Beijar a boca amarga de cigarro do Rian, era como se envenenar com o sentimento mais ardente e tenro, do qual Laísa achou que nunca sentiria se fosse beijar outra pessoa. E lá estavam eles em um canto coberto contra o sereno da noite e mais privado da festa que se seguia a poucos passos dali. Rian era bem alto, mas La, como gostava de ser chamada, era uma menina acima da média de altura, o que deixava ele somente alguns poucos centímetros mais alto que ela, e isso era o suficiente para ela realizar o sonho de ser beijada como as atrizes que ela via desde pequena.
Ele a segurava com uma intensidade sacana e protetora, era como se fosse uma armadura à prova do mundo, que a envolvia pedaço a pedaço pelo toque daquelas mãos brutas, e delicadas. Os braços dela se fechavam como uma tesoura na nuca dele, trazendo o rosto do rapaz para mais perto, os lábios carnudos dela se encaixavam deliciosamente com os lábios finos dele, e os narizes se brindavam. Quando abriam os olhos para respirarem novamente, era como se estivessem se afogando nas paisagens mais lindas que já haviam visto.
Vamos volta pra festa, Ri... ㅡ Ela tinha esse sorriso acanhado e irresistível e quando olhava para os olhos dele, era como se não houvesse para onde correr, ou se esconder, ela o tinha na mão, e isso era tão bom.
Tenho uma outra ideia, La. ㅡ O sorriso dela sumiu, mas era só um reflexo de sua mente tentando prestar mais atenção. ㅡ E se a gente for pra minha casa? ㅡ Ela inclinou a cabeça como que se assim fosse melhor para pensar.
Mas seus pais não estão lá?
Eles tão viajando, voltam daqui uns dois dias
Pode ser... Mas a gente tem que se despedir do pessoal...
E antes disso ficarmos um pouco pra não ficar muito chato, certo? ㅡ Ela abriu um sorriso gigantesco.
Exatamente. ㅡ Ele sorriu e deu uma piscadela.
Te conheço bem demais, La. ㅡ Rian pegou na mão dela e juntos saíram de trás da parede que os separava do lavabo externo e foram para a edícula que era de frente para a piscina.
Sentados na única mesa de lá, estavam Valentina e seu namorado, Guilherme. Ela com seu cabelo chanel e agora castanho escuro, a voz estridente e corpo extremamente magro, mas não um magro "Você precisa comer", um magro natural. Tinha os ossos pequenos e finos, o que permitia não parecer uma doente terminal. Enquanto ele tinha o corpo atlético. Os dois eram um casal bem bonito. De costas para La e Rian, estavam o corpulento Leandro, ou Le, se fossem íntimos, e Luciano, com seus cabelos enrolados, curtos e loiros. De frente para eles, Murilo estava mexendo no celular com sua touca, como sempre puxada sobre a cabeça. La tinha uma teoria de que ele dormia por pelo menos uma semana com aquela roupa, e só tirava quando o corpo começava a coçar e desenvolver alguma alergia causada pelo suor e a sujeira.
Eaí seus safados, ㅡ A voz da Valentina ficava ainda mais insuportável quando ela tentava provocar. ㅡ bejaram muito? ㅡ La só deu um risinho amigável, mas queria era colocar ela no devido lugar.
Não tanto quanto a gente queria, mas deixar vocês aí ficaria meio chato, né? ㅡ Ri sempre tinha o controle para se esquivar dessas perguntas capciosas, o que era muito bom, quando não era Laísa do outro lado da conversa.
E vocês acham que a gente se importa com vocês ficarem aqui ou se comeno nos cantos? ㅡ Como sempre Leandro foi bruto e incisivo.
Bom, se for pensar que a casa é da Laís, e ela ficaria chateada, então sim, a gente penso que sim. ㅡ La já não tinha tanto cuidado em responder os meninos, eles tinham essa intimidade bruta. Eles não fariam disso uma oportunidade para criar situações futuras incômodas.
A Laís tá loca já. ㅡ Realmente, mesmo pequena, a Laís deu um jeito de subir na bancada da churrasqueira e estava dando gargalhadas e quase caindo. Juntas dela estavam Renata e Maya, ambas também um pouco bêbadas, mas não tanto.
Vô ali com elas ㅡ La saiu, mas não antes de dar um beijinho no rosto de Rian que estalou os lábios.
Laís ria e gargalhava enquanto repetia algumas palavras. Renata e Maya só se olhavam e riam ainda mais da risada da amiga. Sentado no chão escondido estava Izu, um menino que não se encaixava muito bem com o grupo em geral, mas como era sempre amigável, acabava sendo chamado. Ele não gostava de beber muito, raramente bebia. Então ficava conversando com a Renata, às vezes até com Laísa, mas não era muito de se enturmar. Na verdade, Laísa tinha certeza de que ele era o backup em caso de alguém ficar muito bêbado ou chapado, para, então, proteger o pessoal ocupando os pais com suas conversas. Ele era realmente bom nisso. E agora estava lá se divertindo um pouco com a situação.
Eai gente, o que tá acontecendo? ㅡ Sorrindo, Laísa podia sentir o estresse ir embora, e certamente compartilhar da leveza daquele outro grupo ajudava.
A loca da Laís que não para de fala merda ㅡ Relatou Maya, que com certeza era a pessoa mais feliz e com a melhor auto-estima do grupo, talvez da sala. Ela tinha os cabelos crespos e alisados pretos como a noite, seus olhos eram duas esferas chocolates, e sua pele negra e clara, parecia tão lisa e suave quanto seda. La se impressionava com sua beleza.
Amiga! Eu tô locona! Olha isso! Uh-Uh-Uh! ㅡ Laís pulava com o corpo em cima da onde estava, enquanto continuava a fazer esses sons, e fazer fusquinha, e rir da situação, enquanto jogava seus longos cabelos lisos e pretos para os lados, quase derrubando seus óculos.
Como tava lá com o Ri, hein? ㅡ Renata soltou um sorriso, menos julgador, muito menos, e infinitamente mais amigável que o de Valentina. Seus cabelos eram um pouco menos crespos que o de Maya, porém ela deixava seus cachos. Sua pele era pálida e sua boca pequena exaltava ainda mais os seus dentes grandes e saudáveis. La também a achava linda, principalmente por sua doçura.
Ah, a gente deu uns beijos e decidiu ir embora daqui a pouco... Como tá aí, Izu? ㅡ O menino acenou. Laísa gostava de conversar com ele quando dava, ele era um rapaz legal.
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Anamnese.
Mystery / ThrillerO jogo de morte dos assassinos Veneza e Monstro, de três anos atrás, marcou para sempre a vida de quem vivenciou os casos. Agora, com a morte de uma adolescente, todos se perguntam se os horrores do passado estão voltando para os assombrar.