Capítulo 30 - Cartas na mesa.

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Alessia percebeu rápido, na manhã seguinte, que sua vida não estava tão movimentada quanto ela achava das outras pessoas envolvidas na investigação. Logo de manhã, Carvalho reuniu as três em sua sala. Sandra parecia ter visto um fantasma, Marie estava... Confiante? E a major parecia mal ter tomado seu café da manhã, motivo da caneca em cima de sua mesa perfumando o ambiente. A comandante trancou a porta de sua sala e sentou-se, fuzilando-as com o olhar. Alessia e Sandra sabiam exatamente do porquê.

Vocês três eram as pessoas mais confiáveis para que eu fizesse essa investigação sem medo de algo dar errado. Agora um áudio precioso, e uma análise que listava as possíveis futuras vítimas pode ter sido interceptado, e tudo graças à você, Marie. Parabéns. ㅡ A garota que já era pálida, começou a ficar vermelha.

Major, e-eu não quis-

Não interessa se os seus motivos foram os melhores, ou que sua intenção fosse boa. Uma investigação inteira pode ter sido comprometida. E desde que você sabia da minha exigência, eu não posso deixar de ter que te considerar uma suspeita. ㅡ Sandra apertou os lábios, e Alessia se ajeitou na cadeira, seus pés pareciam maiores no calçado, seus dedos se pressionavam contra a ponta, queria sair dali. ㅡ Por favor, peço que saia da sala, Marie. Por enquanto você não pode nos ajudar.

Mas- ㅡ A menina engasgou. Lágrimas caíam de seus olhos enquanto ela olhava para baixo e pressionava as juntas dos dedos. ㅡ Eu juro que não foi por mal, e-eu-

Por favor, saia. ㅡ Carvalho permanecia firme, mesmo que o canto de sua boca estremecesse. Alessia sabia o que isso significava.

Assim que Marie destrancou e bateu a porta, Carvalho se fez mais confortável na poltrona. Sandra também se ajeitou. Alessia só queria tirar os coturnos. Seus olhos queimavam de sono. Sandra também parecia não ter dormido bem. A major parecia bem descansada, contudo, toda a cena com Marie parecia ter tirado alguns anos de vida da comandante. Ela esfregou a mão na boca. Brevemente arregalou os olhos, e deferiu um olhar rápido para Sandra.

Acredito que hoje a tarde a gente já consiga averiguar sua hipótese. ㅡ A investigadora expirou aliviada.

Qual hipótese? Se me permite perguntar...

Sandra acredita que o assassinato das duas meninas foi feito por um morador do condomínio que teria um caso com as duas.

Então as nossas investigações não são mais necessárias? ㅡ Alessia queria correr atrás de Marie.

Talvez sim, talvez não... Sandra e Bruno fizeram uma análise mais realista das provas e chegaram a essa conclusão. ㅡ Carvalho a avaliava com os olhos, Alessia podia sentir.

Nós achamos que seria melhor não nos forçarmos a ver as poucas pistas com um resultado pré-decidido. Porque nós poderíamos estar sabotando a nossa própria investigação... Não há nenhuma incidência de que seja a volta do Monstro, mas podemos dizer que, talvez, esse suspeito se inspirou sim nesses casos. ㅡ A major continuava a observando.

Bom, devemos ir eliminando possibilidades, certo? ㅡ Alessia estava falando para Sandra, no entanto, seus olhos mediam força com os de Carvalho. ㅡ Mas eu tenho algumas suposições também. Ontem aconteceram algumas coisas que me fizeram pensar nos casos. ㅡ Carvalho se endireitou, o brilho em seus olhos se ofuscou.

E quais seriam essas suposições? ㅡ Alessia sentia certa imposição de que era melhor manter alguns detalhes só para ela, e ela sabia quais iria.

Nossa lista de suspeitos estava sendo limitada a duas pessoas nos ataques de três anos atrás, digo, a gente sabia que existia o Monstro e a Veneza, mas por conta das testemunhas... Agora só temos uma informação de um suposto mascarado fantasma, e ontem eu descobri que meu ex-namorado conseguiu uma cópia das novas chaves do meu apartamento com a polícia... Só não sei se ele invadiu o quartel, ou se alguém aqui de dentro deu elas pra ele-

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