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Havia passado três dias, longos e doloridos para Anastásia, que ainda estava trancada no porão.

Já não sabia se estava de dia ou de noite, seu olfato estava impugnado com o odor daquele lugar.

Um barulho chamou a atenção, era uma maçaneta se abrindo.

- Saia. A madrasta olhou para jovem sentada num canto.

Anastásia obedeceu, sem dizer nenhuma palavra, andou para fora do porão.

- Faça o jantar, e nem pense em tocar na comida! Innes observou a jovem.

- Sim, senhora. Anastásia sussurrou.

Judith e Martine estavam cansadas, aqueles dias sem Anastásia, fizeram com que a casa virasse de ponta pra baixo. Estava um caos, a comida que eles pegavam pronta da feira era tão ruim também.

- Ohh... olha só quem saiu do buraco. Senti falta dessa sua cara. Judith provocou a jovem.

- Que fedor, espero que esse cheiro horroroso não se transfira na comida. Martine tampou o nariz.

Anastásia estava trêmula, as mãos tremiam, mas iria acabar aquele jantar, e depois iria cuidar dela.

- Com licença madrasta. Anastásia serviu o jantar e se retirou.

- Não! Volte! Innes fez com que a jovem voltasse.

- Fique até terminarmos. Depois você pode se retirar. Innes observou as filhas dando um risinho.

Anastásia assim o fez, estava tentando o máximo se manter em pé. O cheiro daquela comida, estava a fazendo passar mal.

Foi de propósito que as mulheres demoraram além do comum para terminar o jantar. Mas finalmente, Anastásia tinha permissão de sair.

" Deus. Eu acho que vou morrer" Anastásia enchia a boca de comida, estava tão faminta.

A jovem estava satisfeita, a dor de cabeça tinha sumido, os tremores também.

"Hora do banho" Anastásia encheu um grande balde, já era muito tarde, e deveria fazer seu banho no pequeno quarto dela.

" Ah... Finalmente, estou sem aquele horrível cheiro!" A jovem se deitou, e respirou o ar puro.

Já no dia seguinte, sua madrasta a obrigou fazer todo o serviço acumulado dos dias que ela estava presa no porão.

" Como essas pessoas sujavam vestidos, só agora era dez!! E ainda tinha uma outra pilha de roupas para lavar" Anastásia esfregava tudo, e estendia no varal.

- Oh minha menina, o que houve, não te vi esses dias? Constance correu ao ver que a jovem estava fora.

- Olá Constance, me desculpe deixá-la preocupada. Eu... Eu... Fiquei impossibilitada de vir pra cá. Anastásia não queria revelar a verdade.

A senhora sabia que a jovem era maltratada naquela casa, daria tudo para tirá-la de lá, mas não tinha condições daquilo.

- Veja como você está, está se alimentando bem? Tem descansado? Constance tinha se assustado, a jovem estava mais magra do que antes.

- Eu estou bem. Não se preocupe. Preciso ir, tenho serviço pra terminar. Anastásia sorriu.

A jovem odiava não ter alternativas para sair daquele lugar. Afinal, tinha perdido tudo, a casa era seu único meio de lembrar seus pais. Mas, estava sendo difícil conviver com aquelas mulheres.

- Anastásia, vá para a feira. Preciso de mais óleos corporais. Innes gritava

A feira era tão agitada naquele horário, as pessoas realmente gostavam de passear por lá.

- Boa tarde senhorita, vejo que estás em busca de mais óleos. O vendedor sorriu e entregou o pedido para a jovem.

- Mais uma vez, o preço será camarada! O homem sabia que Anastásia tinha uma vida sofrida, e sempre tentava animar a jovem.

- Obrigada!! Até semana que vem. Anastásia agradeceu ao homem.

" Oh... essa carruagem novamente, me pergunto se é de algum nobre, ela é tão bonita..." Anastásia olhava fixamente para a carruagem, o reflexo da jovem era perfeitamente visto nos grossos vidros daquele veículo.

" Posso me ver inteira nela, estou mesmo magra, devo me alimentar melhor" Anastásia odiava ver seu reflexo, era desanimador ver seu estado.

Tinha ficado uns minutos distraída com a carruagem, mas rapidamente tomou rumo para a casa.

- Mamãe! Olha que cata-vento mais bonito?! Nina girava o brinquedo por toda a feira.

- Oh minha linda, que lindo!! Vamos, vamos... Tio Erik deve estar impaciente na carruagem. Phoebe pegou na mão da filha.

- Que demora. Realmente, persa que deveria ter vindo. Erik olhou bravo para a mulher.

- Desculpa. Estávamos nos divertindo, não é filha? Fala pro tio Erik. A mulher arrumava as sacolas de compras.

- Sim!! Olha que bonito esse cata-vento. Eu que comprei, mamãe me deu dinheiro!! Nina balançava o objeto na cara do homem.

- Você deveria ter ido com a gente, não sei como não se cansa em não ver outros rostos. A mulher odiava ver Erik naquela situação.

- Não, Obrigado. Melhor que ninguém me veja, poderão achar que sou algum monstro.... Erik odiava ter que fazer aparições públicas.

- Monstro? Você não é monstro não, tio Erik!! Você é um príncipe gótico!! Nina tinha aprendido aquela palavra num livro que Phoebe tinha lido a um tempo para ela

- Gótico? Erik achou graça naquilo.

- É... Sabe, aqueles personagens que usam preto, tem vampiros também... Mas você é um príncipe, sabe... porque você só usa preto e tem essa coisa Engraçada. Nina apontou para a bengala de ponta de caveira.

- Nina, você é uma criança muito imaginativa. Erik sorriu para a menina.

- Agora o tio Erik tem um novo título. Filha, será que .... Phoebe apenas falou para a menina ouvir.

- Ele vai encontrar uma princesa? A mulher cochichou no ouvido da criança.

- Vai sim mamãe! Nina respondeu e sorriu para a mulher.

- O que vocês estão cochichando aí? Erik ficou curioso.

- Nada não... As duas responderam e soltaram um sorrisinho.

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