja melhor. Os empregados já retornaram, ficaram felizes por não ter acontecido nada... O senhor Destler é um homem que ajuda muitos, sem ele... Essas pessoas iriam ficar empregos. Edmund entrou na sala, e deixou um prato de biscoitos.

- Ele realmente não é má pessoa, eu fico muito triste em saber que ele tenha pensamentos tão ruins... Anastásia suspirou.

- Senhorita, por favor... Cuide dele. Eu sei que... Não é sua obrigação, mas... O senhor é um pouco instável. Edmund se retirou ao falar aquilo.

Nos dias seguintes, Erik tinha sumido, nenhum sinal dele, Edmund apenas tranquilizava Anastásia pois o homem servia Erik sempre em seu quarto.

- Oh menina, não fique assim, ele é desse jeito... Fica dias sem dar as caras. Mas já, já ele volta a aparecer. Uma das cozinheiras percebeu a preocupação da jovem.

- Isso é tão... Estranho. Eu queria vê-lo. Anastásia apoiava a cabeça sobre as mãos.

- Oh... Não se preocupe. E senhorita, agradeço o presente para o meu filho ele amou o carrinho de madeira. A cozinheira abriu um sorriso.

- Fico feliz! Irei fazer mais brinquedos e aí lhe darei. Será que Erik ficaria bravo se eu usasse o piano? Anastásia não sabia se era permitido tocar, o piano não era mais dela.

- Vá em frente. Ele permitiu que você entrasse na sala de música, vá e volte mais tarde, irei fazer um bolo para nosso café da tarde. A senhora sorriu.

Anastásia queria ficar mais naquela sala, o piano trazia tantas recordações. Sentada em frente dele, ela se lembrava de sua mãe.

Dedilhando nas teclas, a jovem tocou a primeira música que aprenderá com sua mãe. Era bem fácil, que em menos de três dias já tinha pegado toda melodia.

" Mamãe... Sinto sua falta. Acho que a senhora está cuidando de mim aí no céu né? Junto com papai" Anastásia estava chorando, era difícil lembrar deles, da felicidade que era aquela época.

- Você toca! Por que não me disse? Erik falou por trás da jovem.

Anastásia se desequilibrou ao ser pega de surpresa, e quase caiu do banco, se não fosse por Erik que a segurou.

- Deus!! Como você continua fazendo isso!! Eu... Eu... Não te vi chegar! Anastásia se endireitou no banco.

- Tão barulhenta... Eu apenas ouvi o piano e quis saber quem estava o tocando. Afinal, essa é minha casa, não é? Erik observou a jovem que secava o rosto com as mãos.

- Sim, é sua casa. Me desculpe se eu gritei. A jovem ficou em silêncio.

Erik percebeu que Anastásia ainda insistia em caminhar pela mansão sem sapatos, aquela jovem nunca iria aprender a se comportar.

- Você sabe que uma dama deveria usar sapatos a maioria do tempo, não é?? E calma! Nem venha me dizer que você não é uma dama, eu estou quase chegando à conclusão que é verdade. Mas, eu fico curioso... Por que você ficar por aí descalça? Erik queria saber mais daquela estranha mania.

- Eu me sinto bem assim, não que eu precise ser uma dama... Eu nunca fui uma, eu sempre fui... Uma empregada. Anastásia ficou cabisbaixa.

- Era o que aquela terrível mulher dizia, não é? Sua madrasta? Erik percebeu que a jovem estava chateada.

- Sim... e é verdade... Olhe para mim, eu não me casei, não tive uma vida livre por conta de minha madrasta e de suas filhas. Eu sou uma decepção... Só servi para ser trocada por dinheiro. Anastásia abaixou a cabeça, odiava aquela ideia.

- Posso lhe contar que quando eu era uma criança, eu fui trocado por dinheiro, poucas moedas... Depois a minha vida que não era boa, longe disso! Piorou muito mais... Erik se sentou próximo a jovem

- Sinto muito... Eu... Devo ter sido ingrata agora. Eu me desculpo. Anastásia suspirou.

- Você tem todo direito de achar que eu fiz algo errado, mas eu nunca a faria mal ou te trataria como sua madrasta te tratou. Erik tentou tranquilizar a jovem.

Anastásia começou chorar, odiava não poder esconder suas emoções, era fraca e sabia disso. Não queria que o homem a visse daquele jeito. Resolveu então sair da sala.

- Não, fica ... Vou te mostrar como uma dama deve tocar a um piano. Erik pegou na mão da jovem, que o olhou assustada.

Anastásia se sentou de novo, queria retrucar, mas achou melhor ficar calada. Erik começou a tocar o piano, ele parecia ter um talento natural para aquilo.

- Viu? Uma dama deve manter a postura, utilizar somente os principais músculos das mãos. Ser leve e gentil com as teclas. Erik demostrava tudo aquilo para a jovem que prestava atenção.

Anastásia finalmente sorriu, achava graça como o homem tinha a ideia de vê-la como uma aluna a ser ensinada.

- O que ri tanto? Contei uma piada? Erik cerrou os olhos num olhar de reprovação.

- Você fala como eu fosse uma criança a ser ensinada, eu só achei engraçado. Anastásia escondeu o riso.

- Você é apenas teimosa, não é uma criança. Mesmo que ande por aí toda descalça e sentada no chão sujo. Erik deu de ombros.

- Pois é... Uma grande decepção de dama eu sou. Anastásia começou a tocar o piano.

Erik apenas observou a jovem, tinha escutado os conselhos dele. E tinha pego rápido tudo que havia falado.

- Muito melhor. Devo te revelar que Nina é melhor que você, mas você vai aprender mais. Erik provocou a jovem.

- Nina é uma criança talentosa, não posso competir. Anastásia sorriu.

" Porque que eu te vejo sorrindo, meu coração acelera?" Erik olhou fixamente para a jovem, tinha perdido realmente o juízo.

Olhe com seu coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora