Atrás de si, abriu-se a porta do banheiro. Um Alê com o cabelo de espanador e cara inchada a encarava, enquanto ela se virava, lentamente. Sandra sentia sua feição estar aos poucos indo de preocupação à um rosto específico de "Que horas o senhor chegou ontem?", que ele sempre entendia como uma ordem expressa para contar tudo o que havia acontecido e um adicional de um relatório detalhado de como ele planejava ser o dia.
Bom dia, tudo certinho? ㅡ Meu Deus, ela o olhava com tanto amor, mas tanto que Izumi tinha vontade de sair correndo.
Tudo bem sim, Alê, e como você tá? ㅡ Mesmo ainda morrendo de sono, ele percebeu que tinha algo que ela não falou, mas que provavelmente ele teria que adivinhar e contar. Mas não agora.
To bem... um pouco de sono ainda, mas tenho que dar uma lida em algumas coisas pra mais tarde... Cê já tá indo trabalhar? Aconteceu alguma coisa? ㅡ Sandra o olhava como alguém que deveria ter alguma resposta.
Na verdade eu tô voltando, faço um almoço pra você esquentá depois?
Pode ser. ㅡ Alê sorriu, apoiou a mão em seu ombro para poder ir para o quarto que cheirava a todos os cheiros de um adolescente estocados em um mesmo lugar.
Okay, então, você daqui a pouco vai pra cozinha e prepara um café pra gente? ㅡ Com "daqui a pouco", Alê sabia exatamente quanto tempo ele teria para ficar no quarto, menos de um minuto.
Okay. ㅡ Ele então fez a única coisa que ela mais esperava o dia todo para chegar. Ele estendeu os braços e a abraçou no abraço mais apertado e carinhoso do mundo.
Fazer o almoço de fim de semana era a coisa mais simples em casa. Uma salada com alface e legumes cozidos, e uma lasanha feita no micro-ondas era o suficiente. Sandra pegou as folhas de alface e as lavou separadamente. Depois ralou algumas cenouras e as cortou, assim como algumas batatas. Separou uma panela pequena, colocou água, e pôs no fogo alto. Enquanto isso, Alê passava por trás e pegava algumas bolachas, pão de forma, requeijão, geléia, manteiga, facas, e o açúcar, e preparava a cafeteira. Que era o mais essencial para os dois.
Sandra colocou os legumes para cozinhar e adicionou um tempero pronto para dar um gosto a mais. A lasanha ainda estava descongelando. Alê ficou na sala-copa, então ela esperou a cafeteira terminar de passar o café, separou duas xícaras, colocou aquela delícia em forma de líquido e foi até a mesa com seu filho. O menino estava mexendo no celular, mas deixou de lado quando ela se sentou.
Eaí, como foi ontem? ㅡ A mãe passava geléia no pão, enquanto fazia esforço máximo para ser amigável.
Ah, foi o mais do mesmo, tirando que era a sala inteira no mesmo lugar, então algumas coisas foram bem engraçadas, ㅡ Ele colocou açúcar em seu café após dizer isso. ㅡ Mas não sei, o pessoal não é muito ligado, então cada grupinho fico na sua.
Mas valeu a pena? ㅡ Ela realmente se importava com ele se divertir, aquele estava sendo um ano bem estressante. Céus, esse café estava muito bom, também, bem forte, ela adorava quando Alê fazia o café.
Valeu. Valeu sim. Foi a última vez antes da formatura, né? Foi bom todo mundo tá comemorando junto. Mas ainda assim teve algumas brigas...
O que aconteceu? ㅡ Aquele era o momento, esse era o pulo do gato.
Ah, o Leandro como sempre foi se um escroto, só que dessa vez ele mexeu com a Gi, e ela não tava com paciência não, foi interessante ver ele virar as costas e ainda tenta sai por cima.
Quem é Gi? É a do balé? ㅡ O assunto não tinha ido para a parte interessante, mas okay.
Essa mesmo.
Nossa, mas ela parecia tão tranquila quando conheci ela. ㅡ Ele esboçou um riso.
Se tem uma coisa que ela não é, é tranquila. Com nada.
Caramba. ㅡ Os dois riram. Mas Alê ficou sério.
Outra coisa que aconteceu foi uma briga com a La e a Valentina...
Valentina é aquela que começo a ir pra academia? A loirinha?
Essa mesmo, eu não entendi o que aconteceu, parece que ela fico com ciúmes do Rian conversar com a La... ㅡ Então o motivo dela sair da casa foi por uma briga, ela precisava relatar isso. ㅡ Daí a La saiu da casa e todo mundo foi tentar fazer ela voltar, mas já tinha um carro esperando ela, e ela foi embora. Até agora ela não me respondeu, na verdade não respondeu ninguém... Mas ela é assim mesmo, sempre dá uma sumida, aposto que ainda tá dormindo, daqui a pouco ela me responde. ㅡ Ele sorriu certo de que a amiga estava bem... Sandra se conteve para ele não ver seus olhos marejarem. Se levantou da mesa.
Vo ver a lasanha.
Mas você mal tomo o café, tá tudo bem lá na delegacia?
Nada que você precisa se preocupar, okay?
Okay. ㅡ Enquanto ela saia, ele puxou o celular e voltou a ver o que ele tanto lia. Em poucos minutos ele ficaria devastado, ela sabia disso.
Ahn... Mãe? ㅡ Ela ouviu ele se levantar. Pronto. Ela teria que encontrar forças por ele.
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Anamnese.
Misterio / SuspensoO jogo de morte dos assassinos Veneza e Monstro, de três anos atrás, marcou para sempre a vida de quem vivenciou os casos. Agora, com a morte de uma adolescente, todos se perguntam se os horrores do passado estão voltando para os assombrar.