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- Anastásia!!!! - Vozes irritantes gritavam, ecoando pela casa.

- Eu já estou indo!! - A jovem estava correndo, tinha nas mãos uma vassoura e um balde.

- Porque demorou tanto!! Anastásia, você precisa ser mais rápida. Nem parece que tem 23 anos. - Innes estava sentada na ponta da mesa de jantar.

- Desculpa madrasta. É que eu precisei enxugar o chão da cozinha, a pia está vazando, e eu não consegui arrumar. A jovem estava sem fôlego.

- Outra vez essa pia? Garanta que ela volte a funcionar de novo. E... Bem, eu preciso de mais dinheiro. Não sei mais o que vendo. A senhora olhou irritada para as filhas.

Anastásia tinha visto durante esses anos muitas coisas indo embora, os livros de seu pai, a coleção de prataria de sua mãe, vasos, estátuas... Praticamente tudo tinha sido vendido. Apenas o piano restava de recordação para ela.

- Mamãe... Por que você não vende aquele velho piano? Realmente, uma velharia dessas... Não combina com a gente. Judith falou, e junto com a irmã soltaram um risinho.

- Não!!! O piano, não! Anastásia soltou a vassoura e o balde, e gritou.

A madrasta observou a reação da jovem, era uma sem modos ... Nunca iria fazer parte daquela família. Era apenas uma criada para ela, e gerava custos... manter uma filha que nem era dela.

- Isso são modos? Eu duvido que eu consiga vender essa antiguidade. Mas, amanhã mesmo vou tentar achar um comprador. Seria ótimo novos vestidos, não é meninas? A madrasta abriu um sorriso.

- VOCÊ NÃO VAI VENDER!!! Anastásia gritou.

Innes se levantou da mesa, e desferiu um tapa no rosto da jovem.

- Não me desrespeite! Onde já se viu... Eu lhe dou tudo, e você me agradece assim? Se eu fosse uma pessoa ruim, você já iria estar nas ruas!! Acabaria num bordel da vida!! A madrasta elevou a voz e observou a jovem caída no chão.

Anastásia estava acostumada a apanhar daquele jeito, era dolorido ter que viver naquela casa, mas era o único lugar que ela tinha. Queria fugir, mas sabia que a vida de uma jovem mulher sozinha, era perigosa e difícil.

- Agora limpe tudo isso. Vamos meninas, hora de dormir. A madrasta apontou para a mesa cheia de comida e sujeira, e se retirou com suas filhas.

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