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De manhã o médico chegou rapidamente, tinha sido chamado e examinava a jovem novamente.

- A senhorita fez algum esforço mesmo que eu frisei que era para descansar, não é? O médico a olhou bravo

- Ah... Me perdoe. Eu... Acho que exagerei.

- Certo. Não faça mais isso, se você repousar por dois dias, irá melhorar. Porém se teimar em sair da cama, o seu ferimento não vai se curar logo.

- Sim, eu irei obedecer... Senhor... Você poderia dar uma olhada no senhor Destler? Anastásia perguntou ao médico.

- Ele está ferido? Novamente??

- Ah.... Creio que um acidente. Mas, por favor cuide dele.

- Claro. Se ele me deixar fazer.

- Obrigada! Eu... Irei me comportar e farei o descanso necessário. A jovem abriu um sorriso.

O médico estava indeciso, o dono da mansão era tão difícil de se lidar. Cada vez que ele vinha aquele lugar, era uma luta para cuidar das diversas tentativas do homem de se matar.

- Senhor Destler. A jovem Anastásia, me pediu para que desse uma olhada no senhor. O que foi desta vez? O médico encontrou o homem em seu escritório.

- Ah... Nada. Eu estou ótimo, faça seu serviço e atenda a jovem. E depois vá embora. Erik mostrou as mãos com as ataduras.

- Vejo que o Senhor está ótimo. Por favor, a senhorita Anastásia ela me pediu que cuidasse disso.

- Se insiste.

- Céus! O que... Aconteceu? O médico olhou de perto, aqueles cortes estavam ruins.

- Eu... Me corte. Acidentalmente. Erik deu de ombros.

- Sim. Acidente. Senhor Destler, eu realmente acho que esses acidentes são mera mentira. Se não fosse pelos primeiros cuidados, você não iria ficar assim tão bem. O médico observou que quem cuidou daquilo, sabia o básico.

- Você só irá falar? Não estou vendo nenhuma ação. Vamos, cuide disso. Erik falou seco.

O médico trocou as ataduras, prescreveu um remédio e partiu.

" Aquela menina... Porque teve que falar com o médico. Eu estava bem, e agora preciso ter que obedecer a ordens de uma jovem teimosa" Erik observou Anastásia que estava tentando explicar as empregadas como tinha trocado de camisola durante a madrugada.

- Eu.... Eu... Simplesmente me troquei. Estava suando, e aí eu caminhei até o armário e só. Me troquei. Anastásia estava ficando vermelha, ao perceber que Erik estava a observando.

- Senhorita! Por que não nos chamou? Sabe o perigo que correu? Poderia ter piorado seu ferimento. A senhora estava dando um puxão de orelha na jovem.

Erik atrás via tudo e ria, não escondeu sua cara ao perceber que Anastásia tinha percebido que ele estava tirando sarro dela.

- É... Me desculpa. Eu irei na próxima chamar, não precisa me dar um sermão. Me perdoa. Anastásia abaixou a cabeça.

- Oh, menina... Você realmente é uma danada, na próxima me chame, não tente fazer tudo sozinha. Agora eu preciso ir. Mas Edmund irá te fazer companhia. A senhora saiu do quarto, se assustando com Erik que a encarava.

- Oh, senhor Destler... Eu...eu não vi o senhor. Com licença. A senhora se apressou e correu para longe.

Anastásia tinha tomado cada advertência. Estava se sentindo muito mal, não queria deixar ninguém preocupado.

- Que cara é essa? Erik entrou no quarto e fitou o olhar na jovem.

- Desculpa? Oh, sim... Bom dia Anastásia, dormiu bem? Sim, Erik e você? A jovem o olhou irritada, não gostava de seu comportamento.

- Vejo que está bem. Já voltou a tirar sarro das pessoas, não é?

- Ao que tudo indica, estou ótima. Anastásia estava de mal humor.

- Você fica engraçada quando fica brava, era para eu estar bravo com você. E não o contrário, afinal você que pediu para o médico perder o tempo dele, em mim. Erik se sentou e mostrou as mãos.

Anastásia se espantou, será que as feridas eram tão ruins, será que ela não tinha feito corretamente os primeiros socorros.

- Não se espante, ele falou que vai melhorar. Só preciso de descanso. Erik estava questionando a reação da jovem.

- E você precisa obedecer. Fique comigo, e...e... Então, se você ficar aqui eu posso ter certeza que você irá obedecer. Anastásia tinha se xingado mentalmente, isso era coisa a se falar.

" Fique comigo... O que... Você estava pensando? Anastásia, acorda. Olha a cara do homem, ele vai lhe dar um sermão daqueles" a jovem tentou disfarçar o desconforto.

- A senhorita... Quer que eu fique aqui? E o que iremos fazer?? Erik percebeu o desconforto da jovem, e provocou

- Não sei... Só tente obedecer ao médico. Anastásia finalmente falou.

- Certo. Vamos ver. Só um instante. Aqui, esse livro deve ser interessante. Erik se levantou e procurou por um livro na estante da jovem.

Anastásia observou tudo, ele iria ler?

- Bem, vou começar... Você já leu esse aqui? Erik mostrou a capa do livro para a jovem.

- N... Não.

- Perfeito... Vamos ler então. Erik se sentou e cruzou as pernas.

Anastásia achava aquelas mudanças de comportamento do homem muito estranhas. Porém não iria o irritar com perguntas, apenas ficou calada, ouvindo a voz suave do homem.

" oh... Essa voz, ela é tão linda! Me pergunto se ele já tentou cantar?" Anastásia se perdia as vezes em pensamentos, a fazendo corar.

Erik passou praticamente todo o dia lendo, parava apenas para comer. No quarto de Anastásia a jovem prestava atenção em cada palavra que ele lia, o livro um conto de fadas, foi lido rapidamente quando a noite chegou, já havia terminado.

- Mais um livro com um final previsível. Terei que lhe mostrar outros títulos, esses parecem ser de uma criança de 8 anos de idade! Erik guardou o livro na estante.

- Hey!! Não fale assim! Eu adorei o final. Todos viveram felizes e a mocinha finalmente encontrou seu amor. Não é ruim. Anastásia não concordava sobre aquilo que o homem falava.

- Certo... uma senhorita tem esses gostos. Eu entendo. Porém a vida real, nunca será como um desses estúpidos livros. Não há final feliz. Erik lançou um olhar melancólico para a jovem

- Não é verdade. Finais felizes acontecem sempre. O tempo todo. Só que... as vezes, a vida seguem outros rumos. Anastásia lembrou de seus pais, da alegria que sentia em tê-los, e depois da tristeza de ver um a um partir.

Erik percebeu que Anastásia tinha mudado o humor também. Sabia o motivo, era óbvio que a jovem ainda sofria pela perda dos pais e depois dos abusos que sofria no passado.

- Olha a hora, precisa dormir. Eu também irei. O dia não foi ruim, como eu pensei que iria ser. Ficar...ficar com você, não foi de todo ruim. Erik esboçou um sorriso e saiu.

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